Lucia Laguna na Fortes Vilaça

12/jun

A Galeria Fortes Vilaça, Vila Madalena, São Paulo, SP, apresenta a primeira exposição individual de Lucia Laguna em suas dependências. A mostra, que recebeu o título geral de “Jardim”, traz pinturas inéditas em acrílica e óleo, tendo como ponto de partida a paisagem cotidiana da artista.

 
A pintura de Lucia Laguna retrata o seu entorno: a paisagem do subúrbio do Rio de Janeiro, a arquitetura informal do bairro, o próprio atelier e o jardim de sua casa. São recortes apresentados de forma velada, quase abstrata, uma sobreposição de formas, linhas e campos de cor com elementos figurativos.

 
Lucia Laguna desenvolve uma técnica de trabalho única, em que imagens são produzidas em tinta acrílica por seus assistentes, seguindo diretrizes apontadas por ela, que passa então a consumi-las ou desconstruí-las usando tinta a óleo. São composições onde o processo da pintura parece nunca terminar, a imagem permanece viva e mutável diante de nossos olhos. A pintura não é apenas fruto da observação, mas igualmente de uma prática empírica de justaposição e reprocessamento de imagens do dia-a-dia gerando um acúmulo de memórias.

 
O jardim das telas de Lucia é urbano e carioca. Mostra-se misturado à pedras e vasos, os morros são tomados por casas e os quintais são cheios de entulho. Em “Jardim nº 11”, por exemplo, vemos apenas uma mesinha com casas ao fundo, não há verde na tela. A artista deixa grandes áreas cobertas por massas de tintas que vão do creme ao amarelo, dando a impressão de um campo ainda por ser preenchido. É um convite ao espectador para que projete suas próprias imagens sobre o acúmulo de memória resguardado sob o corpo da cor.

 
Já em “Jardim nº 10”, uma tela horizontal em grandes dimensões, a artista nos oferece um  panorama pessoal da cidade que habita. O verde de plantas e árvores aparece por entre esboços de casas e vasos, como se olhássemos pela janela de uma casa de um centro urbano onde tudo está sempre em permanente movimento.

 

 

 

Sobre a artista

 

Lucia Laguna nasceu em Campo dos Goytacazes, RJ, em 1941. Forma-se em Letras em 1971 passando a lecionar língua portuguesa. Em meados dos anos1990 a artista frequenta cursos de pintura e história da arte na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro. Faz sua primeira individual em 1998. Participa do Panorama de Arte Brasileira, MAM-SP em 2011, faz parte do Programa Rumos Artes Visuais, edição 2005/2006, do Instituto Itaú Cultural e em 2006 ganha o Prêmio CNI SESI Marcantônio Vilaça. Sua obra está na coleção do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e MAM de São Paulo, Museu Nacional de Brasília, entre outros. Recentemente participou da 30ª Bienal de São Paulo que atualmente itinera pelo interior do estado.

 

 

De 22 de junho a 03 de agosto.

ART NOUVEAU E ART DÉCO

Será celebrada no Espaço Cultural Península, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ, a entrada do século XX na Modernidade. Patrocinada pela Carvalho Hosken a exposição “Art Nouveau e Art Déco: Estilos de Sedução” vem revelar a criatividade destes estilos. Ocupando 500 m² será um aprofundamento da mostra que inaugurou o Espaço em 2006, “A Casa Art Déco Carioca”. A curadoria é de Márcio Alves Roiter, leia-se Instituto Art Déco Brasil, mostrará – através de mais de 250 esculturas, objetos, móveis, projeções, filmes – como o Art Nouveau, em 1900, e o Art Déco, em 1925 foram definições pontuais do “Estilo Moderno”.

 

Distribuídos nos quatro principais ambientes a exposição apresentará:

 

 

Art Nouveau, uma grande coleção de vasos e luminárias Gallé,  o armário-vitrine com mais de 3 metros de altura da extinta “A Torre Eiffel” à rua do Ouvidor e assinado por Antonio Borsoi, mesmo designer da Confeitaria Colombo, abrigando extensa variedade de objetos em prata WMF, a raríssima escultura-luminária Loïe Fuller em bronze dourado.

