INVENTÁRIO DA PELE

28/abr

A mostra “INVENTÁRIO DA PELE – Fotografia Contemporânea Brasileira”, exposição coletiva sob curadoria de Eder Chiodetto, que a SIM Galeria, Batel, Curitiba, Paraná, apresenta, tem a intenção de investigar a forma como artistas revisitam a história das técnicas de ampliação para expandir o território de possibilidades de expressão pela fotografia. Unidos pela obstinação com que pautam suas pesquisas técnicas, os nove artistas selecionados para a mostra compreendem a fotografia fora de seu lugar-comum, utilizando-se de inúmeras estratégias poéticas para travar um diálogo com sua história e sua apresentação ao longo dos anos. Jornalista, curador independente e responsável pelo Clube de Colecionadores de Fotografía do MAM, de São Paulo, Chiodetto é Mestre em Comunicação pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. Ele explica a escolha do título: “Inventário da Pele” investiga o legado da fotografia, os avanços técnicos e conceituais dessa linguagem que ocorre em sobressaltos, recuos e retomadas numa história que se desenvolve de forma elíptica. A pele é a metáfora da superfície, da película, da epiderme da fotografia que os artistas nessa mostra reelaboram e recriam de acordo com suas necessidades para alcançar determinadas atmosferas nas suas representações”. Na mostra apresentada podem ser observadas as “…estratégias de corte e colagem de Cássio Vasconcellos e Julia Kater; nas séries de daguerreótipos de Cris Bierrenbach; ou nas ampliações artesanais feitas por Kenji Ota…trabalhos imbricados com outras linguagens, como nas obras de Tony Camargo e Romy Pocztaruk, que se situam em “zonas de intermédio” com a pintura e o vídeo, respectivamente…a obra de Rosângela Rennó, impressa em chapas de inox, mostra pessoas segurando retratos de parentes desaparecidos. Conteúdo e forma se unem para criar um verdadeiro “campo de batalha das representações”, como define Chiodetto. E ainda Cristiano Lenhardt, em “…sua série de dobraduras feitas com papel fotográfico expostos à luz e Leticia Ranzani, com delicadíssimas paisagens impressas em saquinhos de chá usados”, completam o grupo de artistas da mostra.

Até 02 de junho.

PINTURAS DE CRISTINA CANALE

27/abr

Cenas cotidianas ou fragmentos delas serviram de inspiração para os onze trabalhos inéditos de Cristina Canale, na mostra “Pars Pro Toto”, do latim: “Parte pelo todo”, em cartaz na Galeria Silvia Cintra + Box4, Gávea, Rio de Janeiro. Com traços bastante singulares, onde os elementos figurativos aparecem sempre à beira de uma iminente dissolução na abstração, a artista levou um ano para concluir este projeto. As seis pinturas em técnica mista sobre tela reúnem uma ampla variedade de cores, e ilustram momentos do cotidiano. “Mostro imagens fragmentadas, como no caso da raposinha, de “Good Bye Lógica”; cenas de um ângulo que indicam uma narrativa, como nas telas “Desfile” e “Par”; ou a figura que se funde no contexto, como o vestido da menina em “Mimetismo”, explica a artista. Ainda completam a exposição cinco obras sobre papel, todas feitas com a técnica touché, em que a artista utiliza nanquim colorido. Nestes trabalhos, ela joga com a ideia de ausência e presença, visível e invisível. “Os papeis dialogam com as pinturas, mas propõe uma outra sensibilidade de material e forma de lidar com a imagem”, diz a artista. Cristina Canale é formada em desenho e pintura pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Sua primeira participação em exposições foi em 1984, na coletiva “Como Vai Você, Geração 80?”.  A partir desta mostra ela passou a fazer parte de um dos núcleos mais consistentes e conhecidos da retomada da pintura no Brasil. Em 1991 recebeu o Prêmio Governador do Estado, na XXI Bienal Internacional de São Paulo. Cristina Canale mudou-se para a Alemanha em meados da década de 1990, onde estudou na Academia de Artes de Düsseldorf sob a orientação do artista conceitual holandês Jan Dibbets. Entre as exposições mais recentes no Brasil, estão as individuais no Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, em 2007, e no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 2010, além da participação na Bienal de Curitiba, em 2011.

Até 18 de maio.

