Memórias em aquarelas das colônias de Gramado.

15/out

Guardião da Memória

Como forma de preservar as raízes e a identidade cultural da cidade de Gramado, RS, transformando o olhar artístico em herança coletiva, o Parque Olivas de Gramado adquiriu uma coleção de aquarelas que retratam o interior do município.  O acervo com 23 quadros é assinado pelo artista plástico Joaquim da Fonseca, e reproduz as belezas e arquitetura das colônias de Gramado, regiões que deram origem à cidade que hoje é um polo turístico do Brasil.

Com a aquisição das obras, o Olivas de Gramado ultrapassa o campo do turismo e da arte e assume o papel de guardião da memória de uma terra. Com a iniciativa, o empreendimento busca preservar para o futuro as raízes, paisagens e memórias que ajudaram a construir a identidade de Gramado.

“Nós do Olivas de Gramado, temos por essência, a valorização da nossa história, das nossas raízes, do legado deixado pelos nossos antepassados. A aquisição deste incrível acervo, retratado pelo talentoso mestre Joaquim da Fonseca, é de grande relevância para a preservação deste importante patrimônio histórico, tornando possível para as próximas gerações a contemplação da arte e o conhecimento sobre nossa verdadeira identidade cultural,” comenta o azeitólogo e sócio do Olivas de Gramado, André Bertolucci.

Uma cerimônia oficial de entrega das aquarelas foi realizada no Espaço Cultural do Olivas de Gramado, marcando o momento em que o acervo passa a integrar definitivamente o patrimônio artístico do parque. Mais que um evento, é um gesto simbólico de reconhecimento a importância das colônias que são um capítulo importante na história de Gramado, além de enaltecer a trajetória de um artista como Joaquim da Fonseca. O acervo ficará em cartaz até o dia 30 de novembro.

A palavra do curador.

“As 23 aquarelas de Joaquim da Fonseca reunidas nesta exposição são testemunhos sensíveis de um tempo fundador. Cada traço e transparência da cor guarda a memória das colônias de imigrantes italianos e alemães que deram origem à cidade de Gramado, na Serra Gaúcha”, resume o curador da exposição, Cézar Prestes, gestor cultural que há anos acompanha o trabalho do artista. “Selecionadas e apresentadas sob minha curadoria, estas obras transcendem o gesto artístico: tornam-se documento, herança e narrativa. O Olivas Gramado, ao acolher e tombar o conjunto de aquarelas, assegura que elas passem a habitar o futuro como guardiãs da história, preservando para sempre as raízes culturais da cidade”.

Sobre o artista.

O artista plástico, designer gráfico e professor universitário Joaquim da Fonseca é referência no cenário cultural gaúcho. Autor de livros sobre viagens e design gráfico, também se destacou como tradutor de obras internacionais de sua área. Aos 90 anos, o alegretense mantém intensa produção artística, tendo na aquarela sua principal forma de expressão. Sua obra registra paisagens litorâneas, urbanas e rurais, explorando os efeitos de transparência da técnica para transmitir sensações de profundidade e distância. Mais que imagens, suas aquarelas se tornaram um exercício de memória e documentação visual de lugares e costumes que marcam a identidade cultural do Rio Grande do Sul. “Encontrei na aquarela a possibilidade de registrar e documentar as impressões da paisagem que me interessa”, explica o artista.

 

A relação entre arte, indústria e tecnologia.

Exposição coloca em diálogo artistas históricos e contemporâneos. Com obras de alguns dos principais nomes da arte brasileira do século XX, como Abraham Palatnik, Ascânio M.M.M., Claudio Tozzi, Francisco Brennand, Jacques Douchez, Lothar Charoux, Mauricio Nogueira Lima, Rubens Gerchman, Toyota, dentre outros, a Galeria Pró-Arte, Jardim América, São Paulo, SP, apresenta “Pelas engrenagens”, exposição coletiva que reúne artistas históricos para investigar a complexa relação entre arte, indústria e tecnologia no Brasil. A mostra permanecerá em cartaz até o dia 10 de novembro.

A proposta é lançar um olhar sobre a forma como esses artistas responderam aos processos de modernização e industrialização em países de origem colonial, estabelecendo diálogos entre a experimentação estética e a possibilidade de uma vida moderna.

