Encerramento de duas exposições.

08/ago

Neste sábado, 09 de agosto, a partir das 15h, as artistas Mariana Rocha e Siwaju conduzirão visitas guiadas por suas exposições “Desde sempre o mar” e “SPECTRUM”, em cartaz, respectivamente, nos prédios 17 e 11 da galeria. Trata-se de evento de encerramento das exposições “Desde sempre o mar” e “SPECTRUM”.

Inspirada pela vastidão marítima e pelos mistérios da vida microscópica, Mariana Rocha mergulha em um universo onde as fronteiras entre ciência, mito e arte se dissolvem. Desde sempre o mar reúne pinturas inéditas que transitam entre figuração e abstração, evocando formas orgânicas como raízes, cílios, braços e membranas – elementos que se desdobram como símbolos da origem e da continuidade da vida. Segundo o curador Renato Menezes, que assina o texto de apresentação da mostra, “Mariana Rocha trapaceia a escala e, assim, a própria pintura parece se tornar, para a artista, um meio de reequacionar os mínimos essenciais da vida. Partícula e todo, célula e organismo, gota e oceano renegociam suas ordens de grandeza bem diante de nossos olhos.”

“Já Siwaju traz esculturas que articulam matéria e Cosmos, energias visíveis e invisíveis, objeto e entorno, corpo escultórico e espaço, organizando-se em uma temporalidade espiralada, em constante fluxo de expansão e retrospecção, ativando saberes afrodiásporicos. “Desdobram-se pelo espaço “famílias de obras” interligadas, cada uma com gramáticas e gestos próprios, mas todas atravessadas pelo desejo de criar zonas de interferência onde passado e futuro, beleza e libertação coexistem em tensão criativa.”, aponta a curadora Nathalia Grilo, autora do texto de apresentação da exposição.

O encontro marca o encerramento das mostras.

Nova representação.

06/ago

Ana Cláudia Almeida é a nova artista representada pela galeria Fortes D´Aloia & Gabriel. Ana Cláudia Almeida nasceu no Rio de Janeiro, Brasil, 1993 – O universo material de Ana Cláudia Almeida, encontra-se estabelecido sobre a manipulação de tintas, plásticos, bastões a óleo, tecidos e imagens. A feição esvoaçante de suas obras sobre pano, o caráter acumulativo e movediço da escultura e a fragmentação caleidoscópica das pinturas de grande escala transpõem e traduzem a memória intangível em matéria. Essa dimensão se faz sentir tanto na superfície dos trabalhos, conforme Ana Cláudia Almeida permite que vestígios de gestos anteriores permaneçam na forma final, quanto de maneira conceitual e simbólica. Feita de sobreposições intensas de espaços plenos e vazios, a abstração que ressoa sua obra espelha formal e tematicamente camadas de lembranças, práticas e rituais. Transitando entre a pintura, a escultura  e  o  vídeo,  a  produção de  Ana  Cláudia  Almeida  confronta  os  modos  como  ela  é  moldada – ou distorcida – por estruturas sociais, explorando as fricções entre o ambiente urbano e sistemas como religião, gênero e sexualidade.

Entre suas exposições recentes destacam-se Ana Cláudia Almeida & Tadáskía, exposição diálogo entre as duas artistas que aconteceu simultaneamente nas galerias Fortes D’Aloia & Gabriel e Quadra, em São Paulo, Brasil (2024); desdobramento da exposição Tadáskía and Ana Cláudia Almeida: A Joyner/Giuffrida Visiting Artists Program, no Nevada Museum of Art, Nevada, Estados Unidos (2024). Dentre as individuais, destacam-se Guandu Paraguaçu Piraquara, Fortes D’Aloia & Gabriel – Carpintaria, Rio de Janeiro, Brasil (2023); Buracos, Crateras e Abraços, Quadra, Rio de Janeiro, Brasil (2021); Wasapindorama, Fundação de Arte de Niterói, Niterói, Brasil (2018).

A artista também fez parte das exposições coletivas Ensaio sobre a Paisagem, Instituto Inhotim, Brumadinho, Brasil (2024); Olhe bem as montanhas, Quadra, São Paulo, Brasil (2024); Essas Pessoas na Sala de Jantar, Casa Museu Eva Kablin, Rio de Janeiro, Brasil (2023); Crônicas Cariocas, Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brasil (2021) e Casa Carioca, Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brasil (2021). Suas obras integram as coleções do Museu de Arte do Rio, Instituto Inhotim e Sesc Rio de Janeiro.