 

 

. o momento consagrador do Art Déco – a Exposição Internacional das Artes Decorativas e Industriais Modernas, Paris, 1925 – visitada por mais de 15 milhões de pessoas, e que definiu o estilo na sua forma mais conhecida. São interpretações dos temas preferidos do Art Nouveau, tratados de forma geometrizada, inspiradas no cubismo, futurismo e expressionismo Será exibida a maior coleção de esculturas em bronze e marfim até hoje vista no Rio, assinadas pelos grandes mestres Chiparus, Preiss e Colinet, entre muitos outros.

 

 

. a vertente “Streamline” (Aerodinâmica), de design inovador, que tomou emprestada às máquinas uma estética depurada e vanguardista, na arquitetura deixou muitos exemplos no Rio de Janeiro, inspirados nos transatlânticos dos Anos 1920-1950, como os edifícios Embaixador,  à Av. Atlântica, e Ipú, à rua do Russel. Apresentaremos inédita memorabilia do “paquebot” Normandie, o mais luxuoso da época, e que em 1938 e 1939 veio ao Rio em cruzeiros de Carnaval, saindo da sua clássica rota do Atlântico Norte.

 

 

. o Art Déco “Nativista”, genuinamente brasileiro, inspirado nas nossas origens indígenas, sintonizado com a Semana de Arte Moderna de 1922 em São Paulo. “Tupy or not Tupy”, lema de Oswald de Andrade, criador dos manifestos Pau-Brasil e Antropofágico, ambos da década de 1920. Inéditas no Brasil, veremos 40 pranchas em aquarela, guache e nanquim do franco-alemão August Herborth, egressas dos álbuns “Guarany”, criados entre 1920 e 1930, a partir de desenhos indígenas, e procedentes da Coleção Berardo, de Lisboa.

 

 

Cronologia resumida do revival Art Nouveau e Art Déco

 

 

Em 1973, a Galeria Bonino, na Rua Barata Ribeiro, em Copacabana, à época uma das mais respeitadas galerias do Rio, apresentava uma exposição com pequenos objetos Art Nouveau e Art Déco. Em 1996, o 1º Seminário Internacional Arquitetura Art Déco na América Latina, promovido por Luiz Paulo Conde e organizado por Jorge Czajkowski reuniu mais de 500 pessoas no Copacabana Palace. Em 2005, surgia o Instituto Art Déco Brasil, a primeira “Art Déco Society” brasileira, preocupada com a preservação, pesquisa e divulgação do patrimônio Art Déco em nosso país. Em 2011, o XI Congresso Mundial de Art Déco aportava no Rio de Janeiro, trazendo especialistas e “Décophiles” do mundo inteiro. Até então, nenhuma cidade da América Latina sediara o evento, bienal, e que começara em Miami, em 1991. Muito em breve, prevista para outubro de 2013, na Cité de l’Architecture et du Patrimoine, no Palais de Chaillot  em Paris, a exposição Art Déco: le style Made in France qui a séduit le monde apresentará o Art Déco Brasileiro, sob curadoria de Márcio Alves Roiter. Um dos maiores conjuntos de prédios no estilo do Rio, à rua da Glória, 122 – os antigos edifícios Londrina, Miritiba e Paranaguá – , e que, após minucioso retrofit, serão o Centro Empresarial Ernesto G. Fontes, demonstra que a iniciativa privada está atenta à preservação de ícones Art Déco. Consultoria do Instituto Art Déco Brasil e do arquiteto Mauricio Prochnik. Felizmente a preocupação com a numerosa e bela herança arquitetural Art Déco em nosso país vem merecendo ações afirmativas dos governos. Prova disto é o recente tombamento federal de um dos ícones Art Déco do Rio de Janeiro, o Edifício A Noite. Definitivamente, tanto o Art Déco quanto o Art Nouveau passaram a participar do cotidiano cultural no mundo inteiro. Quem não se encanta com as entradas do metrô de Paris, ainda hoje existentes, assinadas Hector Guimard, no mais puro “Style Moderne”, ou seja, o Art Nouveau de 1900? O que dizer dos gigantes arranha-céus Art Déco de Manhattan, como o Empire State e o Rockefeller Center?  No Rio de Janeiro basta abrir a janela para apreciar o maior monumento Art Déco do mundo, o Cristo Redentor. Além da quantidade de revisitas aos glamurosos ambientes Art Déco, promovidas por filmes recentes como “O Artista”, “Meia-noite em Paris”, e “Great Gatsby”. São tantos os “fashion designers”, nesses últimos tempos que se serviram do Art Nouveau e do Art Déco como mote inspirador para suas coleções… Um dos maiores, Yves Saint-Laurent, teve sua coleção de peças Art Déco vendida em 2009, batendo todos os recordes mundiais, quando uma simples poltrona atingiu 23 milhões de euros! O Rio de Janeiro, capital cosmopolita, sempre antenada à Modernidade, e que recebeu o Art Nouveau e o Art Déco no inicio do século XX com apetite antropofágico, terá no Espaço Cultural Península um laudo banquete para se deixar seduzir e se deliciar.

