A Fermata Erótica na Galeria Marcelo Guarnieri.

06/jun

 A Galeria Marcelo Guarnieri, Jardins, São Paulo, SP, apresenta, entre 14 de junho e 31 de julho, “Fermata Erótica”, terceira mostra do artista José Carlos Machado (Zé Bico). A exposição reúne um conjunto de 27 esculturas realizadas durante os últimos três anos e outras 9 realizadas entre os anos de 2020 e 2021, exibidas pela primeira vez. A partir da força magnética dos ímãs, Zé Bico dá continuidade à sua investigação sobre o equilíbrio e a instabilidade, explorando, através de objetos em chapa metálica, ferro, aço, feltro e areia, as tensões entre a força gravitacional e a matéria. A exposição conta com texto de apresentação do artista e curador Rafael Vogt Maia Rosa.

Ter trabalhado por tantos anos com ímãs na produção de suas obras permitiu a Zé Bico desenvolver uma prática baseada em movimentos sutis, de cálculos exatos, gerados não por métodos teóricos, mas sim empíricos. Em “Fermata Erótica”, o artista apresenta peças em diferentes escalas e alturas, contrapondo a dureza e a ortogonalidade de blocos e cilindros de ferro ao movimento curvo das fitas metálicas. Firmes em suas bases, essas esculturas relacionam-se com o espaço através dos vazios contornados por linhas sinuosas e formas abauladas que remetem ao símbolo da fermata. É um exercício que busca desacelerar a força de atração magnética, que por sua natureza impetuosa, se satisfaz na estabilidade do encontro imediato dos pólos opostos. Como define Maia Rosa em seu texto: “A fermata é a arte da suspensão. Não se trata de paralisar o tempo, mas de prolongá-lo. Esticar o instante até que ele vibre como uma promessa do que ainda não veio – como na notação musical, não marca um fim, mas a indeterminação do tempo extra que é do corpo do intérprete, do desejo que se recusa a seguir o previsto.”

Em uma das paredes laterais, Zé Bico apresenta “Porradinhas”, um conjunto de 9 peças em imã de ferrite produzidas entre os anos de 2020 e 2021, exibidas pela primeira vez. Maia Rosa as descreve como uma “série sustentada pela convicção de que o acidental é ao mesmo tempo intermediário e irremovível, sugere que não devemos atacá-lo ou desenraizá-lo em homenagens impotentes, mas transformar os restos em uma malha estruturante, microscópica como ramo insondável de toda sua poética.” Na área central da galeria distribuem-se as esculturas maiores, algumas delas ultrapassam a altura dos nossos corpos e também se curvam. A curvatura, neste caso, é resultado de um movimento provocado pelo seu próprio peso. Pendem e vibram, ora silenciosas, ora ruidosas, ativando um campo sonoro que ressoa em todas as outras esculturas dispostas ao nosso redor. E a partir do encontro com essa presença musical, “Fermata Erótica”, composta por 36 obras no total, parece se revelar em sua disposição seriada como uma partitura imantada e distribuída pelo espaço.

Sobre o artista.

José Carlos Machado (Zé Bico) nasceu em 1950, em São Paulo, SP, cidade onde vive e trabalha. Formado em Arquitetura e Urbanismo pela FAU/USP, José Carlos Machado (Zé Bico) produz e expõe como artista desde meados da década de 1980. Dentre as diversas exposições individuais e coletivas realizadas, destacam-se as seguintes: Projeto Macunaíma, Funarte, Rio de Janeiro, Brasil; O Reducionismo na Arte Brasileira (19ª Bienal de São Paulo), Fundação Bienal de São Paulo, São Paulo, Brasil; Exposição Internacional de Esculturas Efêmeras, Fortaleza, Brasil; O Estado da Arte, Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto.

Grupos inéditos de esculturas em cerâmica.

A Gomide&Co, Cerqueira César, São Paulo, SP, apresenta Fogo Fumo, primeira individual de Tiago Mestre (Portugal, 1978) na galeria. A abertura será no dia 07 de junho, e a exposição segue em cartaz até 09 de agosto. O texto crítico é assinado por Verônica Stigger.

A exposição consiste em uma grande instalação site-specific, composta por diferentes conjuntos escultóricos, que ocupa todo o espaço expositivo. Apresentando grupos inéditos de esculturas em cerâmica, a mostra funciona como uma síntese de aspectos fundamentais da produção do artista, além de aprofundar investigações que têm estado bastante presentes em seu trabalho há alguns anos. Para receber a proposta instalativa de Tiago Mestre, a galeria passou por uma alteração importante em seu espaço expositivo, removendo a parede da fachada que bloqueava a visão entre interior e exterior. Com essa mudança, a exposição passa a funcionar como uma espécie de vitrine na qual as peças em exibição estabelecem um diálogo com a própria cidade.