Fotografias no Instituto Cervantes.

Uma constelação transnacional de olhares contemporâneos entre Espanha e Brasil, propondo um deslocamento simbólico e crítico pelo território brasileiro, “Câmbio de Paradigma – Um Giro no Brasil”, com curadoria partilhada de Marta Soul e Ângela Berlinde, será aberta ao público no dia 14 de agosto, no Instituto Cervantes, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ. A mostra estabelece um diálogo inclusivo entre os dois países, compreendendo o “giro” como abertura a outras epistemologias, afetos e imaginários historicamente marginalizados. Como parte da programação oficial do festival FOTORIO 2025, a exposição reúne 12 artistas contemporâneos, sendo seis brasileiros e seis espanhóis, cujos trabalhos se articulam em torno de cinco eixos curatoriais: estruturas de poder; justiça social e racial; gênero e autorrepresentação; tecnologia e progresso; ecologia e justiça climática.

Trata-se de uma exposição que questiona quem olha, quem é olhado e a partir de onde se constroem as imagens. “Câmbio de Paradigma” é um espaço de ressonância, escuta e transformação coletiva. Por meio de dispositivos híbridos, instalações, colagens, vídeo e performance, os artistas participantes reconfiguram a fotografia como uma ferramenta crítica e sensível diante das estruturas hegemônicas da imagem.

Sobre os artistas e suas obras.

Do lado espanhol, Megane Mercury explora identidades migrantes e gentrificação urbana na série La Españoleta, enquanto Cristina Galán revela as contradições do eu hiperfiltrado nas redes sociais em Paul. Esteban Pastorino investiga a memória da técnica fotográfica a partir do uso de câmaras analógicas, e Agnes Essonti Luque propõe uma profunda reflexão sobre identidade afrodescendente em La máscara del duelo. Toya Legido alerta para a extinção de espécies no território ibérico em Lepidópteros en extinción, e Yun Ping constrói um diário visual de transformação e pertença em The body as a suit.

Do Brasil, Shinji Nagabe subverte a masculinidade normativa em Cavalo de Troia, propondo uma soberania queer em tensão com o imaginário da conquista. Denilson Baniwa, artista indígena, desmonta visualmente os relatos coloniais em Ficções Coloniais. Caio Aguiar (Bonikta) encarna o território amazônico como um corpo político e encantado em Memórias Enkantadas, enquanto a dupla Masina Pinheiro & Gal Cipreste apresenta Hunting Exercise: Blow, obra que ativa memórias queer e performativas a partir do corpo. A exposição celebra ainda a participação especial da artista local Betina Polaroid, que propõe um gesto de celebração e resistência queer com a instalação Espelhos & Películas e a performance Fluidez, ativada no dia 14 de agosto.

Centenário de Gilberto Chateaubriand.

05/ago

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) inaugura no dia 09 de agosto a exposição “Gilberto Chateaubriand: uma coleção sensorial”, que abre as comemorações pelo centenário de nascimento de um dos maiores colecionadores da história da arte brasileira. A mostra estará em cartaz até 09 de outubro. De grande escala, a mostra reúne aproximadamente 350 obras de um dos mais representativos conjuntos da produção artística nacional. Desde 1993, cerca de 6.400 das 8.300 peças que compõem a Coleção Gilberto Chateaubriand estão sob a guarda do MAM Rio, consolidando uma parceria fundamental para a preservação e difusão da arte brasileira.

Com curadoria de Pablo Lafuente e Raquel Barreto, o público será convidado a uma imersão nas camadas de significado, afeto e história que atravessam a coleção, ao longo de mais de cinco décadas cuidadosamente constituída por Gilberto Francisco Renato Allard Chateaubriand Bandeira de Mello (1925-2022), diplomata e presença marcante nas artes visuais do país. Segundo o próprio Gilberto Chateaubriand, o colecionismo surgiu por acaso, em 1953, durante uma viagem a Salvador, quando foi apresentado ao pintor José Pancetti (1902-1958) pelo colecionador Odorico Tavares. Ao visitar o ateliê, adquiriu não só a tela Paisagem de Itapuã, mas a paixão por colecionar.