 

Sobre o curador

 

 

Márcio Alves Roiter foi assistente, em 1976, da curadora na exposição “Cinquantenaire Paris 1925”, Museu de Artes Decorativas do Louvre, Paris, 1979, inaugura a primeira galeria especializada em Art Nouveau e Art Déco no Rio de Janeiro, 1981, curador do retrofit na Villa Venturoza, Glória, Rio, para Marcos Tamoyo, 1982, curador da exposição “Hommage à René Lalique”, Casa França -Brasil, Rio de Janeiro, RJ, 1996, palestrante no 1º Seminário Internacional Arquitetura Art Déco na América Latina. Entre 2005 e 2012, palestrante nos Congressos Mundiais de Art Déco de Nova Iorque, Melbourne e Montréal, e na Miami Design Preservation League, na Americas Society, Nova Iorque, USA, Colóquio Internacional “Landowski et la Commande Publique”, Museu dos Anos Trinta, Paris, França. Organizou o 11º Congresso Mundial de Art Déco, no Rio de Janeiro, em 2011.Consultor Art Déco nos retrofits da loja Arezzo na antiga Casa Daniel, e nos edifícios Londrina, Miritiba e Paranaguá. Autor dos livros “Rio de Janeiro Art Déco” e “Um Passeio na História”, este em conjunto com Cynthia Garcia. Foi curador brasileiro da exposição “Art Déco: le style made in France qui a séduit le monde”, Paris, França, 2013.



De 21 de junho a 22 de setembro.

Prêmio Marcantonio Vilaça

08/jun

O “Prêmio CNI SESI SENAI Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas” terá edição especial em comemoração a seus dez anos. O lançamento da iniciativa será realizado no próximo dia 12 de junho em cerimônia no Museu Histórico Nacional, Centro, Rio de Janeiro, RJ, o mesmo local que sediará a exposição de 2014. A noite também contará com apresentações dos músicos Leo Gandelman, João Donato e Celso Fonseca.

 

 

Será montada, entre os dias 27 de maio e 29 de julho de 2014, uma exposição com obras dos 90 artistas que venceram as quatro edições do prêmio e também de artistas que ganharam notoriedade internacional a partir do trabalho de Marcantonio Vilaça. Entre esses últimos estão Adriana Varejão, Vik Muniz, Nuno Ramos e Beatriz Milhazes.