“A ideia de que arte e indústria são capazes de estabelecer relações razoavelmente simétricas acontece, no terceiro mundo, às avessas. Se a industrialização dos grandes centros parte de transformações na demanda que implicam a exigência por adequação da oferta, a pressa das economias subdesenvolvidas por atingir o padrão de consumo do centro leva a ordem dos processos de pernas para o ar: as transformações partem da oferta para depois confrontarem a demanda. Pelas engrenagens reúne um conjunto de artistas que experimentaram a industrialização tardia dos países subdesenvolvidos e que, justamente por isso, são capazes de formalizar a convivência contraditória de uma urgência moderna edificada sob estruturas coloniais resistentes”, afirma Gabriel San Martin, que assina o texto crítico da mostra.

Partindo de diferentes abordagens para problemáticas relacionadas à mecanização, à serialização e às transformações sociais garantidas pela tomada de força da indústria no século passado, a seleção de obras apresenta recortes desses debates e reflete sobre algumas das implicações e impasses que persistem na realidade contemporânea. E, ao oferecer ao público a oportunidade de entrar em contato com passagens importantes da produção artística nacional, “Pelas engrenagens” se volta a diversas pesquisas desenvolvidas por esses artistas na busca por incorporar elementos da era industrial em suas produções, resultando em trabalhos que ainda hoje ressoam nas discussões sobre o nosso processo de modernização a partir do elo entre arte e tecnologia.

 

José Guedes entre Rothko, Fontana e Klein.

14/out

Nomes de referência na Arte Contemporânea, Rothko, Fontana e Klein impactaram a percepção do vazio e da cor. Inspirado na profundidade meditativa de Mark Rothko, na precisão cortante de Lucio Fontana e na imaterialidade vibrante do azul de Yves Klein que José Guedes criou seu espaço próprio – tensionado entre o visível e o que pulsa além da superfície. Artista cearense de expressão intensa e silenciosa, “José Guedes entre Rothko, Fontana e Klein” comprova esta construção entre tons, gesto e transcendência, na individual que ocupará até 1º de novembro a Sergio Gonçalves Galeria, Jardim América, em São Paulo, SP. A curadoria da exposição foi feita em conjunto pelo galerista Sergio Gonçalves e pelo artista, que selecionaram 29 obras em acrílica sobre tela.

Nas suas pinturas, a cor não é apenas aparência; é presença. O azul Klein se torna espaço, o corte se transforma em respiro, e a superfície revela aquilo que está além da matéria, subvertendo a nova dimensão proposta por Fontana em sua obra. O gesto que até então se dava em forma de cortes e furos, agora vira pincelada, uma nova provocação, convidando o espectador a interagir com a nova dimensão. O diálogo com Rothko se dá com traços mais delineados, marcantes, como se estivesse a desafiar o silêncio contido nos campos de cor, numa abordagem mais direta da expressão espiritual existente nas obras do mestre letão, naturalizado americano. José Guedes constrói um território próprio: simples e ao mesmo tempo cheio de mistério.

Sobre o artista.

