Pinturas inéditas de Gabriela Melzer.

28/ago

A Galatea, em parceria, anuncia a exposição “Gabriela Melzer: Delírios solares”, que ocorre entre 03 de setembro e 03 de novembro na Galeria Filomena do Hotel Rosewood, em São Paulo. Primeira individual da artista Gabriela Melzer na cidade, a mostra tem a curadoria de Marc Pottier e reúne pinturas inéditas que trazem o sol como figura central.

Em entrevista a Marc Pottier, Gabriela Melzer comenta:

“Vejo essa exposição como um desdobramento natural do que tenho explorado nos últimos tempos, mas com uma energia nova, um elemento extra. Trouxe o sol como símbolo central, não apenas como luz ou calor, mas como potência, vitalidade e força transformadora. Ao mesmo tempo, mantive diálogos que sempre estiveram presentes na minha pintura: limites e continuidade, fluidez e tensão, contrastes e opacidades, movimento, encontros e desencontros. Há também uma aceitação mais consciente da imperfeição, do inesperado.”

A expressão “Delírios solares”, que dá título à mostra e a um dos trabalhos apresentados, remete ao diálogo entre permanência e transformação, bem como ao entrelaçamento das noções de energia, caos e ordem que atravessam as obras. Espelhando o sol, organismo em constante mutação que carrega em si tanto vitalidade quanto colapso, as pinturas surgem de um processo que oscila entre impulso e consciência, intuição e cálculo. A palavra delírio, portanto, traduz a entrega a um fluxo imprevisível, em que formas e cores emergem de forças que ultrapassam o controle, revelando a beleza de um certo equilíbrio instável que move a criação.

Um artista da cerâmica.

Maragogipinho, povoado com pouco mais de 3 mil habitantes em Aratuípe, no poético Recôncavo Baiano, guarda um dos maiores tesouros da arte popular brasileira: a cerâmica. Com cerca de 200 olarias, o local abriga o maior polo cerâmico da América Latina, moldado há gerações pelos saberes afro-indígenas.

Nesse cenário de barro, tradição e resistência, desponta o mestre Almir Lemos, artista que transforma argila em poesia. Reconhecido pela artista plástica Adriana Varejão, que visitou Maragogipinho e se encantou com sua obra, Almir Lemos foi descrito como “um artista da cerâmica muito sensível, extremamente sofisticado e comprometido com sua pequena produção”.

Agora, Almir Lemos se prepara para um novo capítulo: ele será destaque no estande da galeria baiana Paulo Darzé durante a SP-Arte Rotas 2025, que acontece entre os dias 28 e 31 de agosto, na ARCA-SP, em São Paulo.

“No meu caso, o barro é bruto, não tem como eu direcionar. Por isso que as peças sempre são únicas, porque é o barro que direciona, eu sou apenas o condutor”, afirma o artista.

Cerâmica como herança viva

Em Maragogipinho, a cerâmica vai muito além do artesanato. É um legado ancestral dividido entre funções específicas e coletivas: os barreiros buscam o melhor material; os amassadores pisam o barro; os empeladores moldam as formas; e os mestres ceramistas dão vida à peça. O processo termina nas mãos das brunideiras, que polem e pintam as obras antes da queima. Almir Lemos é um desses condutores da memória. Suas peças falam de território, história e pertencimento. Agora, vão dialogar com o grande público do circuito nacional de arte contemporânea.

Fonte: Alô, alô Bahia.

Wilma Martins: territórios interiores.

22/ago

A Galatea, apresenta “Wilma Martins: territórios interiores”, individual da artista Wilma Martins, com obras da emblemática série “Cotidiano”, a ser inaugurada no dia 23 de agosto em sua unidade da rua Padre João Manuel, em São Paulo. A mostra conta com texto crítico assinado pela pesquisadora e curadora Fernanda Morse.

Desenvolvida entre 1974 e 1984, “Cotidiano” é considerada a série mais conhecida da artista. Nela, cenas de interiores domésticos – como salas, cozinhas e quartos – se entrelaçam com rios, plantas e animais, criando composições onde o real e o imaginário se encontram em harmonia. A brancura intimista dos espaços privados contrasta com a vitalidade orgânica da natureza, revelando um olhar poético e silenciosamente subversivo sobre os pequenos gestos da vida cotidiana.