SÉRGIO CAMARGO NO MON

Quarenta e seis obras, 26 delas tridimensionais, além de desenhos e estudos, compõem a exposição “Percurso escultórico”, exposição de Sergio Camargo, com curadoria de Paulo Venâncio Filho no MON – Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, Paraná. Sergio Camargo é um dos mais importantes e premiados escultores brasileiros. Durante décadas de intensa atividade, o artista submeteu a sua produção a júris, em salões e bienais, e foi reconhecido – no Brasil e no exterior. Participou da IV Bienal Internacional de São Paulo, em 1957, e do IX Salão Nacional de Arte Moderna, em 1960. Realizou exposições na Itália, Venezuela, Estados Unidos, Alemanha, França e  em diversos países. Nesta exposição, será possível acompanhar parte significativa da trajetória do artista. Desde as esculturas da década de 1960, os cilindros inclinados de madeira, passando pela produção dos anos 70, os chamados sólidos móveis em mármore, até as realizações de 1980, período no qual ele utilizou um tipo especial de mármore duro, o Negro-Belga. A diretora do Museu Oscar Niemeyer, Estela Sandrini, destaca, entre as obras da exposição, “Homenagem a Brancusi”. “É uma peça de 1968, que Camargo fez em homenagem ao romeno Constantin Brancusi, pioneiro da escultura abstrata. Camargo conviveu com Brancusi, e essa obra revela a admiração de um artista por outro. É um diálogo entre dois olhares”, diz Estela.

Até 29 de julho.

SETE JOVENS NA MURILO CASTRO

26/abr

São em número de sete os jovens artistas em exposição na Galeria Murilo Castro, Savassi, Belo Horizonte, MG, que participam da mostra “Somatório Singular”, cuja curadoria traz a assinatura de Cristina Burlamaqui. Com total conhecimento da herança neoconcreta e com aquele saudável frescor carioca, eles ativam um novo olhar sobre a arte contemporânea. Há um confronto com o cotidiano, a vivência da cidade, do bairro, com todo seu burburinho de carros, ruas movimentadas, música. Entre os artistas está Alexandre Mazza, que por muitos atuou como músico autodidata. Com uma trajetória recente, mas consciente das questões contemporâneas, atua em projetos de apuro técnico e científico nos quais transparece uma experiência estética de delicadeza e força. Bruno Miguel está ligado à paisagem urbana, a qual o artista explora como um desafio que vai além do quadro. Seus trabalhos são expansões da pintura ou transbordamentos dos limites do quadro para o espaço real. Carolina Martinez, Gabriela Maciel, Marcelo Jácome, Maria Lynch e Noé Klabim são os outros artistas que têm suas obras expostas em “Somatório Singular”. A mostra não apresenta uma temática, mas sim a liberdade de cada poética, um convite instigante à descontração e ao surpreendente.

Até 26 de maio.

RANULPHO 44 ANOS

 

A galeria Ranulpho, Bairro do Recife, Recife, PE, completou 44 anos de atividades profissionais. Mariana Albuquerque, neta do fundador da casa, doutoranda em Comunicação e Semiótica, aponta no catálogo comemorativo: “Ser um marchand vai muito além de vender e/ou comprar obras de arte. Vai muito além de ser um negociante. Ser um marchand é ter uma vida dedicada às artes, vida essa que  perpassa oitenta anos. É saber lidar com o sensível e com o inteligível juntos, e às vezes separados. Ser um marchand é acreditar no poder das artes plásticas, mesmo quando muitos o consideram um visionário. Ser um marchand é fazer da experiência da vida um percurso de cores mil. Há 44 anos. E nessa data comemorativa, a Galeria Ranulpho nos presenteia com uma exposição, como nunca dantes feita, cujo acervo contempla 44 obras de arte. Para cada ano de vida da Galeria Ranulpho, uma obra de arte. Nada mais justo. E se a “história da arte se mistura à história do homem”, a sua história certamente se mistura à um capítulo da arte brasileira. Face a efemeridade da vida, que se faça eterno o seu legado. Que venham mais anos. Ganho eu, ganha a cidade”. Para comemorar e assinalar a data, foram reunidos importantes nomes da pintura brasileira em mostra coletiva. A mostra, denominada “Exposição 44″, apresenta 44 obras de artistas tradicionais na história da galeria, entre eles: Scliar, Rebolo, Juarez Machado, josé Paulo, Siron Franco e os pernambucanos: Reynaldo Fonseca, João Câmara, Lula Cardoso Ayres, Virgolino, os irmãos Fédora e Vicente do Rego Monteiro, Brennand, Zuleno, Mário Nunes, Anete Cunha e Alcides Santos.

Até 18 de maio.