José Guedes nasceu em Fortaleza, Ceará. Desde cedo já era autodidata na pintura. Com mais de 40 anos de carreira, suas obras estão nos acervos do Museu de Arte Moderna de São Paulo e no Museu Iva, na Espanha. Recebeu um total de 18 prêmios, nacionais e internacionais. Participou de dezenas de exposições coletivas e individuais no Brasil. Além da pintura, ele também faz esculturas, instalações, vídeos e fotografia. Aguns dos mais importantes críticos brasileiros escreveram sobre seu trabalho, como Agnaldo Farias, Moacir dos Anjos, Tadeu Chiarelli, Priscila Arantes  Denise Mattar, Olívio Tavares de Araújo e Daniela Bousso e também estrangeiros como Nilo Casares, Hernan Pacurucu, Adrienne Samos e Carlos Rojas, entre outros. Ao longo de sua carreira José Guedes realizou exposições individuais e coletivas em museus brasileiros e internacionais como: Museu de Arte Moderna de São Paulo, Paço das Artes, São Paulo, SESC Pinheiros, São Paulo, Fundação Joaquim Nabuco, Recife, Museu de Arte da Bahia, Salvador, Bienal do Mercosul, Porto Alegre, Instituto Valenciano de Arte Moderna, Espanha, Musée d´Art Contemporain, Bordeaux, França, Museo Antropológico y de Arte Contemporaneo, Guayaquil, Museo Castillo de Mata, Las Palmas, Gran Canaria, entre outros. Criou intervenções urbanas em Fortaleza, Edimburgo, Glasgow e Paris, tem obras em importantes instituições como Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte de Santa Catarina, Museu de Arte Moderna da Bahia, Museum of Latin American Art de Long Beach, Daros Latinamerica – Zurique, International Mobil Madi Museum – Budapest, IVAM de Valência, Espanha, entre outros. Entre seis prêmios, tem especial destaque o Palette D’Or, recebido no XXVII Festival International de la Peinture de Cagnes-Sur-Mer, França, em 1995. O artista foi premiado ainda no Salão de Abril, Fortaleza, nas edições de 1996, 1994, 1987, 1982, 1981, na Unifor Plástica em 1982, e no Prêmio Pirelli de Pintura Jovem, nas edições de 1985 e 1983,

Trajetória de Pedro Weingärtner.

“Detrás da tela”: trajetória do artista plástico gaúcho Pedro Weingärtner é tema de evento cultural em Porto Alegre. A nova edição do programa “Roda de Cultura” leva ao Espaço HPM o pesquisador Marco Aurélio Biermann.

Localizado no Centro Histórico de Porto Alegre, o Espaço Cultural do Hotel Praça da Matriz (HPM) recebe para mais uma edição de seu  tradicional programa “Roda de Cultura”, sempre com uma conversa descontraída entre o público e figuras-chave dos mais variados segmentos. O convidado da vez é Marco Aurélio Biermann, pesquisador da trajetória do pintor e gravador porto-alegrense Pedro Weingärtner (1853-1929). Intitulada “Pedro Weingärtner por detrás da tela”, a atividade é aberta a qualquer interessado e tem entrada gratuita, porém com vagas limitadas.

“Nossa conversa terá como foco aspectos menos conhecidos da vida e obra de Weingärtner, que circulou pela efervescente cena cultural europeia da virada do século 19 para o 20, pintando na Alemanha, Itália e França”, ressalta Biermann, que há mais de 20 anos se dedica ao tema. “Ele foi o primeiro artista plástico gaúcho de projeção internacional, em uma época na qual o Rio Grande do Sul sequer tinha galerias de arte.”

 

Originais de Juarez Machado.

13/out

Juarez Machado é o artista que transforma a vida em cena. Entre pinceladas, cores e gestos, ele construiu uma das carreiras mais marcantes da arte brasileira, uma narrativa onde o cotidiano se torna espetáculo, e cada obra, um fragmento de história.

Artista de trânsito internacional, agora, parte dessa trajetória ganha vida na Galeria Dom Quixote, CasaShopping, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ, através da exposição “O Contador de Histórias”, reunindo mais de 80 obras originais.

Sobre o artista.

Juarez Machado nasceu em 1941 em Joinville, Santa Catarina. Pintor, escultor, desenhista, caricaturista, cenógrafo e escritor. Aos 14 anos, trabalhou em uma oficina gráfica, no setor de produções de rótulos de remédios, embalagens e cartazes para laboratórios. Aos 18 anos Juarez Machado, resolveu explorar outras cidades, indo para Curitiba onde matriculou-se na Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Logo ao se formar, realizou sua primeira individual na Galeria Cocaco, dando início a sua carreira de contínuo sucesso. Em 1965, mudou-se para o Rio de Janeiro. Em 1978 mudou para Paris, onde fez seu terceiro ateliê, mas antes, visitou Nova York, Londres, Itália, Dinamarca, Chipre, Israel e Grécia onde tomou partido dos acontecimentos do universo artístico de cada região. Ganhou o prêmio da 5ª Bienal de Arte da Itália, prêmio Cenários em Televisão, prêmio “Barriga Verde” de Artes Plásticas de Santa Catarina, prêmio Nakamori, Japão, pelo melhor livro infantil, entre outros. Sua cidade natal (Joinville), deu-lhe o título de Cidadão Honorário em 1982, e o presidente da República concedeu-lhe a Ordem do Mérito de Rio Branco, em 1990. Divide suas atividades entre a França e o Brasil.

