Arte Naïf na Galeria Evandro Carneiro

04/jun

A Galeria Evandro Carneiro Arte, Gávea Trade Center, Rio de Janeiro, RJ, promove a inauguração da exposição José Rodrigues de MIRANDA, no sábado 09 de junho, das 17h às 20h.

 

“Miranda me conduziu até o seu quarto que lhe servia também de atelier, onde ele me mostrou uma quinzena de quadros, inclusive o último, ainda úmido e não acabado, colocado em cima do tamborete que lhe servia de cavalete. Emanava de suas obras a mesma comovente simplicidade, a força extraordinária da sua sinceridade, aquele poder comunicativo dos nossos antepassados longínquos que souberam se comunicar pelo desenho muito antes de se haver conquistado a escrita. Fascinado, em silêncio, eu saboreava intensamente aquele momento maravilhoso de descoberta de um grande artista.” (*)

 

(*) Lucien Finkelstein, colecionador, joalheiro, fundador do Museu Internacional de Arte Naïf e grande incentivador/divulgador da obra de MIRANDA. Trecho retirado de FINKELSTEIN, Lucien. Miranda. Rio de Janeiro: Imprinta, 1980, p. 76.

Ancestralidade e afrofuturismo

29/mai

A Galeria Pretos Novos de Arte Contemporânea, Gamboa, Rio de Janeiro, RJ, inaugura no próximo dia 02 de junho a exposição “Àwón Ìrun Ìmólè” (*), do artista visual Wuelyton Ferreiro. A curadoria é de Marco Antonio Teobaldo exibindo um acervo de esculturas (totalizando 20 obras em metal) que se dirigem à cultura afro-brasileira com representações da mitologia dos deuses africanos. O artista elabora, no limiar entre a arte sacra e arte contemporânea, um repertório autoral através de soluções com formas inusitadas.

 

Mesmo assim, Wuelyton Ferreiro trabalha a partir de um conhecimento tradicional apreendido no trato diário dos cultos das religiões de matriz africana, cujos ensinamentos não são revelados em sua totalidade aos não iniciados, mas que possuem papel fundamental para a manutenção da identidade afro-brasileira. Por meio de seus trabalhos as leituras possíveis tornam-se amplas e enigmáticas, nas quais figuras humanóides – de traços finos – lembram por vezes, os personagens encontrados nas obras de Giacometti. O arranjo e configuração do ferro torcido remetem a um ou mais orixás, adornados com elementos que os caracterizam. Talvez seja nesta habilidade imaginativa que o difere dos demais trabalhos encontrados no âmbito da arte com sentido religioso.

 

A concepção de suas obras traz uma linguagem única e autoral, onde a fluidez da representação proporciona uma atração aos olhos do observador. Segundo o curador da exposição, Marco Antonio Teobaldo, para compreender o trabalho de Wuelyton Ferreiro “…não é necessário ser um iniciado nas religiões de matriz africana ou estudioso do tema, pois a delicadeza apresentada é, acima de tudo, uma ode à cultura negra, que bravamente resiste desde o tempo colonial escravocrata”. A exposição enaltece a bravura e resistência da cultura negra. Em tempos de tanta intolerância religiosa contra as religiões de matriz africana, esta mostra chega como mais um ato de resistência. A arte se aporta como um alicerce para a manutenção da identidade afro-brasileira. 

 

 

(*) Àwón Ìrun Ìmólè (iorubá) Todos os orixás (primários) de uma classe do Orun, responsáveis pela criação do mundo

 

 

 

De 05 de junho a 04 de agosto.

Liliane Dardot em Ondina, Salvador – BA

24/mai

A premiada artista mineira Liliane Dardot será responsável pela próxima exposição da Roberto Alban Galeria, em Ondina, Salvador – BA.  A partir do dia 06 de junho, ela apresenta a mostra “No Oco das Horas”, na qual investiga, através da pintura, o universo da vegetação do Cerrado, lugar que muito a encanta “…pela resistência, pela capacidade de se desenvolver nas situações mais adversas”.