A série foi redescoberta na exposição “Cotidiano e Sonho”, retrospectiva realizada em 2013, com curadoria de seu marido, Frederico Morais, importante crítico e historiador de arte brasileiro. Essa será a primeira exposição dedicada à artista desde a retrospectiva póstuma “Wilma Martins: território da memória”, realizada em 2023. É, também, uma oportunidade rara de ver um escopo tão abrangente da série “Cotidiano” reunido em uma só exposição.

Em cartaz até 18 de outubro.

Destaque na Bienal de São Paulo.

Nascido em Salvador, o artista plástico Sérgio Soarez, de 56 anos, será um dos destaques da 36ª Bienal de São Paulo, que acontece de 06 de setembro a 11 de janeiro de 2026. Com mais de três décadas de trajetória e pouca inserção no mercado formal, Sérgio Soarez foi escolhido pessoalmente pelo curador camaronês Bonaventure Soh Bejeng Ndikung antes mesmo da definição do elenco completo da mostra.

Com obras que misturam ferro e madeira, em diálogo com a mitologia afro-brasileira, o baiano já expôs individualmente no Museu Afro-Brasileiro, em Salvador, mas enfrentou longos períodos de invisibilidade e chegou a viver por três meses em um terreno baldio ao tentar espaço no circuito paulista. Para Bonaventure Soh Bejeng Ndikung, Sérgio Soarez integra uma linhagem de grandes nomes como Abdias Nascimento, Rubem Valentim e Emanoel Araujo. “Ele traduz emoções em objetos melhor do que muitos artistas que conheço”, afirmou o curador ao Valor Econômico. Na Bienal, Sérgio Soarez apresentará 18 obras. Mesmo com o reconhecimento tardio, ele segue criando com consistência, explorando narrativas e símbolos ligados às culturas iorubá e banto.

Sobre o artista

Sérgio Soarez nasceu em Salvador, 1968. Mora em Salvador, é artista multidisciplinar, pesquisador, escritor, músico, ativista e arte-educador. A obra de Sérgio Soarez incorpora materiais reaproveitados e a iconografia de sua religião, o candomblé, na qual detém o título de ogã. O artista tem como referências Mestre Didi, Rubem Valentim e Emanoel Araújo. As esculturas, joias, ilustrações e elementos de cenografia de Sérgio Soarez foram apresentados em exposições coletivas dentre as quais, Afro como ascendência, arte como procedência no Sesc Pinheiros (São Paulo, 2014) e na 25ª Exposição Afro-Brasileira de Palmares (Londrina, 2011). A primeira exposição individual do artista foi realizada no Museu Afro-Brasileiro da Universidade Federal da Bahia em 2014.

Fonte: Redação Alô Alô Bahia.

Duas exposições na Simões de Assis.

21/ago

A Simões de Assis, Jardins, São Paulo, SP, apresenta duas exposições com abertura no dia 30 de agosto. “É pela linha que se desenha: Geometrias Latino-Americanas”, coletiva que reúne obras de Olga de Amaral, Carmelo Arden Quin, Ana Teresa Barboza, Eamon Ore-Giron, Maria Leontina, Mano Penalva e Eduardo Terrazas.

Com texto crítico de Miguel López, a mostra aborda temas como pertencimento e migração, tradição e experimentação, tensionando preceitos modernos e a contemporaneidade. Em comum, esses artistas compartilham uma crença profunda na capacidade da arte de imaginar e representar diferentes ideias e modelos de mundo, por meio de linguagens variadas como pintura, escultura, suportes têxteis, mosaicos e móbiles.

Seus trabalhos exploram escalas que oscilam entre o micro e o macro, o terreno e o cósmico, o íntimo e o coletivo, confrontando diferentes perspectivas latino-americanas sobre geometria, abstração formal e intuitiva, iconografias espirituais e práticas artesanais.

Até 11 de outubro.

Mika Takahashi

Noctiluca

A Simões de Assis apresenta “Noctiluca”, primeira individual de Mika Takahashi em São Paulo. A artista investiga a relação entre os reinos da vida – Animalia, Plantae, Fungi e Archaea, dando ao espectador a chance de apreciar a qualidade aquosa e etérea que a artista desenvolve de maneira singular em suas pinturas.