Até 16 de novembro.

 

Intervenção artística no Museu Emílio Goeldi.

10/out

“O museu é o mundo”, anunciou o tropicalista Hélio Oiticica. 

Em “Um rio não existe sozinho”, o museu é a própria Natureza. A mostra coletiva – em parceria com o Instituto Tomie Ohtake – transforma o Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém, Pará, uma instituição centenária e referência na produção de ciência na Amazônia,  em um percurso de arte viva. A mostra segue em cartaz até o dia 30 de dezembro, com obras inéditas de nove artistas, e propõe uma experiência imersiva onde as obras se misturam à fauna e flora, conectando ciência, meio ambiente e arte contemporânea para ecoar vozes dos povos da floresta e a mensagem urgente de preservação da maior floresta tropical do planeta.

“Esta ilha de biodiversidade existe em um planeta em colapso. Não é escapismo, é um lembrete do que está em jogo”, afirma Sabrina Fontenele, curadora do Instituto Tomie Ohtake. “A floresta não é cenário, é sujeito político ativo e pulsante”, completa Vânia Leal, curadora convidada.

Sobre as obras e os artistas.

A mostra é o resultado de um longo processo de imersão, que envolveu viagens de pesquisa e encontros entre artistas, mestres tradicionais, cientistas, arquitetos e ativistas. “Um rio não existe sozinho” reúne obras que exploram a relação profunda entre natureza, cultura e memória. Sallisa Rosa, de Goiás, traz uma instalação em barro que resgata o ciclo entre terra e água, enfatizando o cuidado essencial com os rios que nos conectam. Já Rafael Segatto, do Espírito Santo, utiliza remos e cores para criar uma cartografia afetiva que remete às memórias e espiritualidades do mar, apontando caminhos invisíveis que nos guiam. No Pará, o artista PV Dias propõe um vídeo mapping que sobrepõe imagens históricas do acervo do Museu Emílio Goeldi com registros atuais, revelando as marcas ambientais que insistimos em ignorar. Noara Quintana, de Santa Catarina, chama atenção para a fragilidade do ecossistema ao recriar espécies ameaçadas a partir de registros antigos, enquanto Elaine Arruda, também do Pará, narra em sua obra a travessia de três gerações ao longo do Rio Tijuquaquara, bordando memórias femininas na dança das marés. A crise climática ganha formas visuais nas paisagens térmicas de Mari Nagem, de Minas Gerais, que transforma dados da seca histórica de 2023 no Lago Tefé em um alerta urgente. O ativismo indígena se manifesta nas instalações de Gustavo Caboco, do povo Wapichana, que desafia nomes coloniais como o da vitória-régia para reivindicar memória e território. Déba Tacana, de Rondônia, conecta ancestralidade e futuro por meio da cerâmica e do vidro fundido, refletindo sobre direitos humanos e meio ambiente. Francelino Mesquita utiliza materiais naturais como o miriti para criar esculturas que simbolizam a luta pela preservação da floresta e os saberes ancestrais, ressaltando que, apesar da leveza da matéria, a mensagem é pesada: sem floresta, não há futuro.

 

Parceria anunciada em corepresentação.

09/out

A Almeida & Dale, São Paulo, SP, anuncia a corepresentação de Rayana Rayo (1989, Recife, PE) em parceria com a galeria Marco Zero, de Recife. 

A obra de Rayana Rayo nasce de processos profundamente pessoais. Suas pinturas, que evocam paisagens ou organismos vegetais, constituem um bioma próprio, que responde a experiências sensíveis e a elaborações subjetivas. Rayana Rayo parte de formas fundamentais e de uma paleta de cores rebaixada para criar fabulações em suas pinturas, das quais emergem formas que aludem a montes, ilhas, paisagens aquáticas e abissais, além de plantas, bichos e outros seres que se destacam do fundo e cintilam na superfície da tela. 