 

 

A palavra da artista

 

“Nós somos seres da natureza. Assim como as plantas se transformam e se adaptam ao meio, regulam seus ciclos ao clima, buscam a água nas profundezas, se orientam para a luz, encontram as formas mais diversas para se propagar, nós também dependemos de uma sintonia para sobreviver. A vida contemporânea nos afasta de um contato direto com o meio ambiente em todos os seus aspectos. A consciência ecológica é muito importante”,

 

 

Sobre a artista

 

Liliane Dardot nasceu em Belo Horizonte, 1946, cidade onde vive e trabalha. Graduou-se pela EBA UFMG, onde foi professora de desenho (1969/77). Residiu em Olinda, PE (1978/89), tendo participado da criação da Oficina Guaianases de Gravura. Retornando a Minas Gerais, lecionou litografia na Escola Guignard (1990/97). Desde 1968 participa em mostras coletivas e em salões em vários estados brasileiros entre os quais: 1979 Salão Nacional de BH, Figuração Referencial, MAP, BH; 1980 Salão Nacional de BH, MAP, BH; Panorama 80, MAC, SP e 3º Salão Nacional, RJ; 1983 14° Salão Nacional de Arte, MAP, BH; XXVI Salão de Artes (premiação), Centro de Convenções, Recife; 36° Salão Paranaense (premiação), e 23ª Mostra do Desenho Brasileiro (premiação), Curitiba; 1986 Jovem Arte Contemporânea, MAC, SP. Bienais Internacionais: 1980, 1986 e 1996 Ciudad de Mexico; 1981 Cali, Colômbia; 1981 e 1983 San Juan, Porto Rico; 1984 Bradford, Inglaterra e Habana, Cuba; 1990 Berlim, Alemanha. Liliane Dardot, participou recentemente da prestigiosa mostra “Radical Women: Latin American Art”, no Brookling Museum, New York, EUA.

 

 

De 06 de junho a 07 de julho.

Mostra de Gilberto Salvador

23/mai

Entre os dias 30 de maio e 14 de julho, a Emmathomas Galeria, Jardim Paulista, São Paulo, SP, abre suas portas para a primeira exposição individual de 2018: “Duas SpherogrÁfias”, de Gilberto Salvador, com curadoria de Ricardo Resende. A mostra reúne 17 obras elaboradas por meio de técnicas que refletem o pensamento poético do artista, reconhecido pela diversidade de suportes e dimensões em projetos bidimensionais e tridimensionais, que propõem ao público múltiplas interpretações.

 

Inspiradas nos poemas do grande poeta espanhol Federico Garcia Lorca, doze das obras que compõem a exposição são painéis com fragmentos retirados dos poemas do escritor. Com efeitos causados pelo lançamento de esferas cobertas por tinta preta, esse recorte inédito faz um mergulho entre duas linguagens artísticas: o corpo humano e a literatura.

 

 

“O artista de uma obra só.” 

 

São as palavras do próprio artista ao olhar para o que produziu ao longo de mais de 50 anos de carreira. “Criou sem amarras, exercendo coerentemente a liberdade de sonhar, pensar e visualizar movimento, cores e formas. O seu imaginário plástico é inspirado na natureza, nas formas orgânicas que compõem o mundo. O seu processo criativo não muda. Não importa se é na pintura, se é na escultura, se é na gravura. Em todas as linguagens, se dá da mesma maneira. Nem escultor nem pintor. O híbrido é o artista”, conta o curador Ricardo Resende.

 

Nesses mais de 50 anos de trajetória, Gilberto Salvador sempre trabalhou com formas esféricas. Ora apresentadas de forma mística, também revelam certo simbolismo e aspectos lúdicos – temas abordados frequentemente nas obras do artista, que nessa produção utilizou bolas de tênis como instrumento de pintura.

 

Com extenso repertório tridimensional, principalmente no que diz respeitos às obras em espaços públicos, Gilberto Salvador insere uma grande esfera vermelha no centro da galeria. De forma invasora e incômoda, a escultura permite a interação do público – que irá cercá-la para contemplar os seus três metros de diâmetro.

 

Segundo o artista, em “Duas SpherogrÁfias”, a esfera transmite uma visão romântica. “Dividi a exposição por segmentos: no recorte inédito e bidimensional, a esfera é utilizada de forma quase que instrumental; no segundo, o uso da esfera se dá como agente interativo e questionador ao público, representando seu significado da forma mais evidente. Por fim, objetos que rodam na parede mudam as esferas de posição e provocam sons. Essa movimentação cria atividade e passividade, ou seja, a androginia da esfera”, explica.