 

 

Criado em 2003 pelo Sistema Indústria, o Prêmio Marcantonio Vilaça se destaca no circuito das artes plásticas pelo amplo raio de alcance. Ao longo de sua trajetória, contou com 2.532 inscrições de todos os estados da federação, a mobilização de mais de 25 curadores nacionais e internacionais, a realização de 27 mostras itinerantes em 17 estados e no Distrito Federal, visitadas por público de mais de 300.000 pessoas em todas as regiões do país e com a participação de mais de 85.300 alunos em oficinas de arte-educação. Além disso, mais de 24.974 professores foram capacitados no projeto educativo que é oferecido por ocasião de cada mostra itinerante. Foram ainda realizadas palestras, oficinas educativas para alunos e professores de todos os locais onde as exposições foram realizadas, aproximando a arte da educação. Ao final de cada edição, foram doadas para museus públicos obras de cada um dos artistas vencedores.

 

O artista plástico Abraham Palatinik (foto), considerado um dos pioneiros e referência em arte cinética do Brasil, ofereceu uma de suas obras para compor a identidade visual dessa edição especial. Ele explora as relações entre movimento, luz e tempo, associando processos e materiais de origem industrial às questões referentes à sensibilidade e a criatividade artística.

 

 

 

Marcantonio Vilaça

 

 

 

O prêmio presta uma homenagem ao marchand e colecionador brasileiro Marcantonio Vilaça (1962-2000), responsável pela projeção da arte contemporânea brasileira dos anos 1990 no exterior. Com seu espírito empreendedor, contribuiu de forma marcante e decisiva para a cultura nacional, não só por meio de incentivo aos novos talentos como também pela abertura de novos espaços para a projeção da arte brasileira no mercado internacional.

Eduardo Climachauska na Laura Marsiaj

07/jun

 

Chama-se “O fundo do poço” a segunda exposição individual de Eduardo Climachauska na Galeria Laura Marsiaj, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ. Desta vez, o artista apresenta um conjunto de pinturas inéditas das séries “Rua Belgrado” e “Ilusão à toa” e também algumas esculturas das séries “Ho-ba-la-lá” e “O fundo do poço”. O conjunto de pinturas a óleo, betume e carvão sobre tela em tons bastante rebaixados são também “quadros onde a geometria existe, mas apenas para indicar, paradoxalmente, uma espécie de clareza na escuridão”. Elaborados em parte com materiais incomuns em pintura, aparentemente concordam que “o mais surpreendente em seu trabalho, que parece se mover entre a dormência e a faísca, é uma espécie de coragem para lidar com matéria aparentemente morta – e não à toa Eduardo Climachauska tem predileção por materiais como betume e carvão, que a longuíssima duração do tempo geológico decantou”. Os conjuntos escultóricos construídos a partir de materiais como o mármore, o concreto e a madeira aparecem aqui e ali também como a abrir brechas nesse espaço dominado por um cortinado denso. Particularmente as peças que dão título à exposição são conjuntos duais, onde blocos maciços assumem a função de interromper bruscamente a queda natural de prumos esculpidos em diferentes materiais, como se a representação figurada e tensa desse fundo de poço fosse também (e novamente de forma paradoxal), o motor de uma ação afirmativa, de construção de uma outra ordem, embora ainda instável como de resto em todo o trabalho do artista “marcado por tensões irresolvidas entre forças poderosas”.

 

Sobre o artista

 

 

Eduardo Climachauska é artista plástico, cineasta e compositor. Nascido em 1958 vive e trabalha em São Paulo SP. Formado em cinema pela Escola de Comunicações de Artes da USP, vem realizando exposições em importantes museus, instituições culturais e galerias de arte no Brasil e no exterior. Já realizou exposições no MAM de São Paulo e Rio de Janeiro, MASP, MAC USP, Centro Universitário Mariantonia, Centro Cultural de São Paulo, e em espaço profissionais como a Sycomore Art em Paris, entre outras. Tem produzido filmes e vídeos de curta e média metragem exibidos em mostras e festivais de várias capitais brasileiras, assim como Berlin, Paris, Lima, Cidade do México e Bruxelas, de modo individual ou em parceria com os artistas Nuno Ramos e Gustavo Moura.

 

 

Até 27 de junho.