Com influência tanto do impressionismo como da tradição visual japonesa, especialmente do período Edo, sua técnica é marcada por uma adaptação do sumiê, que mistura pinceladas intuitivas com sobreposições de camadas de tinta. Suas obras transitam entre ciência e ficção científica, dissolvendo o registro natural e explorando relações entre espécies e seus ambientes. A mostra conta com 11 obras inéditas e texto crítico de Lucas Albuquerque.

Até 11 de outubro.

Eduardo Sued 100 anos.

20/ago

Uma celebração da longevidade criativa e da constante reinvenção na obra de um mestre da pintura brasileira.

A Galeria Mayer Mizrahi, Jardim Paulista, São Paulo, SP, inaugura sua nova sede com uma exposição que destaca a trajetória do artista Eduardo Sued. Com curadoria de Denise Mattar, a mostra apresenta 25 obras selecionadas que percorrem momentos essenciais da carreira do pintor, revelando sua capacidade singular de dialogar com a tradição sem jamais abrir mão da inovação. Com um século de vida recém-completado, Eduardo Sued permanece ativo e em plena produção, reafirmando seu papel de destaque na cena artística nacional. Sua obra evidencia uma profunda investigação sobre a cor, a textura e a forma, traduzida em uma linguagem visual que combina rigor e liberdade, reflexão e emoção.

Intitulada “Eduardo Sued – 100 anos”, a exposição reúne 25 obras que atravessam diferentes fases da produção do artista, com ênfase em trabalhos realizados a partir dos anos 1990 até criações inéditas de  2020. A seleção, feita por Denise Mattar, evidencia a coerência e, ao mesmo tempo, a permanente renovação formal que marca sua trajetória. Entre pinturas e colagens, destacam-se os trabalhos com superfícies prateadas e douradas, nas quais Eduardo Sued explora o brilho como campo de tensão óptica. As composições que incorporam réguas de madeira colorida, recorrentes em décadas recentes, também estão presentes, revelando o interesse contínuo do artista pela expansão do espaço pictórico e pela presença física da cor. Trata-se de uma obra que “instaura um silêncio cromático feito de vibração e contenção. Sued não ilustra, não narra, não representa. Ele simplesmente pinta, e sua pintura nos envolve por aquilo que tem de radical, de íntegra, de essencial.”, define a curadora.

A exposição é mais que uma homenagem: é um testemunho vivo da inquietação de um artista que, aos 100 anos, continua desafiando os limites da linguagem visual e propondo novas possibilidades para a pintura contemporânea. Denise Mattar lança luz sobre a densidade e a longevidade do percurso de Eduardo Sued, reunindo obras que dialogam entre si e revelam momentos-chave de inflexão em sua trajetória. O conjunto inclui uma pintura rara da década de 1970 que, embora anterior à consolidação de seu vocabulário geométrico característico, já aponta para elementos que se tornariam estruturais em sua obra – como os planos em diagonal e o uso da cor como agente de expansão espacial. Ao criar tensões entre o plano e o tridimensional, Eduardo Sued amplia o campo da pintura e afirma seu compromisso radical com a reinvenção da forma. Outro núcleo de destaque da mostra são as quatro colagens produzidas durante a Pandemia, trabalhos marcados pela contenção e delicadeza. Neles, a justaposição de papéis de diferentes texturas e tons cria uma vibração silenciosa, de síntese rigorosa e surpreendente frescor. Mesmo aos 100 anos, Eduardo Sued demonstra vitalidade e liberdade criativa plenas – como se cada obra fosse a primeira, e nenhuma precisasse ser a última.

Celebrar os cem anos de Eduardo Sued não é apenas reconhecer a longevidade de um artista fundamental, mas reafirmar sua pertinência. A exposição não se constrói como uma homenagem retrospectiva, e sim como a afirmação de uma obra viva – em constante movimento, em contínuo estado de invenção. Mais do que revisitar uma trajetória, “Eduardo Sued – 100 anos” convida o público a experimentar, no presente, a vitalidade de uma pintura que permanece atenta, pulsante e necessária.

Até 04 de outubro.

Utensílios emblemáticos.

19/ago

Em 30 de agosto, Ana Elisa Egreja inaugura Horizonte dourado, na Almeida & Dale, Vila Madalena, São Paulo, SP. A exposição apresenta a produção recente da artista e tem curadoria de Lilia Schwarcz.