Fotógrafos brasileiros em Paris

Um Brasil único e personalíssimo clicado por sete artistas brasileiros e um australiano, sob a orientação do fotógrafo internacional Ricardo Esteves. O resultado dessa experiência pode ser visitado em “Meu Brasil”, coletiva com co-curadoria de Anna Priscilla Marques, e vernissage dia 28, às 18h30, na Galerie Espace 7, 11 rue Saint Sabin, Bastille, em Paris.

 

No time de talentos estão Adrian Luke Dimarco, Guilherme Costa Pinto, Igor Gomes, Luís Todeschi, Marco Escada, Maria Elizabeth Broxado, Marlene Reinaldo e Rose Aguiar. Durante o aprendizado com Ricardo Esteves, eles imprimiram novas abordagens sobre suas produções, orientados pelo diálogo com este fotógrafo especializado em clicar grandes personalidades do universo corporativo, e que há dez anos se alterna entre Paris e Londres.

 

Ao longo de seis meses, os oito artistas compartilharam seu desenvolvimento criativo e técnico com Esteves. O processo se diferencia também por ter sido realizado totalmente de maneira remota. O produto desse projeto é a percepção muito pessoal de brasilidade de cada um deles, e que pode ser visitada em “Meu Brasil”.

 

 

Sobre Ricardo Esteves

 

Seu olhar sobre a França influenciaria em definitivo seu estilo de fotografar e, principalmente, suas pesquisas estilísticas e sociais. Em 2006, foi o fotógrafo oficial do Ano do Brasil na França, contratado pelo Gabinete do Comissário ligado ao Ministério da Cultura do Brasil. Entre outras iniciativas, desenvolve esse projeto de acompanhamento, com a proposta de envolver fotógrafos na trajetória contínua de desenvolvimento artístico e promover a visibilidade, reconhecimento e acessibilidade da fotografia brasileira na Europa.

 

De 15 a 31 de maio.

Ivens Machado na Carpintaria

A Carpintaria, espaço da Fortes D’Aloia & Gabriel no Rio de Janeiro, exibe “Ivens Machado: Corpo e construção”, primeira exposição do artista em uma galeria após seu repentino falecimento em 2015. A mostra apresenta seis esculturas realizadas entre 1991 e 2005, um tríptico fotográfico a partir da “Performance com bandagens cirúrgicas”, de 1973, e uma série de fotos com registros inéditos da mesma performance, editado a partir da recuperação de negativos do artista.

 

Ivens Machado utilizava matérias-primas próprias da construção civil como concreto, vergalhões, vidro e madeira, manipulando estes materiais de modo a reorganizar os códigos da escultura convencional. Suas obras articulam tensões sociais e sexuais ao abordarem questões como a violência e a repressão, temáticas que revelaram-se controversas ao longo de sua carreira, especialmente durante o período da ditadura militar. Suas esculturas materializam uma sintaxe clara e objetiva que dá voz às formas em si, deixando que o concreto armado ou estilhaçado, telas aramadas e tijolos quebrados desvelem camadas de significação para além de suas superfícies.

 

Em “Sem título”, obra de 2005, na primeira sala expositiva, o concreto dilata-se em um ângulo superior a 90º, encerrando-se em robustas extremidades cravadas por estilhaços de telha. Parte de uma geração de artistas sucessora ao Neoconcretismo, Machado escolhe trilhar uma trajetória estética paralela ao circuito da arte dos anos 70, marcado pelas discussões políticas e afiliações a grupos e movimentos. A crueza de suas formas revela-se, portanto, como digestão da herança construtivista para uma terceira direção, de forte viés autoral e alta carga provocativa. O excesso e a exuberância de suas formas tecem relações entre corporeidade e construção, carne e cimento.

 

A obra “Sem título” de 2001, que ocupa um dos salões frontais do espaço expositivo, tem forte relação com a escultura pública originalmente produzida pelo artista para o entorno do Largo da Carioca, no Centro do Rio de Janeiro, em 1997. O arco de Ivens evidencia, já em um momento avançado de sua trajetória, a coerência e o rigor formal com que sua obra se desenrola ao longo de mais de quatro décadas. A série de fotografias “Sem título”, – Performance com bandagem cirúrgica – 1973 – 2018, também sublinha a articulação entre o corpo e a escultura. Ao recobrir partes do corpo, as bandagens brancas acentuam suas formas à medida em que recortam em partes o sujeito (o próprio artista). Braços e pernas aparecem despregados do corpo e o rosto, que em um momento está encoberto, em outro mira a câmera desafiadoramente. A performance remonta a um momento da arte em que a investigação de questões ligadas ao corpo no campo do vídeo, da fotografia e da performance aparece como elemento central na pesquisa de diversos artistas. Aqui, o artista forja seu corpo enquanto campo de experimentação, permitindo conotações de dor e privação. A escolha da gaze enquanto dispositivo performático possibilita diferentes chaves de leitura, remetendo a dor tanto em uma dimensão física, do autoflagelo, quanto em uma dimensão metafórica, aludindo à repressão militar e sexual.