Para “Fogo Fumo”, Tiago Mestre parte de uma reflexão sobre a tradição da cerâmica portuguesa, com particular atenção para a longa tradição da olaria do Alentejo, onde nasceu e cresceu, propondo uma reelaboração que coloca em perspectiva aspectos históricos, sociais e culturais dos objetos. Assunto ao qual dedica especial atenção mesmo antes de ter começado a trabalhar com escultura em cerâmica, o processo de revisão da produção tradicional da olaria do Alentejo surgiu na trajetória do artista como um ponto de conexão entre sua origem e a noção de espaço advinda da arquitetura, sua primeira formação. Na exposição, Tiago Mestre trata de objetos que não estão mais numa condição estável, apresentando-se como vestígios de um ciclo interrompido no tempo. Uma viga de aço própria da construção civil atravessa o espaço expositivo e funciona como um eixo em torno do qual se organizam diferentes esculturas em cerâmica baseadas em peças utilitárias oriundas no universo da olaria popular de Portugal. As tipologias apresentadas pelo artista inspiram-se num vasto repertório de elementos utilitários populares, como cântaros, jarros, bilhas, ânforas, tigelas, copos e canecas, associados aos antigos espaços de convivência e consumo de álcool e tabaco, como a tasca, a adega e a venda. No entanto, Tiago Mestre interfere nas formas originais desses elementos, criando deformações que remetem à condição de embriaguez provocada pelo consumo das substâncias que tais utensílios costumam conter. Tal intervenção promove o deslocamento desses objetos de seu contexto cotidiano e utilitário para o universo da arte contemporânea, demarcando ao mesmo tempo indícios que remetem ao seu uso em determinada época e lugar.

Em articulação com esse conjunto de obras, a exposição apresenta também esculturas de cachimbos que remetem aos cachimbos de cerâmica branca produzidos em Londres entre meados dos séculos 16 e 19, com reminiscências até os dias de hoje e disseminados em outros centros urbanos na Europa. Mas os cachimbos de Tiago Mestre, por sua vez, apresentam uma configuração sinuosa, contorcida, que remete ao caráter volátil da própria fumaça. As fumaças também estão presentes na exposição, numa configuração não mais atmosférica, mas sim rochosa, quase que como um elemento fóssil. “Se, numa observação mais detida, percebe-se que esse conjunto de obras não constitui uma paisagem, permanece, no entanto, a sensação de caverna e de pré-história,” comenta Verônica Stigger em seu texto para a exposição. A produção de Tiago Mestre é marcada por atravessamentos em diversos campos que se entrecruzam. Originário de Beja, cidade na região do Alentejo, sul de Portugal, o artista mudou-se para o Brasil em 2010, estabelecendo-se em São Paulo. O período coincidiu com sua passagem do meio da arquitetura, sua primeira formação, para as artes visuais – inicialmente com ênfase na pintura, passando em seguida a trabalhar também com escultura e instalação. De modo que sua prática artística é bastante marcada por uma noção de deslocamento tanto territorial quanto disciplinar que embasa sua maneira de lidar com as linguagens que compõem sua produção. Na obra de Mestre, pintura, escultura e instalação acontecem em constante diálogo entre si, superando as fronteiras disciplinares entre os meios. A pintura espelha a experiência escultórica, assim como o elemento escultórico apresenta muitas vezes inserções pictóricas. E um dos principais pontos de partida para pensar uma obra ou exposição é a noção de dispositivo instalativo, ou seja, o trabalho entendido como uma composição sensível que se coloca de maneira crítica no espaço.

Celebrando a visão de Luisa Strina.

05/jun

A exposição coletiva “CRIVO”, marca a perspectiva de Luisa Strina. Está em cartaz na Casa Bradesco, Bela Vista, Cidade Matarazzo, São Paulo, SP. A mostra reúne obras de mais de 30 artistas fundamentais da cena contemporânea que definem a trajetória da galerista Luisa Strina ao longo de suas cinco décadas de atuação.

Com curadoria de Marcello Dantas e Kiki Mazzucchelli, “CRIVO” traça um panorama da arte conceitual desde os anos 1970 até a atualidade, reunindo obras de artistas brasileiros e estrangeiros cujas trajetórias foram acompanhadas ou impulsionadas por Luisa Strina.

Luisa Strina: Pioneirismo e Legado

Reconhecida como uma das figuras centrais da arte contemporânea no país, Luisa Strina construiu, ao longo de sua trajetória, a galeria mais longeva de São Paulo e uma das mais influentes do Brasil. Sua atuação foi decisiva para internacionalizar a arte brasileira: em 1992, Strina tornou-se a primeira galerista latino-americana a participar da prestigiada feira Art Basel na Suíça – por alguns anos, a única brasileira no evento – abrindo caminho para que artistas e galerias do Brasil ganhassem projeção no circuito global. Não por acaso, sua galeria logo se tornou referência no cenário cultural: ao longo dos anos, Luisa Strina figurou diversas vezes na lista Power 100 da revista ArtReview, que elenca as 100 pessoas mais influentes do mundo da arte, e em 2014 foi fotografada por Annie Leibovitz para uma matéria da Vanity Fair sobre as 14 galeristas mais importantes do mundo.