De caráter onírico, suas representações não buscam correspondência imediata com o mundo exterior. Ainda que este seja sugerido em suas formas, para a artista, a pintura se afirma como um instrumento de materialização de memórias, desejos e experiências cotidianas, ao mesmo tempo em que estabelece diálogo com a tradição artística pernambucana. “Nunca é algo dado, eu sempre faço escolhas no momento e que tem a ver com o meu momento durante a pintura. Se eu estou triste, se eu estou feliz, se eu estou querendo trazer um problema muito sério, se eu estou querendo desejar algo e intenciono esse algo. (…) E tenho também uma vontade de trazer potência para aquela materialidade. Não é só uma pintura, é um objeto que eu empodero. Então, é um pouco de mim de uma maneira energética dentro da pintura”.  

Sobre a artista.

Atualmente, Rayana Rayo apresenta Yo soy semilla, individual na galeria Travesía Cuatro, em Guadalajara, no México. Em São Paulo, a artista exibe a pintura, Descansando um pouco (2025), comissionada para a exposição A terra, o fogo, a água e os ventos – Por um Museu da Errância com Édouard Glissant, com curadoria de Ana Roman e Paulo Miyada, no Instituto Tomie Ohtake. Também a convite da instituição, a artista realizou uma residência promovida pela Édouard Glissant Art Fund, na residência onde viveu o poeta e filósofo na Martinica. Ainda em 2025, Rayana Rayo realizou a exposição Nas restingas, onde sonha o coração, com curadoria de Galciani Neves, na galeria Marco Zero; além de participar da coletiva Entre colapsos e encantamentos, na Galeria ReOcupa, em São Paulo. Participou, ainda, de Surge et veni, Millan, São Paulo (2024); Invenção dos reinos, Oficina Francisco Brennand, Recife (2023); Solar nascente, Solar dos Abacaxis, Rio de Janeiro (2022), entre outras. Sua obra integra o acervo da Pinacoteca de São Paulo e do REC Cultural, em Recife.

 

Macaparana é o novo artista representado.

A Simões de Assis São Paulo, Curitiba e Balneário Camboriu, SC, anuncia a representação de Macaparana (n. 1952). José de Sousa Oliveira Filho, pintor e escultor, tornou-se mais conhecido como Macaparana, nome artístico adotado em referência à cidade onde nasceu, no interior de Pernambuco, a 120 km da capital do estado.

Sua obra se desenvolve em diferentes suportes, como papel, tela, madeira, acrílico, vidro e cerâmica. A geometria, ora reta, ora curvilínea, dá forma à triângulos, quadrados, retângulos, hexágonos e formas inventadas, que se articulam e se repetem em suas composições visuais. O artista opera a linha do desenho projetada no espaço, estabelecendo um diálogo entre o bidimensional e o tridimensional em uma geometria não rígida, influenciada por Torres García e marcada por uma abordagem espontânea e investigativa do gesto. 

Seu trabalho está presente nas coleções do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – MASP, São Paulo; Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM, São Paulo; Pinacoteca do Estado de São Paulo; Museu de Arte Contemporânea MAC – USP, São Paulo; Museu de Arte Brasileira Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP, São Paulo e Fundação Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto. 

 

Festival Internacional de Arte Naif em Brasília.

Com entrada gratuita, a sexta edição do Festival Internacional de Arte Naif (FIAN) chegou à CAIXA Cultural Brasília, até 07 de dezembro, reunindo 96 trabalhos de artistas de 20 estados brasileiros e de 15 países. O termo “Arte Naïf”, de origem francesa, remete à ideia de arte ingênua, popular. Essa manifestação artística valoriza temas cotidianos e manifestações culturais em obras coloridas, frequentemente produzidas por artistas autodidatas. O FIAN se firma como um movimento de fortalecimento da estética Naïf, ainda pouco reconhecida pelo sistema formal artístico. Com um caráter não hegemônico, o festival propõe uma abertura de espaço e de discurso para artistas que retratam, com autenticidade, o cotidiano, a religiosidade, a cultura e as memórias coletivas.