 

 

Sobre o artista

 

Ivens Machado nasceu em Florianópolis, SC, em 1942 e faleceu em 2015 no Rio de Janeiro. Começou sua carreira na década de 1970, em uma produção que se desdobra entre desenho, escultura, pintura, e vídeo. Após um período de dificuldades relacionadas a problemas de saúde, o artista começa a trabalhar com a Fortes D’Aloia & Gabriel no ano de 2014 mas, infelizmente, acaba por não concretizar a tempo sua primeira individual com a galeria. A presente exposição, portanto, foi realizada em colaboração com o recém-criado Acervo Ivens Machado, coordenado por Mônica Grandchamp. Esta primeira exposição marca o início de uma trajetória de trabalho que busca dar continuidade ao legado deste grande artista de trajetória singular.

 

 

Até 28 de julho.

Simon Evans no Galpão 

Fortes D’Aloia & Gabriel | Galpão apresenta “Shopping Chão”, terceira exposição individual de Simon Evans no Brasil, duo colaborativo formado pelo britânico Simon Evans e pela norte-americana Sarah Lannan, que exibem cerca de quinze trabalhos inéditos. Os trabalhos da dupla possuem uma linguagem única, caracterizada por elaboradas colagens com fragmentos de papel, textos e imagens, coletados a partir dos detritos da vida cotidiana, da prática do ateliê e por cidades que visitam. Frases curtas e poéticas alternam-se entre reproduções de objetos domésticos, cartões de crédito e passaportes, sempre marcados pelo sarcasmo e pela melancolia.

 

A instalação que dá título a exposição é inspirada no comércio informal de rua do Rio de Janeiro, cidade onde a dupla residiu nos últimos três meses. Na capital carioca, a prática comercial do “shopping chão” consiste em estender um tecido ou lençol na calçada e dispor sobre ele objetos das mais variadas naturezas e origens, frequentemente achados no lixo, a serem revendidos a preços módicos.

 

 

Sobre os artistas

 

Simon Evans é a colaboração artística entre Simon Evans (1972) e Sarah Lannan (1984). Ambos vivem e trabalham em Nova York. Entre suas exposições individuais, destacam-se: Not Not Knocking On Heaven’s Do or , Palais de Tokyo (Paris, França, 2016); Only Words Eaten By Experience , MOCA Cleveland (Cleveland, EUA, 2013); First We Make the Rules, Then We Break the Rules (Simon Evans & Öyvind Fahlström), Kunsthalle Düsseldorf (Düsseldorf, Alemanha, 2012) e Kunsthal Charlottenborg (Copenhague, Dinamarca, 2012); How to Be Alone When You Live with Someone , MUDAM (Luxemburgo, 2012); H o w t o g e t a b o u t , Aspen Art Museum (Aspen, EUA, 2005). Entre as exposições coletivas, destacam-se as participações nas seguintes bienais: 12ª Bienal de Istambul (Turquia, 2011); 31º Panorama da Arte Brasileira, MAM (São Paulo, 2009); 27ª Bienal de São Paulo (2006); Bienal da Califórnia, OCMA (Newport Beach, EUA, 2004). Sua obra está presente em diversas coleções importantes, como Aspen Art Museum (Aspen, EUA), CIFO (Miami, EUA), Louisiana Museum of Modern Art (Humlebaek, Dinamarca), Miami Art Museum (Miami, USA), MUDAM (Luxemburgo), Philadelphia Museum of Art (Filadélfia, USA), SFMOMA (San Francisco, USA), entre outras.

 

 

De 26 de maio a 28 de julho.