ARTE CONSTRUTIVA NA COLEÇÃO FADEL

23/abr

O Museu Nacional do Conjunto Cultural da República, Setor Cultural Sul, lote 2, Esplanada dos Ministérios, Brasília, DF,  apresenta a exposição “Geometria da Transformação Arte Construtiva Brasileira na Coleção Fadel”. São 142 obras de 55 artistas entre pinturas, desenhos, gravuras e esculturas, compreendendo o período que vai do início da década de 1950 ao final da década de 1980. A Coleção Hecilda e Sergio Fadel é uma coleção privada que reúne significativas obras de arte realizadas entre os séculos XVII ao XXI. A seleção apresentada nesta exposição, de forma inédita, é um amplo panorama da arte construtiva no Brasil. A exposição está dividida em cinco núcleos de representação: Atelier Abstração, Grupo Ruptura e Concretismo, Grupo Frente e Neoconcretismo, os artistas geométricos não vinculados a grupos e a segunda geração construtiva.

 

Atelier Abstração

Criado por Samson Flexor, o Atelier-Abstração é um dos espaços mais importantes de formação artística na cidade de São Paulo na década de 1950. O artista faz da sua casa, um ateliê onde reúne um grupo de jovens para pintar e desenhar.

 

Grupo Ruptura e concretismo

Em dezembro de 1952, no Museu de Arte Moderna de São Paulo é inaugurada a exposição que marca o início oficial da arte concreta no Brasil. Intitulada “Ruptura”, e acompanhada de um manifesto. A mostra é concebida e organizada por um grupo de artistas em sua maioria de origem estrangeira e residentes em São Paulo, e o manifesto é redigido por Waldemar Cordeiro e diagramado por Leopoldo Haar. Cordeiro, artista de origem italiana, é o porta voz do grupo e principal teórico do movimento concreto paulista. Em termos gerais, o grupo defende a autonomia de pesquisa com base em princípios claros e universais, capazes de garantir a inserção positiva da arte na sociedade industrial. Para um artista concreto, o objeto artístico é simplesmente a concreção de uma ideia perfeitamente inteligível, cabendo à expressão individual lugar nulo no processo artístico. Para eles, toda obra de arte possui uma base racional, em geral matemática, o que a transforma em “meio de conhecimento dedutível de conceitos”. Por volta de 1959 o Grupo Ruptura começa a se dispersar.

 

Grupo Frente e neoconcretismo

Marco histórico do movimento construtivo no Brasil, o Grupo Frente, sob a liderança do artista carioca Ivan Serpa, um dos precursores da abstração geométrica no Brasil, abre sua primeira exposição em 1954, na Galeria do IBEU, no Rio de Janeiro, sendo a maioria dos artistas seus alunos. Apesar de informados pelas discussões em torno da abstração e da arte concreta, com obras que trabalham, sobretudo no registro da abstração geométrica, o grupo não se caracteriza por uma posição estilística única, sendo o elo de união entre seus integrantes a rejeição à pintura modernista brasileira de caráter figurativo e nacionalista. Para os artistas do Grupo Frente, a linguagem geométrica é, antes de qualquer coisa, um campo aberto à experiência e à indagação. A independência e individualidade com que tratavam os postulados teóricos da arte concreta estão no centro da crítica que o grupo concreto de São Paulo faz ao grupo.

 

Concretos x Neoconcretos

Contando também com o apoio dos poetas concretos paulistas os concretos de São Paulo organizam a 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta, com a colaboração do grupo carioca, ocorre em dezembro de 1956 no MAM-SP e em fevereiro de 1957 no Ministério da Educação e Cultura (MEC) no Rio de Janeiro e torna evidente a distância entre os dois núcleos concretistas. Sua repercussão, tanto por parte do público quanto dos artistas, marca o início de uma nova fase da arte concreta brasileira, exigindo dos artistas cariocas uma tomada de posição mais definida diante das ideias veiculadas pelos concretos paulistas. A exposição também ajuda a revelar a amplitude que a arte abstrato-geométrica de matriz construtiva e concreta, havia adquirido no Brasil. Após a mostra, o Grupo Frente simultaneamente rompe com os artistas de São Paulo e começa a se desintegrar. Dois anos depois, alguns de seus integrantes iriam se agrupar para iniciar o Movimento Neoconcreto um dos mais significativos da arte brasileira. A ruptura neoconcreta na arte brasileira data de março de 1959, com a publicação do Manifesto Neoconcreto, assinado por seus integrantes e deve ser compreendida a partir do movimento concreto no país, que remonta ao início da década de 1950 e aos artistas do Grupo Frente, no Rio de Janeiro, e do Grupo Ruptura, em São Paulo. A cor, recusada por parte do concretismo, invade a pesquisa neoconcreta nas obras de artistas como Aluísio Carvão, Hélio Oiticica, Hercules Barsotti e Willys de Castro.