Uma nova série de pinturas de pratos Duralex, em composições com peças de jogos americanos, ganha destaque na mostra. Nela, Ana Elisa Egreja volta seu olhar a esses utensílios emblemáticos, expandindo sua investigação sobre objetos do ambiente doméstico e suas reverberações históricas e afetivas por meio de virtuosas representações de alimentos e dos efeitos do vidro.

A mostra reúne, ainda, um conjunto de pinturas com aplicações de folha de ouro, criando novos diálogos entre a produção da artista e a representação pictórica na História da Arte, mais especificamente a do período Medieval. São naturezas-mortas e grandes cenas de interior nas quais motivos do cânone artístico e da cultura popular brasileira se misturam.

A mostra permanecerá em cartaz até 25 de outubro.

Tito Terapia – novo artista representado.

18/ago

A Galatea tem o prazer de anunciar a representação do artista Tito Terapia (1977, São Paulo) e sua participação na SP-Arte Rotas 2025 com um conjunto inédito de obras produzidas especialmente para a ocasião.

Paulo Henrique Gonçalves, conhecido artisticamente como Tito Terapia, nasceu na Zona Leste de São Paulo. Sua trajetória no campo das artes começou em 1993, com a prática da pichação. Em 2020, conheceu o pintor e gravador Rodrigo Andrade, que conduzia um grupo de pintura ao ar livre, ocasião em que teve seu primeiro contato com a pintura e com a arte contemporânea. Desde então, passou a desenvolver uma pesquisa própria, unindo referências da tradição pictórica e da chamada arte popular brasileira a um vínculo com o território onde vive e trabalha.

Tito produz pinturas em pequeno e médio formato, elaboradas com pigmentos naturais preparados a partir de terras coletadas na Zona Leste. Embora tenha iniciado a sua trajetória com a pichação, sua produção atual aponta para um caminho diverso, voltando-se para pinturas que transitam entre gêneros caros à tradição figurativa, como a paisagem e a natureza-morta, além de incorporar tanto cenas observadas e registradas fotograficamente quanto paisagens inventadas.

Esses trabalhos mesclam elementos do cotidiano e da memória, preservando histórias de lugares que já não existem e que em muitos casos foram engolidos pela especulação imobiliária. O processo manual e o uso de materiais locais reforçam a conexão entre sua produção e o território, atribuindo às telas um sentido de pertencimento e resistência.

Sua primeira participação em uma exposição foi em 2023 no Centro Cultural Diadema, na mostra Horizontes desvelados: avistamentos, ainda com a linguagem do pixo. No mesmo ano, ele expôs suas obras em pintura no leilão do coletivo ali:leste no espaço de arte Auroras e na coletiva Refundação, na Galeria Reocupa, da Ocupação 9 de Julho. Em 2024 expôs ao lado de Link Museu e Evandro Cesar em Atropelo, na Sala 24 de Maio; participou da coletiva Ar Livre: paisagem contemporânea em Cidade Tiradentes no Centro Universitário Maria Antônia; expôs em Situações/paisagens urbanas na Galeria Berenice Arvani e no Espaço Delirium, com a mostra Ágora. Mais recentemente, participou da coletiva Pequenas pinturas no espaço Auroras (2025). Tito também já ministrou duas oficinas de artes, na Fábrica de Cultura Cidade Tiradentes (2023) e no Sesc Itaquera (2024).

Fotografias de Maureen Bisilliat.

12/ago

Coincidindo com o calendário da 36ª Bienal de São Paulo, a Galeria Marcelo Guarnieri, Jardins, São Paulo, SP, apresenta, entre 23 de agosto e 26 de setembro, “O Turista Aprendiz”, exposição de Maureen Bisilliat que, posteriormente, seguirá em itinerância para Ribeirão Preto. A mostra reúne grande parte do material original apresentado na Sala Especial “O Turista Aprendiz” na 18ª Bienal de São Paulo em 1985: o filme “Decantando as Águas – O Turista Aprendiz Revisitado” e  cerca de 130 fotografias que foram feitas por Maureen Bisilliat e ampliadas sob a supervisão de Thomaz Farkas.