Além de promover a presença brasileira no exterior, Luisa Strina notabilizou-se por descobrir e impulsionar talentos emergentes que se firmaram no circuito artístico. Foi ela, por exemplo, quem apostou no jovem artista Leonilson no início dos anos 1980 – adquirindo de imediato todos os seus trabalhos ao conhecê-lo, em uma decisão que a própria galerista recorda como “a mais rápida” de sua carreira – e lançou nomes como Antonio Dias, Cildo Meireles e Tunga quando estes ainda despontavam na cena nacional. Graças a esse apoio e à visibilidade proporcionada por sua galeria, muitos artistas brasileiros alcançaram reconhecimento bem além das fronteiras do país. Não surpreende, portanto, que Luisa Strina seja frequentemente reverenciada como a “grande dama” das artes visuais no Brasil – uma pioneira cujo rigor estético e paixão pela arte deixaram um legado duradouro. “CRIVO: A Perspectiva de Luisa Strina” celebra justamente esse legado, oferecendo ao público e à imprensa especializada uma oportunidade única de revisitar a contribuição inestimável da galerista para a arte contemporânea em um espaço de 5 mil m² onde a escala de museu permite uma nova dimensão para essa arte.

Entre os nomes da exposição destacam-se pioneiros e consagrados da arte contemporânea, como Cildo Meireles, Tunga, Anna Maria Maiolino e Antonio Dias, ao lado de referências internacionais a exemplo de Alfredo Jaar, Robert Rauschenberg e Doris Salcedo. A mostra inclui também representantes de gerações mais recentes, caso de Cinthia Marcelle, Renata Lucas, Marcius Galan, Alexandre da Cunha, Pedro Reyes, Clarissa Tossin, Leonor Antunes, Eduardo Basualdo, Bruno Baptistelli, Caetano de Almeida, Laura Lima, Jarbas Lopes e Marepe, entre outros – artistas cuja produção dialoga com a perspectiva conceitual moldada pelo “crivo” de Luisa Strina ao longo de décadas.

Até 03 de agosto.

O ruído das estrelas.

A Nara Roesler São Paulo convida para a abertura da exposição “Ruído Estelar”, com 36 obras dos artistas Abraham Palatnik, Amelia Toledo, Artur Lescher, Brígida Baltar, Bruno Dunley, Cao Guimarães, Heinz Mack, Julio Le Parc, Laura Vinci, Mônica Ventura, Paulo Bruscky, Rodolpho Parigi, Tomás Saraceno e Tomie Ohtake. A abertura da exposição será no dia 7 de junho e ficará em cartaz até 16 de agosto.

Luis Pérez-Oramas, diretor artístico da galeria, e o Núcleo Curatorial Nara Roesler selecionaram 36 obras a partir da ideia do ruído das estrelas, identificado em 1932, e localizado em 1974, emitido a partir do centro da Via Láctea, na constelação de Sagitário. Em 1974, se descobriu que a origem do ruído estelar era um gigantesco buraco negro, mais massivo 4,3 milhões de vezes do que o Sol, e resultado de um colapso estelar. A exposição sugere ao público uma metáfora em que o mundo das formas artísticas possa ser compreendido como campos de ressonância, em um constante exercício de tornar atual a energia figural que as constitui e que nunca cessa de se transformar, de se transfigurar.

O ponto de partida foi a “música das estrelas”, ouvida, identificada e registrada pela primeira vez em 16 de setembro de 1932, às 19h10, nos campos de Nova Jersey por Karl Jansky (1905-1950), físico e engenheiro especializado em ondas de rádio. Empregado pelos Laboratórios Bell Telephone, ele tinha a tarefa de estudar as fontes de interferência “estática” nas comunicações radiotelefônicas transatlânticas. Para fazer isso, Karl Jansky construiu um dispositivo receptor de ondas de rádio, e ao longo de três anos conseguiu definir três tipos de recepções estáticas: tempestades próximas, tempestades distantes e o que chamou de “um chiado persistente, também de origem estática, cuja fonte é desconhecida”. Com sua antena giratória, no entanto, Karl Jansky pôde identificar a direção de onde os sinais estavam vindo. O estranho chiado ocorria exatamente a cada 23 horas e 56 minutos – quatro minutos a menos que um dia solar – correspondendo assim à duração de um dia sideral. A maior intensidade registrada em 16 de setembro de 1932 permitiu-lhe sugerir que a origem do ruído não vinha do sistema solar, mas do centro da Via Láctea, na constelação de Sagitário. Alguns dias depois, Karl Jansky afirmou que as ondas de rádio que ele havia captado realmente vinham do “centro de gravidade da galáxia”. Anos depois, em 1974, no Observatório Nacional de Radioastronomia, Bruce Balick e Robert Brown descobriram o objeto no centro da Via Láctea de onde se originava o chiado que Karl Jansky havia registrado: Sagitário A*, o imenso buraco negro, 4,3 milhões de vezes mais massivo do que o sol, e resultado de um colapso estelar.