 

A exposição encerra com os artistas geométricos não vinculados a grupos e a segunda geração construtiva. Um catálogo trilíngue, português, francês e inglês, será editado para acompanhar a exposição. Com textos do crítico de arte Roberto Conduru, do colecionador Sergio Fadel, do Secretário de Cultura do Distrito Federal Hamilton Pereira e do diretor do Museu Nacional, Wagner Barja, o catálogo apresenta ainda reproduções das obras apresentadas na mostra.

O serviço de educação desta exposição está sob responsabilidade da educadora e escritora Nereide Schilaro Santa Rosa.

 

De 25 de abril a 24 de junho.

AS CORES VIBRANTES DE TOZ

Seleção Natural - Toz

A nova exposição individual de Toz, ” Vendedor de Alegrias “, encontra-se em exibição na Movimento Arte Contemporânea, Shopping Cassino Atlântico, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ. Na fase atual, o artista abre um novo caminho – mais diurno -, e com isso, surge o personagem “Vendedor de Alegrias”, mais leve e colorido. Exibidas em primeira mão, serão ao todo sete telas em grande formato e ainda, uma instalação com um boneco, que representa o novo personagem, em tamanho natural todo feito de tecidos estampados e lisos costurados. A instalação também conta com bolas presas por uma rede, tal como o vendedor de rua faz. Segundo a crítica e curadora da mostra Isabel Portella, a nova fase do Toz tem ares festivos. ” Seu novo trabalho é alegre e pede um olhar menos coloquial”, observa a curadora, que também assina o texto da exposição. “Vendedor de Alegrias”, que é inspirado nos vendedores de bolas muito encontrados nas ruas cariocas. Nessa mostra, a intenção é mostrar o novo personagem numa linguagem quase que “tridimensional” onde Toz utiliza o tradicional spray e, continua com a sua incansável pesquisa de materiais investindo no glitter, purpurina e na tinta acrílica para caracterizá-lo. O novo personagem tem momentos “meditativos” como é o caso da tela ” Super Proteção” e pode levar o visitante para dentro de seu mundo, como o trabalho ” Seleção Natural “. A criação desse novo personagem marca o início de uma nova etapa na obra de Tomaz Viana, que passa a trabalhar com novos padrões que dão ao seu trabalho uma linguagem mais artística, autoral e cada vez menos “grafiteira” com uma nova cartela de cores mais vibrantes.

Até 05 de maio.

INDIVIDUAL DE ALEX TOPINI

19/abr

A Cosmocopa Arte Contemporânea, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, abre a exposição “A VENDA”, individual do artista Alex Topini que articula “…imagens com palavras, expressões e símbolos da cultura visual de massa, …cria jogos e associações, agindo criticamente sobre os processos de recepção e circulação da arte enquanto mercadoria”. Na exposição “A VENDA”, o artista apresenta trabalhos que “…tem como eixo poético a intervenção crítica na economia política da arte, investigando as relações entre arte e vida, os limites entre entre o colecionismo e o consumo, entre objeto e produto”.

A exposição ficará em cartaz de 22 de abril a 22 de maio.

EXUBERÂNCIA CROMÁTICA

Fernando Araújo

 

A exposição individual do artista plástico Fernando Araújo, “A dimensão do afeto”, acontece no Espaço Cultural Citi, Paulista, São Paulo, SP. Araújo recebeu texto sobre seu trabalho assinado pelo crítico de arte Jacob Klintowitz. Assim refere-se Klintowitz: “Na primeira hora do dia a passagem do carro do sol ilumina o jardim das cerejeiras. Os dedos violetas da aurora tingem o horizonte e é como se Dionísio impregnasse a terra com o prazer da vida. Onde se ocultaram os pressentimentos da noite? É possível que esta introdução, construída a partir dos títulos de algumas pinturas de Fernando Araújo, indique com clareza o universo poético e as emoções de onde emerge a sua pintura. Ou, ao contrário, ao invés da origem, esta escrita aponte para que lugar e associações somos conduzidos. Origem ou destino – não são antípodas e excludentes e podem existir ao mesmo tempo – o que fica claro é a dimensão afetiva e sutil onde atua o artista. Em Fernando Araujo o mais significativo, o que comove em primeiro lugar, é o percurso da expansão emotiva ao gesto intencional, justo e em seqüência. O que antes, em fase anterior, era a manifestação imediata da necessidade expressiva do artista, agora é a organização do universo pictórico sensível. Fernando Araújo é essencialmente um pintor e a ação se passa no seu diálogo com a cor e na correspondência entre o gesto e a emoção. É exemplar deste caminho o título de sua última mostra, “Antes de tudo”, e o da atual, “A dimensão do afeto”. Esta exposição reúne as partes pictórica e gráfica do artista e, ainda que a visão de mundo seja a mesma, em cada uma delas o artista experimenta aspectos diferentes de sua personalidade. Na pintura temos o gesto, a exuberância cromática, o percurso da emoção. E nela se exercita o trato imediato e intuitivo que a pintura pode proporcionar.Na parte gráfica, Fernando Araújo vivencia o gosto dos materiais, a textura do papel, a resistente dureza da matriz, o entintamento do rolo, as diversas provas de máquina em diferentes cores. E certo fascínio pelo Oriente e a sensualidade dos púrpuras e das dobras dos tecidos. Além de uma iconografia feita de signos e relevos. Febo,Dionísio, Aurora, Perséfone. Mitos e memórias de uma terra incógnita.Noturno na terra de outrora. Do carro do sol vemos apenas o esplendor, pois a sua passagem pelo céu acende o dia e todas as coisas se tornam formas aos nossos olhos. Nada se escuta, mas isto não é necessário, pois nos basta a sensação de que o mundo renasceu”.