Jac Leirner, “Adição”

A Fortes D’Aloia & Gabriel, Vila Madalena, São Paulo, SP, apresenta “Adição”, nova exposição de Jac Leirner. A mostra inclui esculturas com embalagens de sedas, uma instalação com pontas de cigarros de maconha e sequências fotográficas montadas sobre madeira. Compulsão e consumo, acúmulo e reorganização são questões recorrentes na obra de Jac Leirner. Ela utiliza materiais próximos do seu cotidiano, em sua maioria descartáveis ou sem valor. Assim, se no passado a artista usou cigarros, cartões de visita, sacolas de museus, talheres e cobertores de aviões, aqui ela emprega a imagem e os materiais associados ao consumo de cocaína e maconha. Nas imagens, pequenas pedras de cocaína são rodeadas por objetos pessoais como moedas, pinças e souvenirs.

 

Jac fez as fotos em 2010 e as editou seis anos depois, formando narrativas cinemáticas que se encerram em capítulos independentes. As pequenas esculturas retratadas transfiguram-se em cone, cabeça, roda, esfera e coração até desaparecerem. A disposição horizontal dos trabalhos, sobrepostos em cinco linhas ao longo da galeria, enfatiza essa vocação literária, ao mesmo tempo em que evidencia aspectos formais de cor e composição. Alguns objetos usados nas fotos retomam materiais previamente usados pela artista, ao passo que outros revelam um aspecto de intimidade absoluta, num grau máximo de justaposição entre vida e obra. “About Men and Animals”, por exemplo, cria uma história com objetos em miniatura, enquanto “Macbeth” faz referência direta à literatura. “Oh Yes Yes”, e “Round Ones” reúnem as imagens com moedas e cédulas de dinheiro. “Landscape”  por sua vez, forma uma cena quase abstrata. As esculturas intercalam-se às sequências fotográficas e, de maneira análoga, lidam com a matéria residual do fumo. “Freezing Flame”, “Sugar Baby”, “Statement”, entre outros, são criadas com embalagens de sedas para cigarro montadas sobre madeira.

 

Essas obras ganham corpo a partir do formato irregular das embalagens quando desmontadas e se organizam em composições cromáticas. A artista insere ainda níveis de precisão nos suportes, revelando o sentido de equilibro tão essencial a esses trabalhos. As noções de consumo e acúmulo dos materiais ganham contornos arquitetônicos na obra “High and Low”. Ocupando o segunda andar da galeria, cabos de aço dão estrutura a pontas de cigarros de maconha. A escultura se define por linhas que tensionam o espaço, alcançando o grau mínimo da matéria, sintetizada em seu menor elemento.

 

Na ocasião da abertura, a publicação “Three White Nights” será lançada no Brasil. O livro de artista, realizado em parceria com a designer holandesa Irma Boom, reúne todas as imagens da série fotográfica que integram a exposição.

 

 

Sobre a artista

 

Jac Leirner nasceu em São Paulo em 1961, onde vive e trabalha. Entre suas exposições individuais recentes em instituições, destacam-se: Institutional Ghost , IMMA (Dublin, 2017); Add it up , The Fruitmarket Gallery (Edimburgo, 2017); Borders are drawn by hand , MoCA Shanghai (Xanghai, 2016); Funciones de una variable , Museo Tamayo (Cidade do México, 2014); Pesos y Medidas , CAAM (Las Palmas de Gran Canaria, Espanha, 2014), Hardware Seda – Hardware Silk , Yale School of Art (New Haven, 2012); Jac Leirner , Estação Pinacoteca (São Paulo, 2011). Seu extenso 

 

currículo de exposições inclui ainda participações em: Bienal de Sharjah (2015), Bienal de Istambul (2011), Bienal de Veneza (1997 e 1990), Documenta de Kassel (1992), Bienal de São Paulo (1989 e 1983). Sua obra está presente em diversas coleções importantes ao redor do mundo, como: Tate Modern (Londres), MoMA (Nova York), Guggenheim (Nova York), MOCA (Los Angeles), Carnegie Museum of Art (Pittsburgh, EUA), MAM (São Paulo), Pinacoteca do Estado de São Paulo (São Paulo), Museo Reina Sofía (Madri), entre outras. 

 

 

 

De 26 de maio a 28 de julho.

 

Na Bergamin & Gomide

15/mai

A exposição individual “Mira Schendel: Sarrafos e Pretos e Brancos”, da artista suíça, naturalizada brasileira, Mira Schendel, próximo cartaz da Galeria Bergamin & Gomide, Jardins, São Paulo, SP, apresentará cerca de 20 obras cuidadosamente selecionadas, produzidas entre as décadas de 1960 e 1980, circulando entre suas diversas fases criativas.