 

Arquitetura Brasileira em Fotografias

O Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, apresenta a exposição “Arquitetura Brasileira Vista por Grandes Fotógrafos”, com curadoria de André Correa do Lago, dá continuidade a uma série de mostras sobre arquitetura brasileira organizada pelo Instituto Tomie Ohtake desde 2010. A primeira foi “Viver na Floresta”, com curadoria de Abílio Guerra, depois Julio Katinsky concebeu “O Coração da Cidade – A Invenção do Espaço de Convivência” e agora, o embaixador e profundo estudioso do tema, autor do livro “Oscar Niemeyer – Uma Arquitetura da Sedução”, apresenta obras referencias do país através das lentes de grandes nomes da fotografia.

 

 

Segundo André Correa do Lago, o fotógrafo de talento é um importante crítico de arquitetura, pois tem que conhecer a obra e analisá-la para procurar explicá-la através de imagens. “É nesse sentido que o fotógrafo, como diz Lucien Hervé, tem que destilar as ideias do arquiteto”.

 

 

Com 28 fotógrafos, onze dos quais brasileiros, a exposição conta com franceses e norte-americanos, além de um canadense, um argentino, dois alemães, dois italianos, um suíço, um espanhol e um ucraniano: Angelo Serravalle, Bob Wolfenson, Cristiano Mascaro, Dmitri Kessel, Fernando Stankuns, Francisco Albuquerque, Ge Kidder Smith, Hans Gunter Flieg, Iñigo Bujedo, Jean Manzon, Jorge Machado Moreira, Leonardo Finotti, Lucien Clergue, Marcel Gautherot, Massimo Listri, Michel Moch, Nelson Kon, Paolo Gasparini, Patrícia Cardoso, Peter Scheier, René Burri, Rob Crandall, Robert Polidori, Romulo Fialdini, Thomas Farkas, Todd Eberle, Virgile Simon Bertrand.

 

 

Dividida em duas partes, na primeira, a exposição reúne 18 edificações que tiveram grande influência no país e no mundo. Já na segunda parte, o curador procurou apresentar somente escadas e rampas, um dos maiores desafios para os arquitetos (e os fotógrafos!), porque algumas das mais belas escadas e rampas do século XX foram realizadas no Brasil.

 

 

“Essa exposição é dedicada aos fotógrafos que nos ajudam a descobrir, apreciar e eventualmente amar a arquitetura, e ao público que, cada vez mais, tem demonstrado identificar a fotografia e a arquitetura como duas das manifestações artísticas mais marcantes do século XXI”, declara André Correa do Lago.

 

 

 

De 11 de junho a 21 de julho.

 

No Galpão Fortes Vilaça

05/jun

Sob o título “Uma hora e mais outra”, Marina Rheingantz realiza exposição individual no Galpão Fortes Vilaça, Barra Funda, São Paulo, SP. A mostra inclui 15 pinturas a óleo, nas quais a artista mescla elementos antagônicos, sejam de imagens, estilos ou cores. Neste novo corpo de trabalho, o lugar de passagem, a paisagem desolada, a memória sublimada ganham a aparência de uma colagem.

 

 

Marina tira o título da exposição de uma poesia de Drummond. Mais do que uma referência ou inspiração para sua produção, o título aponta para o processo de criação da artista. A partir de fotografias ou da própria memória, suas telas são construídas e descontruídas, camada por camada, uma hora após a outra no trabalho do atelier.

 

 

A artista continua a explorar imagens fragmentadas e paisagens insólitas, como na obra “Fisherman”, onde se vê uma vila que parece estar deserta retratada a distância em tons verdes e laranjas, ou na obra “Crossroads”, onde o esboço de uma malha viária cobre em tons cinza azulados a paisagem que estava por baixo. A mostra também traz alguns trabalhos onde o processo de apagamento adentra a abstração. Nas telas “Chuvisco e Chuvisco II” já não é mais possível identificar qualquer elemento que nos remeta a paisagem ou objeto, as camadas de tinta se sobrepõem formando grandes campos de cor, guardando apenas a memória do real.