A curadoria desta edição é assinada por Jaqueline Finkelstein (ex-diretora do Museu Internacional de Arte Naïf – MIMAN/RJ), Jacques Dupont (colaborador do Museu Internacional de Arte Naïf de Magog, Canadá) e Pedro Cruz (sócio fundador da Galeria André Cunha de Arte Naï, Paraty, RJ), que selecionaram os trabalhos a partir de critérios como originalidade, qualidade plástica, caráter autoexplicativo e fidelidade à estética Naïf.

Idealizado e coordenado pelo artista paraibano Adriano Dias, o FIAN já é referência no cenário artístico, reunindo nomes de diferentes gerações e países. “O festival consiste em uma plataforma de visibilidade para a arte Naïf, uma linguagem que fala de pertencimento, memória e identidade. Nosso compromisso é dar voz a essa produção que, apesar de sua força, segue invisibilizada em muitos espaços institucionais”, afirma Adriano Dias. A sexta edição do FIAN presta homenagem à artista carioca Vera Marina, radicada em Brasília e reconhecida por sua trajetória dedicada à arte Naïf. O evento de abertura foi realizado em 08 de outubro e contou com a presença de nomes nacionais e internacionais, como o venezuelano Maldonado Dias, o idealizador Adriano Dias e a homenageada Vera Marina, reforçando o caráter plural e coletivo do festival.

 

A grande aldeia cultural.

07/out

Encontro de escritores e artistas indígenas completa 20 anos e se torna um marco. O evento acontecerá no Museu de Arte do Rio e na Fundação Casa de Rui Barbosa com uma programação totalmente gratuita.

Completando 20 anos, o “Encontro de escritores e artistas indígenas” será realizado nos dias 15, 16 e 17 de outubro no Museu de Arte do Rio (MAR) e no dia 18 de outubro na Fundação Casa de Rui Barbosa. Idealizado pelo escritor e educador Daniel Munduruku, com a coordenação da professora de literatura da Universidade Federal Fluminense (UFF), Claudete Daflon, em parceria com a Coordenação de Pesquisa e Políticas Culturais do Museu Nacional dos Povos Indígenas (MNPI), o evento conta com a realização do Ministério da Cultura (MinC), por meio da Secretaria de Formação Artística e Cultural, Livro e Leitura (Sefli) e apoio da Fundação Casa de Rui Barbosa, com o apoio do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), por meio do Museu Nacional dos Povos Indígenas, órgão científico-cultural da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). A ação tem como ponto de partida o protagonismo indígena na área cultural. A programação inclui mesas de conversas, lançamentos de livros, roda de poesia, apresentações musicais, oficinas de ilustração e atividades para crianças, tudo de graça e aberto ao público. 

“Ao completar seu 20º Encontro, queremos celebrar os muitos avanços que foram acontecendo na sociedade brasileira, o aumento numérico de escritores e artistas indígenas, a abertura do mercado editorial e livreiro, as políticas públicas que se desenvolveram a partir desse feito, os prêmios e reconhecimentos recebidos pelos autores e autoras, o virtuoso aumento de publicações universitárias trazendo a literatura como objeto de pesquisa, o ingresso do primeiro escritor indígena na academia brasileira de letras, entre outras tantas conquistas”, afirma Daniel Munduruku. 

A edição deste ano acontece ampliada, com mais participantes, e inclui atividades educativas voltadas para a formação de professores. Essa grande aldeia cultural contará com personalidades indígenas de destaque, como Gustavo Caboco, artista plástico e criador do Selo Editorial Picada; Fernanda Kaingang, advogada, escritora, arte educadora e doutora pela Universidade de Leiden-Holanda; Ademário Payayá, dramaturgo e escritor; Jaime Diakara, professor, escritor e ilustrador; Eva Potiguara, escritora; Moara Tupinambá, poeta e artista plástica; Uziel Guayné, artista plástico e escritor do Povo Maraguá/AM, as lideranças indígenas Marcos Terena, Catarina Tupi Guarani e Darlene Taukane, entre muitos outros. Na abertura oficial do evento, haverá a conferência “Vozes Ancestrais: O tênue fio entre literatura e oralidade”, com Daniel Munduruku, curador do evento, escritor, educador e fundador do Selo Uka Editoria.