De acordo com Pablo Lafuente, diretor artístico do museu, “a coleção de Gilberto consegue oferecer um panorama complexo da história da arte brasileira do século 20, atenta aos movimentos e artistas que a compuseram, tornando-se uma das mais importantes do país ao mesmo tempo que revela as relações fascinantes que Gilberto tinha com obras e com artistas”.

“Gilberto Chateaubriand se dedicou com intensidade à formação de uma das coleções particulares mais significativas que temos no Brasil. A coleção é única em sua habilidade de unir tradição e experimentação, incluindo desde os modernistas icônicos a jovens artistas de diversas regiões do país e suas propostas experimentais”, observa Raquel Barreto, curadora-chefe do MAM Rio.

Um olhar sensorial para a arte brasileira

Um século de arte no Brasil

Com obras de Adriana Varejão, Alair Gomes, Anita Malfatti, Anna Bella Geiger, Antonio Bandeira, Artur Barrio, Beatriz Milhazes, Candido Portinari, Carlos Vergara, Cícero Dias, Cildo Meireles, Djanira, Edival Ramosa, Gervane de Paula, Glauco Rodrigues, Iberê Camargo, Ione Saldanha, Ivan Serpa, José Pancetti, Lasar Segall, Luiz Zerbini, Lygia Clark, Maria Martins, Rubens Gerchman, Tarsila do Amaral, Tomie Ohtake e Vicente do Rego Monteiro, entre muitos outros, a exposição cobre cerca de 100 anos de arte no Brasil e permite ao visitante percorrer, de forma não linear, uma ampla e plural história da cultura visual do país.

A exposição “Gilberto Chateaubriand: uma coleção sensorial” é organizada em colaboração com o Instituto Cultural Gilberto Chateaubriand e tem patrocínio da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, da Petrobras, da Light, do Instituto Cultural Vale e da Vivo através da Lei Federal de Incentivo à Cultura e da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro

FLECHA encerra temporada na Casa Brasil.

31/jul

A queima de um bastão de ervas e folhas secas marcam o encerramento da exposição FLECHA, da artista multidisciplinar Mercedes Lachmann, na Casa Brasil (ex-Casa França-Brasil), Rio de Janeiro, no domingo, dia 03 de agosto, a partir das 15h. A mostra é uma instalação imersiva, com som, imagem e esculturas, que tem raízes em saberes ancestrais femininos, explorando a conexão com o mundo vegetal, sob curadoria de Cristiana Tejo.

As folhas de plantas tropicais dispostas de forma performática na nave principal da Casa e as ervas que estão em secagem desde o início da temporada de FLECHA vão integrar o bastão, confeccionado por voluntários, acrescido de intenções, afetos e trocas de conhecimentos sobre as plantas e seus usos sagrados.

A exposição tem ainda 55 trabalhos de flechas de ferro, em formatos diferentes, quatro esculturas de madeira com vidro soprado, quatro totens – esculturas de restos de desmate, em composição com esferas de vidro com tinturas de ervas ou com outros vidros, bronze ou flecha, uma instalação de 11 elementos com hastes verticais que portam vidros com tintura de plantas, um braço de bronze, vídeos, um secador de erva e dois vídeos.

“FLECHA” foi apresentada em 2023 no Museu Internacional de Escultura Contemporânea (MIEC) de Santo Tirso, Porto, Portugal. A mostra, exibe no Rio com mudanças, que ampliam a ocupação conceitual do espaço, tem apoio da República Portuguesa e do Programa de Internacionalização do Departamento Geral de Artes de Portugal.

Conversa na Sala dos Archeiros.

28/jul

O Paço Imperial realiza conversa em torno da exposição “Luz estelar ecoando”.

Na ocasião também será lançado o catálogo virtual da mostra, que pode ser vista até o dia 10 de agosto.

A artista Amanda Coimbra, a curadora Natália Quinderé e o fotógrafo Vicente de Mello participarão de uma conversa gratuita e aberta ao público no próximo sábado, dia 02 de agosto, às 15h, na Sala dos Archeiros, no Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ. O catálogo terá cerca de 45 páginas, textos de Natália Quinderé e Amanda Coimbra, design de Marcelo Albagli e fotos de Rafael Adorján e Mari Morgado.

Durante o bate-papo, eles compartilharão referências visuais e conceituais que atravessam seus processos criativos e pesquisas, além de apresentar trechos do catálogo virtual da exposição, aprofundando a experiência do público com as obras.