 

 

O jogo com a abstração se estende à “Romã”, a maior obra da exposição, que desvela um padrão vermelho abstrato suspenso no centro da tela, flutuando sobre paisagem campestre, onde se inserem ainda esboços de lustres. Esta tela revela o desejo de experimentação da artista que agrega elementos díspares, sobreposições insólitas, ambientes interiores e exteriores em composição ousadas.

 

 

Sobre a artista

 

 

Marina Rheingantz nasceu em Araraquara, São Paulo, em 1983. Graduou-se em Artes Plásticas pela FAAP em 2007. Integrou o grupo da nova pintura paulistana “2000e8”, cuja entrada no circuito profissional teve forte presença na mídia especializada. Já teve individual no Centro Cultural São Paulo, 2012; e no Centro Universitário Maria Antônia, 2011. Dentre suas exposições coletivas recentes destacam-se: “Lugar Nenhum”, Instituto Moreira Salles, Rio de janeiro, 2013); “Os dez primeiros anos”, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, 2012; 6ª Bienal de Curitiba, 2011; entre outras. Seu trabalho está em coleções como a Pinacoteca do Estado de São Paulo e Instituto Cultural Itaú.

 

 

Até 27 de julho.

Exposição de Noguchi em São Paulo

O Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, apresenta a exposição “Isamu Noguchi”. A extensa obra de Isamu Noguchi (1904-1988) pode não ser muito conhecida no Brasil, mas ao mostrar suas luminárias em papel, dificilmente alguém deixará de reconhecê-las, pois são objetos familiares em residências do mundo todo. O artista de pai japonês e mãe americana, que viveu a maior parte da vida nos Estados Unidos, notabilizou-se por sua produção multidisciplinar, assunto que hoje mobiliza o mundo.

“Em busca por uma redefinição da escultura, a obra de Isamu Noguchi percorreu caminhos entre a confecção de objetos, desenho industrial, planejamento urbano, cenografia para teatro e dança, esculturas públicas e Land art”, explicam os curadores da exposição que o Instituto Tomie Ohtake traz ao Brasil, Matt Kirsch e Dakin Hart.

Organizada pelo Noguchi Museum, localizado em Long Island, Nova York, no antigo ateliê do artista, e de onde todas as 44 obras são provenientes, a exposição faz uma introdução das várias facetas de um criador que nunca pertenceu a um movimento em particular, mas soube introduzir e antecipar pautas contemporâneas a conceitos modernistas em sua vigorosa produção. Além de suas famosas luminárias em papel que se espalharam pelo mundo, Isamu Noguchi ficou conhecido também pelo mobiliário, ao desenhar móveis escultóricos. A mostra reúne desenhos, peças de design e esculturas em vários materiais como, cerâmica, mármore, madeira, granito, bronze, etc.

Isamu Noguchi tem uma produção extensa em escultura, com peças brutas retiradas da natureza, ou em outros materiais com sofisticadas formas, próximas a Brancusi, com quem trabalhou. Expandiu sua atividade para o campo do paisagismo, no qual suas peças se tornaram monumentos referenciais para os espaços. “Diversas amizades e colaborações – relacionadas especialmente ao visionário Buckminster Fuller, à coreógrafa Martha Graham e a uma série de arquitetos e designers do pós-guerra, entre eles Louis Kahn – contribuíram para aprofundar seu pensamento sobre o papel desempenhado pela escultura no mundo”, afirmam os curadores.

De 06 de junho a 21 de julho.

 

 

Pinturas de Célia Euvaldo
Paralelamente, Célia Euvaldo, apresenta “Sobre Parede”, sua primeira individual no Instituto Tomie Ohtake, em uma das salas do mezanino. Acostumada a pintar telas de grandes dimensões, a artista encarou o desafio de extrapolar esse limite, realizando uma intervenção diretamente nas paredes do espaço expositivo. De escala expansiva, o site-specific segue a proposta pictórica da artista, conhecida pela produção de desenhos e pinturas sempre em preto sobre o branco ou somente com uma das duas cores.