 

Mira Schendel, uma das artistas brasileiras mais significativas do século XX, desenvolveu um corpo de trabalho extremamente complexo e único. “Sarrafos” (1987), última série completa produzida da artista, conta com 12 obras e quatro delas estarão em exposição na galeria. Produzidos sobre uma base totalmente branca, na qual uma haste de madeira preta se sobressai, nos Sarrafos “o caráter tridimensional do elemento acaba por transformar efetivamente o jogo, ao materializar aquilo que, por princípio, deveria ser virtual e ilusionista. E exatamente a relação íntima entre o elemento e a superfície da qual se desprega, vem a gerar um campo plástico vivo e indecidível. Ao se anunciar pintura, o trabalho35 se revela quase escultura”, escreveu o crítico de arte Ronaldo Brito em 1988.

 

A série de obras faz referência ao momento de incerteza política vivida no país: “nasceu de um momento de falta de decisão, de desordem, que o Brasil viveu em março, quando parecia que estávamos morando em uma Weimar tropical. Naquele momento, como todos, eu também sentia necessidade de ter uma direção, um rumo. Essas obras são uma reação ao marasmo daquele momento”, comentou Mira em 1987.

 

Desenvolvida entre 1985 e 1987, a série “Pretos e Brancos”, que precede “Sarrafos”, é “lírica”, uma vez que sua ênfase está no movimento e no espaço. São pinturas de têmpera e gesso que, à distância, remetem a painéis planos pontuados por arcos e linhas. Porém, depois de uma inspeção mais minuciosa, revelam pequenas variações de textura que projetam sombras e formam sutis relevos esculturais.

 

Pinturas e outras obras produzidas sobre papéis de arroz japonês são caracterizadas por motivos geométricos minimalistas, linhas delicadas ou letras compostas que investigam noções de temporalidade e transitoriedade. Experimentando materiais efêmeros, Schendel tornou-se cada vez mais interessada em transformar letras e elementos linguísticos em objetos gráficos – uma abordagem mais comumente associada à poesia concreta. Nessas obras, as letras são liberadas e desconstruídas, levantando questões sobre linguagem, escrita, desenho e imagem.

 

As primeiras obras geométricas abstratas de Mira, feitas com uma palheta terrosa, foram a público em exposições individuais em 1950 e 1952. Ela participou da primeira Bienal Internacional de São Paulo de 1951; recebeu prêmios nos Salões da Bahia e do Rio Grande do Sul entre 1951 e 1953; e, em outubro de 1954, realizou sua primeira grande exposição no Museu de Arte Moderna de São Paulo, exibindo pinturas das séries “Geladeiras ou Fachadas”.

 

A individual da artista, em parceria com a Hauser & Wirth e colaboração de Olivier Renaud-Clément, fica em exposição entre os dias 22 de maio e 23 de junho, na Galeria Bergamin & Gomide.

Desver a Arte

14/mai

A palavra de ordem é diversificar. É com este espírito que a Emmathomas Galeria, Jardins, São Paulo, SP, exibe “Desver a Arte”.  Sob a gestão do artista, colecionador e empresário Marcos Amaro e direção artística do curador Ricardo Resende, a galeria voltou ao mercado de arte com uma proposta mais ousada e inovadora, rompendo amarras e apresentando ao público um corpo de artistas diverso.

 

A exposição “Desver a Arte” marca essa reabertura da Emma, com os 16 artistas representados: ao lado do já consolidado pintor e escultor Gilberto Salvador, por exemplo, Mundano, um dos grafiteiros mais atuantes da cidade de São Paulo. Às delicadas esculturas e cerâmicas da japonesa Kimi Nii, somam-se os objetos imbuídos de narrativa surrealista do paulistano Hugo Curti. Os ambientes e as pinturas realistas em três dimensões de Alan Fontes, contrapõe-se às telas de atmosfera fantástica de Sani Guerra.

 

“De gerações diferentes, de diversas linhagens, vertentes e suportes, são artistas com interesses também incomuns. A galeria ousa mostrar essas diferenças experimentais plásticas e poéticas de cada um dessa família artística, características que se faz visível na diversidade do que é visto na arte contemporânea”, afirma o curador Ricardo Resende.

 

Além dos artistas já citados, comparecem Alex Flemming, Armando Prado, Carl Emanuel Wolff, Carlos Mélo, Francisco Klinger Carvalho, Isabelle Borges, Jens Hausmann, Katia Salvany, Marcia Grostein e Paula Klien.

 

 

Última semana, até 19 de maio.