De 23 de abril a 15 de junho.

BARRIO EM PORTUGAL

17/abr

Artur Barrio regressa ao Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Porto, Portugal, com a exposição “… navegações/divagações … por entre escolhos  e baixios…”. Barrio usará a sala central do Museu de Serralves, reinventando-a com um novo projeto  especificamente concebido para este espaço, transformando-a ao longo de várias semanas, antes e depois da sua abertura ao público.

A obra de Barrio surpreende pelo modo como o artista constrói situações efêmeras onde a experiência da vida e da arte se cruzam na subversão  do lugar de apresentação da obra de arte e no desafio à condição do espectador. Este vê-se provocado a abandonar a sua passividade e a  descobrir e a interpretar cada projeto do artista como uma experiência física e conceitual, que ampliará a sua percepção e conhecimento do mundo.  Em muitos projetos de Barrio, materiais orgânicos perecíveis como o pão, o peixe, a carne, o vinho, a água e o café são combinados com textos,  desenhos e fotografias na proposição de novas experiências do sensível e do cognoscível. O lugar, o tempo e os discursos da arte são muitas vezes objeto de crítica nos trabalhos do artista, quando desvinculados de uma experiência humana do mundo que conjugue de modo singular a  simplicidade dos elementos e a complexidade das ideias. O artista tem desenvolvido um modo muito pessoal de documentar as suas  ações e situações através de registos como o texto, a fotografia, o livro de artista, o filme ou o vídeo. Essa relação muito particular entre o registo e a  situação que o origina tem vindo a ser reconhecida em múltiplas exposições internacionais onde o seu trabalho tem sido apresentado.  Sendo um dos protagonistas de um contexto artístico que, no Brasil, contribuiu decisivamente para uma crítica do modernismo e uma redefinição  da obra de arte, a obra de Barrio tem sido divulgada internacionalmente, desde a célebre exposição “Information”, que o MoMA, Nova Iorque, apresentou em  1970, até recentes participações na XI Documenta de Kassel em 2002, na 29ª Bienal de São Paulo, 2010, ou na 54ª Bienal de Veneza,  2011, onde representou o Brasil. O Ministério da Cultura de Espanha agraciou-o em 2011 com o Prêmio Velásquez, pela sua “poética radical”, na  qual se verifica “a aparição de uma beleza inesperada”. O regresso de Artur Barrio a Serralves constitui também um regresso  à apresentação do seu trabalho no Porto, cidade onde nasceu a 1 de fevereiro de 1945. Entre Portugal e o Brasil, entre a Europa e a América do  Sul, a vida e a obra de Artur Barrio conjugam também a errância, a viagem, o oceano e a constante redescoberta de si e dos outros, por quem é muitas vezes visto como português no Brasil ou como brasileiro em Portugal. O Museu de Serralves tem, desde a exposição “Regist(R)os”, realizada  em 2000, até hoje, continuado a trabalhar com o artista, desde o projeto gorado de uma viagem de navegação entre o Rio de Janeiro e o Porto até “… navegações/divagações … por entre escolhos e baixios…”. Por ocasião desta exposição, será publicado um novo livro que a  documentará, realizado em colaboração com Artur Barrio e Cristina Motta, com textos da autoria do próprio artista, assim como de Moacir dos Anjos,  Óscar Faria e João Fernandes.

Até 01 de julho.