 

No lugar de pincéis, Célia Euvaldo utiliza vassoura e rodo, dando dimensão ao gesto e produzindo diferentes relevos. Suas “varreduras’ levam o tempo da tinta, que vai rareando até se extinguir o traço, muitas vezes utilizando a força de seu corpo inteiro. Em texto de 2009 sobre o trabalho da artista, o crítico Ronaldo Brito diz: “…a tinta se concentra, quase uniforme, ou se dispersa, aqui e ali se acumula. A ação da vassoura e do rodo se alternam, contrapõem-se, sob o comando de uma lei formal que só legisla no prazo desse exercício sem protocolos”. Para a realização dessa intervenção, Célia mandou produzir uma vassoura de 120 cm, ideal para preencher os espaços da grande sala que a exposição ocupa.

 

Sobre a artista

 

Célia Euvaldo nasceu em São Paulo, em 1955,. A artista expõe regularmente desde meados da década de 80, tendo obtido o 1º prêmio – Viagem ao Exterior – no 11º Salão Nacional de Artes Plásticas em 1989. Entre 1988 e 1997, seu trabalho consistiu basicamente em desenho sobre papel, explorando e estirando os limites dessa categoria. A partir de então a pintura tem sido seu foco principal. Entre as mostras mais recentes, realizou individuais em 2011 no Museu da Gravura Cidade de Curitiba, e na Lemos de Sá Galeria, Belo Horizonte, bem como a mostra “Poeminhas” no Centro Universitário Maria Antonia, São Paulo. Em 2006 apresentou a exposição “Brancos” na Estação Pinacoteca, São Paulo. Participou, em 2005, da 5ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre, RS.

 

De 06 de junho a 28 de julho.

Cildo Meireles no Museu Reina Sofia

30/mai

A obra de Cildo Meireles encontra-se em exibição no Museu Reina Sofia, Madrid, Espanha. A mostra – de caráter retrospectivo – apresenta mais de cem obras do artista brasileiro, é uma oportunidade única para descobrir novos aspectos do trabalho de Cildo Meireles, um dos mais célebres artistas contemporâneos.
Cildo Meireles reproduz nesta exposição algumas das instalações mais importantes da sua história, ao lado de outras inéditas, como “Amerikka”, e outras apresentadas pela primeira vez na Espanha, como “Olvido” e “Entrevendo”. Além delas, fazem parte da retrospectiva desenhos, pinturas, esculturas e peças sonoras.
O conceituado artista foi vencedor do “Prêmio Velázquez” em 2008 e tem em sua carreira artística, um grande número de exposições internacionais como a Documenta de Kassel e as bienais internacionais de Veneza e São Paulo. A exposição foi organizada, em parceira, pelo Museo Nacional de Arte Reina Sofía, Museu de Serralves no Porto, Portugal, e HangarBicocca em Milão, Itália.

 

Até 14 de outubro.

Antonio Bandeira – da Razão à Sensibilidade

O Espaço Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ, exibe conjunto expressivo de obras de Antonio Bandeira. A exposição, um panorama da produção artística de Antonio Bandeira, um dos precursores da arte abstrata no Brasil, apresenta um conjunto de 70 obras, entre aquarelas, desenhos e pinturas. Artista pertencente à corrente abstracionista, sua arte é apaixonante. Influenciou gerações de artistas, bebeu na fonte do cubismo, do surrealismo e do expressionismo, ao mesmo tempo em que trata estas referências de uma forma absolutamente pessoal, realizando uma verdadeira “antropofagia pictórica”. A mostra exibe também dois filmes sobre o artista, além do filme “O Colecionador de Crepúsculos” de J.Siqueira.

 

Segundo o curador Marcus de Lontra Costa, o artista marca o amadurecimento da arte moderna no Brasil. “O Bandeira foi o nosso primeiro grande pintor moderno brasileiro internacional, quando a arte brasileira dialoga de igual para igual no mundo. Ele não fazia modernismo brasileiro, ele fazia modernismo”.