Diálogo entre diferentes estilos artísticos.

25/jul

A Galeria Movimento, Gávea, Rio de Janeiro, RJ,  apresenta até o dia 17 de agosto a exposição coletiva “Deslimites da Escrita”, que reúne os artistas Xico Chaves e Cláudia Lyrio.  A mostra explora a íntima relação entre palavra, imagem e objeto, revelando como ambos os artistas transportam a escrita para suas criações, desafiando limites e ampliando significados.

Com uma trajetória que se estende desde a década de 1970, Xico Chaves é uma figura central na arte contemporânea e na poética brasileira. A exposição apresenta obras significativas da década de 1970, além de obras recentes e inéditas, ressaltando sua influência e inovação. Seu trabalho integra poemas, músicas e artes visuais, criando um grande mar de significados. Xico Chaves intercala diferentes linguagens e desdobramentos que celebram a diversidade da expressão artística.

Cláudia Lyrio, artista visual do Rio de Janeiro, traz uma sensibilidade única à exposição. Após sua individual no Paço Imperial, foi convidada a trazer uma parte de sua exposição para “Deslimites da Escrita”. Seu trabalho utiliza um vocabulário lírico que incorpora elementos da natureza, como árvores, aves e cor, criando narrativas poético-ficcionais. Cláudia Lyrio transporta a escrita para suas obras, refletindo sobre os ciclos da vida e enfatizando a potência visual da palavra.

O texto crítico da exposição é de Marisa Flórido Cesar, crítica de arte, curadora e professora adjunta do Instituto de Arte da UERJ. Ela contextualiza as obras e discute a importância da escrita como um elemento fundamental na arte contemporânea, amplificando as vozes de Xico Chaves e Cláudia Lyrio.

“Deslimites da Escrita” convida o público a explorar a intersecção entre as obras dos artistas, ressaltando o diálogo entre diferentes períodos e estilos artísticos. A mostra procura ser um espaço de reflexão e inspiração, onde os visitantes poderão vivenciar a arte brasileira contemporânea em suas múltiplas formas.

O evento imersivo de Paula Boechat.

A artista Paula Boechat realiza no dia 02 de agosto um evento imersivo e sensorial no Estúdio Ipê, Estúdio Itanhangá, Rua Raul Pitanga, 39, Rio de Janeiro, RJ. Depois de se recuperar de uma grave meningite bacteriana contraída em 2023, Paula Boechat teve uma sequela auditiva que dá a ela a sensação de estar ouvindo um constante “zumbido de mar”. Apaixonada por praia (e água salgada), ela se apropriou dessa nova condição para proporcionar ao espectador experiências sensoriais, o que acontecerá no dia 02 de agosto.

Em “Mares de Dentro”, Paula Boechat expõe uma instalação com uma pintura penetrável, com uma performance seguida de shows da Bossa Noise (Bob N, Camila Kohn e Tati Cocteau), às 19h, da Banda GAZ, integrada por André Carneiro, Lula Montagna e Marcello Bressane (20h). O texto curatorial é assinado por Luana Aguiar e a produção de arte ficou a cargo de Walter Rosa. Em “Mares de Dentro”, todos os sentidos serão aguçados na pintura imersiva.

A fala da artista.

“O público poderá vivenciar um pouco deste momento mágico. É como se houvesse um oceano no meu cérebro; agradeço aos meus orixás por ser o som do mar que admiro tanto… Com certeza são memórias auditivas dos meus “tempos ouvintes”, que na pintura está presente com muita força em tom vermelho, como se estivesse misturado ao sangue humano. Esse vermelho magenta, misturado ao azul do oceano, tem gerado violetas intensos que permeiam essas camadas sensoriais e profundas”.

“Para mim, o trabalho de arte só acontece na troca – é tão ou mais importante o processo do que a obra em si. A pintura é um enigma, pois nunca sabemos o resultado final: é sempre difícil saber quando está pronta. Ter com quem trocar é muito enriquecedor”.

Sobre a artista.