A Sala Especial “O Turista Aprendiz”, apresentada na 18ª Bienal de São Paulo, partiu de uma proposta de Maureen Bisilliat de estabelecer um diálogo com o livro homônimo de Mário de Andrade, publicado em 1947 a partir dos diários de viagens realizadas pelo escritor e folclorista em 1927 pelo Norte do Brasil e em 1928-1929 pelo Nordeste. Naquele momento, Maureen Bisilliat retomou os escritos do turista aprendiz, e se propôs a refazer algumas daquelas viagens. Junto a Dorian Taterka e Lúcio Kodato, Maureen Bisilliat percorreu e registrou, durante cinco semanas, imensidões aquáticas, de Belém a Manaus pelo Rio Amazonas e até Porto Velho pelo Rio Madeira. Junto ao amigo e arquiteto Antonio Marcos Silva, ela concebeu o espaço expositivo na Bienal como uma sala escura que remetia ao negro dos rios e uma expografia sinuosa que remetia às suas curvas. Era uma grande instalação composta por fotografias, indumentárias e artefatos populares relacionados a ritos sagrados e profanos.

Além do filme “Decantando as águas – O turista aprendiz revisitado” e das cerca de 400 fotografias realizadas por Maureen Bisilliat, foram apresentadas 50 fotografias realizadas por Mário de Andrade entre os anos de 1927 e 1929 acompanhadas por alguns trechos de seu diário. As fotografias de Maureen Bisilliat apresentadas naquela ocasião abandonavam a dualidade do preto e branco e davam conta de explorar a ampla gama de cores que compõem a diversidade da cultura brasileira do Norte e Nordeste.

A celebração dos quarenta anos da apresentação da Sala Especial “O Turista Aprendiz” na 18ª Bienal de São Paulo coincide com os quarenta anos de atividade da Galeria Marcelo Guarnieri, que abriu a sua primeira unidade em agosto de 1985 na casa número 1903 da Av. 9 de julho, em Ribeirão Preto.  É uma celebração que, ao ser concebida como uma exposição realizada nas duas unidades da galeria, considera o deslocamento como um fator basilar na prática e poética de Maureen Bisilliat, assim como no modo de funcionamento da galeria.

1985: O Turista Aprendiz

Esta exposição começa com uma viagem. Uma viagem realizada em 1927 que teve muitos desdobramentos no tempo e formas no espaço. Ela se desdobrou em diários, livros, fotografias, filmes, outras exposições e outras viagens. A história começa com Mário de Andrade, que, como parte de suas pesquisas sobre o folclore e a cultura popular brasileira, percorreu o Norte e o Nordeste do país entre os anos de 1927 e 1928-1929, atento aos seus modos de vida e às suas manifestações culturais e religiosas. Sendo também poeta e escritor, registrou as impressões dessas viagens em diários de bordo. Um espaço íntimo que tornaria-se público 20 anos depois, quando editado em formato livro sob o título “O Turista Aprendiz”. Além do texto, Mário de Andrade também fez uso da imagem, registrando com sua máquina Kodak seus instantes de trabalho e lazer em mais de 500 fotografias.

Wilma Martins na Galatea.

A Galatea apresenta “Wilma Martins: territórios interiores”, individual da artista Wilma Martins, com obras da emblemática série “Cotidiano”, a ser inaugurada no dia 23 de agosto em sua unidade da rua Padre João Manuel, em São Paulo. A mostra conta com texto crítico assinado pela pesquisadora e curadora Fernanda Morse.

Desenvolvida entre 1974 e 1984, “Cotidiano” é considerada a série mais conhecida da artista. Nela, cenas de interiores domésticos – como salas, cozinhas e quartos – se entrelaçam com rios, plantas e animais, criando composições onde o real e o imaginário se encontram em harmonia. A brancura intimista dos espaços privados contrasta com a vitalidade orgânica da natureza, revelando um olhar poético e silenciosamente subversivo sobre os pequenos gestos da vida cotidiana.

A série foi redescoberta na exposição “Cotidiano e Sonho”, retrospectiva realizada em 2013, com curadoria de seu marido, Frederico Morais, importante crítico e historiador de arte brasileiro. Essa será a primeira exposição dedicada à artista desde a retrospectiva póstuma “Wilma Martins: território da memória”, realizada em 2023. É, também, uma oportunidade rara de ver um escopo tão abrangente da série “Cotidiano” reunido em uma só exposição.

Em cartaz até 18 de outubro.