 

Sobre o artista

 

Antonio Bandeira, precursor da arte abstrata no Brasil, nasceu no Ceará em 1922. Aos 20 anos participou ativamente da cena artística em Fortaleza, com Aldemir Martins, Inimá de Paula, Mário Barata e Raimundo Cela criam o Movimento Modernista de Fortaleza, findo o grupo, enviou um trabalho para o Salão Paulista de Belas Artes no qual foi premiado com a medalha de Bronze. Morou no Rio de Janeiro por um ano, participando ativamente da vida intelectual da cidade. Voltou para Fortaleza em 1945 quando recebeu uma bolsa de estudos do governo francês e mudou-se para Paris.

 

Sobre a obra do artista, Mário Barata diz que era “um revolucionário em arte. Leva uma bagagem onde há coisas notáveis. O desenho de Bandeira nada tem de educado, de estudado, é espontâneo, livre, audacioso. A paleta nunca é fixa, mutável como os assuntos. O que mais existe nos trabalhos de Bandeira é poesia, esta sim, perene”. Em entrevista a Milton Dias nos anos 1950, vem a afirmação definitiva de Bandeira sobre sua obra: “Nunca pinto quadros. Tento fazer pintura. Meu quadro é sempre uma sequência do quadro que já foi elaborado para o que está sendo feito no momento, indo esse juntar-se ao quadro que vai nascer depois. Talvez gostasse de fazer quadros em circuitos, e que eles nunca terminassem, e acredito que nunca terminarão mesmo.” Volta ao Brasil em 1951, reconhecido, expõe no Rio, em São Paulo, Salvador e participa da I Bienal. Vive no Brasil até 1953, expondo com sucesso aqui, na Europa e nas Américas, quando recebe o prêmio Fiat na II Bienal de São Paulo e viaja para a Itália. Volta ao Brasil em 1959, vive entre Fortaleza e o Rio de Janeiro. Em 1960, Lina Bo Bardi, convida o artista a inaugurar o Museu de Arte Moderna da Bahia, com uma exposição de 31 trabalhos. Em 1964, com o golpe militar, o artista retorna a Paris. Morre em 1967, vítima de anestesia de uma operação cirúrgica nas cordas vocais.

 

Até 09 de junho.

Evento – Rain Room

A primeira coisa que você vai notar sobre a Rain Room, uma instalação que abriu no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, é a umidade tropical. A segunda coisa é o som de centenas de galões de água jorrando de um teto artificial. Finalmente, depois dos seus olhos se adaptarem à escuridão, você finalmente consegue ver: a Rain Room, um espaço de 1.000 metros quadrados em um estado de chuva perpétua.

 

Mas você nunca se molha. Graças a oito sensores de movimentos instalados acima da sala, a água que cai do teto abre espaço quando você anda pela sala, deixando você completamente seco. A sensação de andar por uma parede de água e continuar seco é sinistra – e observar como as pessoas reagem é parte da diversão. “A Rain Room coloca pessoas fora da zona de conforto, extraindo a base das respostas automáticas e brincando com a intuição”, explica seus criadores, o coletivo de arte e tecnologia londrino rAndom International. “Observar como esses resultados imprevisíveis se manifestam, e a experimentação com este mundo de comportamento pouco perceptível, é a base da nossa força motriz.”

 

Os designers da rAndom International passaram os últimos três anos desenvolvendo a tecnologia usada na instalação. Recriar a chuva não é tão fácil como parece. Água caindo de 6 metros de altura se comporta diferente da água que cai das nuvens, por exemplo. E milhares de galões de água em um espaço público causa problemas específicos de saneamento. Para lidar com isso, a equipe do MoMA criou a própria instalação para a Rain Room, aproveitando um terreno baldio ao lado do malfadado American Folk Art Museum. Os artistas, por sua vez, ficaram em silêncio em relação às especificações da tecnologia – eles argumentam que tudo faz parte da magia.

 

A Rain Room é o tipo de instalação que museus sempre sonharam: espetacularmente experimental e acessível para quase qualquer tipo de audiência. Este tipo de atração é o que deve começar a surgir em museus, que sofrem para atrair espectadores.

 

Até 28 de julho.