Nascida em 1976, Paula Boechat vive e trabalha no Rio de Janeiro. Estudou desenho e pintura na Universidade da Califórnia em 1996. De 1997 a 2001 frequentou diversos cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e em 2000 se formou em Desenho Industrial. Em 2002, frequentou l’École des Beaux Arts em Paris onde residiu por 3 anos. Desde 1998 desenvolve projetos em pintura, vídeo, instalação, fotografia e performance. Ganhou o “Prêmio Rio Jovem Artista” da RIOARTE em 2000. Na mesma época conheceu Gabriela Moraes com quem formou a dupla PaulaGabriela, realizando exposições no Brasil e no exterior. A dupla explorava a perda da identidade no mundo contemporâneo, suas conexões e desconexões, através de fotografias, performances e instalações. Trabalharam juntas por 10 anos e receberam diversos prêmios. Paula já expôs seu trabalho em diversas cidades no Brasil e no exterior.

Obras que exploram a cor e a geometria.

23/jul

O Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro exibe até 15 de setembro a exposição “Frestas”, que celebra os 40 anos de trajetória da artista Renata Tassinari, com curadoria de Felipe Scovino.

“A exposição apresenta um recorte da produção da artista com foco na geometria e nas situações intervalares que sua pintura objetual apresenta. A pesquisa em torno de uma forma que tende à não fixação, move suas obras para um lugar onde a cor e a forma tendem a idealizar uma ideia ou imagem da natureza”, afirma o curador.

A exposição, apresentada na Sala A, no segundo andar do CCBB RJ, terá dez trabalhos, recentes e inéditos, feitos sobre caixas de acrílico, que são pintadas por fora e por dentro, em cores diversas. As obras possuem formatos variados, sendo alguns em grandes dimensões, com tamanhos que chegam a 2,30m X 3,50m. Apesar de não serem feitas no suporte tradicional da tela, a artista chama as obras de pinturas. “Os trabalhos tem uma relação muito forte com a forma e com a cor, uma pesquisa que venho desenvolvendo há muitos anos. São pinturas, mas tem um caráter muito de objeto porque saem da parede e conversam com o espaço.”, afirma Renata Tassinari.

A imagem refletida pelo acrílico espelhado é distorcida, tem movimento, como o fluxo de água de um rio.  “A cor nas obras de Tassinari corre. Mesmo concentrada, adquirindo um certo grau de espessura, a cor deseja o movimento. A estrutura de acrílico, preenchida de cor, longilínea e quebradiça condiciona um deslocamento. Há decididamente a imagem metafórica de um rio e não é à toa, portanto, que alguns títulos, mais uma vez, evoquem esse universo das águas”, diz o curador, referindo-se aos nomes de obras como “Marola”.

A artista começou a trabalhar com as caixas de acrílico – que inicialmente eram usadas como moldura para seus desenhos – em 2002, com o intuito de ampliar a relação arquitetônica das obras com o espaço. No início, ela pintava apenas por cima das caixas, mas, com o tempo, começou a pintar também internamente. “Faço uma relação entre a cor e o brilho; a tinta acrílica vai por dentro e tinta a óleo vai por fora. Venho de uma tradição de pintura na tela de muitos anos e gosto de usar o óleo, pois acho que as cores são mais interessantes, gosto da textura, ela tem mais corpo, acho que funciona melhor”, conta a artista.

Sobre a artista.

Renata Tassinari nasceu em São Paulo, 1958, e formou-se em Artes Plásticas na Fundação Armando Álvares Penteado, FAAP, em 1980. Dentre suas últimas exposições individuais estão: Reflexos, na Galeria Marilia Razuk, São Paulo; “Construções Planares”, na Maneco Muller: Multiplo, Rio de Janeiro; “Beiras”, na Galeria Marília Razuk, São Paulo; “A Espessura da Cor”, na Lurixs Arte Contemporânea, Rio de Janeiro; “Renata Tassianari”, no Paço Imperial , Rio de Janeiro; “Cor e Estrutura – Pinturas, Desenhos e Colagens”, no Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, entre outras. Dentre suas principais exposições coletivas estão: “A Tela Insurgente”, no Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto; “Mulheres na Coleção MAR”, no Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro; “Brazilianart”, no Pavilhão da Bienal, São Paulo; “Arquivo Geral”, no Centro Hélio Oiticica, Rio de Janeiro; “1ª Mostra do Programa de Exposições”, no Centro Cultural São Paulo; mostra no Museu de Arte de Ribeirão Preto (MARP), SP, entre outras.

Sobre o curador.

Felipe Scovino é professor associado do Departamento de História e Teoria da Arte da UFRJ, crítico de arte e curador. Organizou exposições como: Cao Guimarães: estética da gambiarra (Parque Lage), Marcelo Silveira: O guardião de coisas inúteis (MAMAM), Diálogos com Palatnik (MAM-SP), Barrão: fora daqui (Casa França-Brasil), Narrativas em processo: livros de artista na coleção Itaú Cultural (Itaú Cultural, MON; MAR, Franz Weissmann: o vazio como forma (Itaú Cultural) que recebeu o prêmio APCA de melhor retrospectiva, Grid: Ascânio MMM (MON), Edu Coimbra: terraço (Sesc Santo Amaro, Um olhar afetivo para a arte brasileira: Luiz Buarque de Hollanda (Flexa, Rio de Janeiro). Juntamente com Paulo Sergio Duarte, foi curador de Lygia Clark: uma retrospectiva (Itaú Cultural, São Paulo), que recebeu o prêmio de Melhor Retrospectiva 2012 pela APCA. Foi curador de Abraham Palatnik: a reinvenção da pintura (CCBB, Brasília; MON; MAM-SP; Fundação Iberê Camargo; CCBB-RJ; CCBB-BH) que recebeu o prêmio de melhor exposição pela APCA em 2014 e Elisa Martins da Silveira, MAR. Foi curador-adjunto de Diálogo concreto: design e construtivismo no Brasil (Caixa Cultural, RJ e Caixa Cultural, SP).

Exposições no Museu do Amanhã.

22/jul

Claudia Andujar ganha exposição inédita com 130 obras no Museu do Amanhã com  Destaque da Ocupação Esquenta COP, a mostra – em cartaz até 04 de novembro – mescla fotos do povo indígena Yanomami, seu trabalho mais conhecido, a cliques raros de Clarice Lispector e de imigrantes de São Paulo

Aclamada por seu trabalho documental do povo indígena Yanomami, a fotógrafa Claudia Andujar exibe uma grande exposição inédita no Museu do Amanhã, Rio de Janeiro, RJ. Com 130 obras da suíça naturalizada brasileira e peças de 40 artistas que se relacionam ao seu trabalho, a mostra “Claudia Andujar e seu universo: ciência, sustentabilidade e espiritualidade” é o destaque da Ocupação Esquenta COP, iniciativa que discute os temas da conferência que ocorre em Belém em novembro com exposições, seminários, aulões e mais.

A mostra observa como ela lidou com questões de ciência, conservação e natureza, e busca ser um periscópio que focaliza diversos pontos de sua obra – conta o curador Paulo Herkenhoff. Uma celebração ao legado da artista, de 94 anos, a exposição é dividida em cerca de 30 núcleos temáticos, que vão de séries célebres que retratam a Amazônia, como “A floresta” (1972-1974) e “A casa” (1974), a retratos de Clarice Lispector e de migrantes de São Paulo.

A Ocupação tem mais duas mostras. Em “Água Pantanal fogo”, fotos de Lalo de Almeida e Luciano Candisani apresentam o bioma e sua destruição. E a coletiva “Tromba d’água”, que tem entrada gratuita, reúne 27 obras em diferentes suportes de 14 mulheres latinas, entre nomes como Rosana Paulino e Suzana Queiroga, que tratam da relação do feminino com a natureza.

A exposição “Tromba d´Água” exibe vinte e sete trabalhos de catorze artistas latino-americanas, Alice Yura, Azizi Cypriano, Guilhermina Augusti, Jeane Terra, Luna Bastos, Marcela Cantuária, Mariana Rocha, Marilyn Boror Bor, Natalia Forcada, Rafaela Kennedy, Roberta Holiday, Rosana Paulino, Suzana Queiroga e Thais Iroko. Com entrada gratuita, as obras estão expostas na Galeria Leste: são pinturas, esculturas, fotografias e videoarte, que refletem sobre histórias e saberes transmitidos por mulheres que enfrentam e rompem barreiras.

De acordo com o Instituto Aristas Latinas, que organizou a mostra, o fenômeno natural Tromba D’Água serve como metáfora de transformação coletiva. “Todas as catorze artistas convidadas para ocupar este espaço traduzem, em poéticas próprias, a relação direta e subjetiva com a principal fonte da vida humana e suas principais controvérsias e desdobramentos sociais, raciais e econômicos”, dizem as curadoras Ana Carla Soler, Carolina Rodrigues e Francela Carrera, destacando a relação do feminino com a Natureza.