A partir das obras de Laura Vinci, Abraham Palatnik, Tomás Saraceno, Tomie Ohtake, Bruno Dunley, Monica Ventura, Artur Lescher, Cao Guimarães, Paulo Bruscky, Rodolpho Parigi e Julio Le Parc, a exposição busca sugerir uma cena análoga em que as obras de arte seriam objetos que, como as antenas de Karl Jansky, capturam ressonâncias de fundo de seus próprios campos figurais. Ou por imitarem a aparência de dispositivos técnicos (Saraceno, Vinci, Ventura, Lescher); ou por apresentarem composições semelhantes à representação e ao registro de ressonâncias cósmicas (Le Parc, Dunley, Palatnik, Ohtake, Parigi); ou por incluírem, com tons irônicos, referências a rádios e antenas de rádio (Guimarães, Bruscky).

Obras inéditas de Joana Vasconcelos.

04/jun

A Casa Triângulo, Jardim América, São Paulo, SP,  apresenta até 26 de julho, “Joana Vasconcelos: Around the World”, terceira exposição individual da consagrada artista portuguesa na galeria. A mostra reúne obras inéditas no Brasil de uma das vozes mais influentes da arte contemporânea internacional, reafirmando sua capacidade única de transformar materiais cotidianos em esculturas de forte impacto visual e poético.

Numa colaboração inédita com a Maison Dior, Joana Vasconcelos criou para o desfile da coleção Outono-Inverno 2023/2024 uma escultura têxtil monumental intitulada “Valquíria Miss Dior”, a partir de 20 tecidos fornecidos pela marca. Explorando os mesmos materiais, Joana Vasconcelos desdobra agora seu universo em novas obras que dialogam entre o artesanal e o tecnológico, o simbólico e o sensorial. As obras em exibição na Casa Triângulo são um desenvolvimento desse projeto, utilizando os mesmos materiais transformados por meio de técnicas artesanais em esculturas imersivas e altamente sensoriais.

Sala Principal: Valkyrie Léonie

Com 3,51 metros de altura, 7,29 metros de largura e 7,52 metros de profundidade, “Valkyrie Léonie” é uma escultura monumental suspensa que integra a icônica “série das Valquírias”, desenvolvida por Joana Vasconcelos desde 2004. A série constitui uma reinterpretação profunda e contemporânea do mito nórdico das valquírias – virgens guerreiras encarregadas de conduzir os heróis caídos em batalha até o Valhalla. As esculturas, de contornos enigmáticos, fundem elementos têxteis e tecnológicos, revelando uma linguagem visual que transita entre o universo mitológico e a história contemporânea.

A manipulação magistral de tecidos, crochê, bordados e luzes por Joana Vasconcelos resulta em composições escultóricas de forte presença física e simbólica. Em “Valkyrie Léonie”, o uso dos tecidos Dior – com padrões florais e texturas sofisticadas – ganha força narrativa ao evocar a figura de Ginette Dior (também conhecida como Catherine ou Miss Dior), florista e resistente política durante a Segunda Guerra Mundial, cuja memória ressoa na obra através da matéria.

A escultura recebe ainda o nome de “Léonie La Fontaine”, feminista e pacifista belga, ampliando a homenagem às mulheres que marcaram a história por sua força e delicadeza. “Valkyrie Léonie” se desdobra no espaço como um organismo têxtil e vibrante, com braços tentaculares que envolvem o ambiente e convidam à imersão. É uma presença coreográfica e monumental, que transforma o espaço da galeria em um território de encontro entre corpo, memória e matéria.

Sala 2

Na sala 2 da galeria, três esculturas suspensas que exploram o potencial poético da suspensão, do gesto e da leveza. Compostas também por tecidos Dior trabalhados artesanalmente, as gotas têxteis evocam o movimento da água, instaurando uma atmosfera lírica e silenciosa. Menores em escala, mas igualmente ricas em detalhe, as obras prolongam a linguagem escultórica de Joana Vasconcelos, propondo um contraponto contemplativo à exuberância da sala principal.

“Joana Vasconcelos: Around the World” reafirma o lugar da artista como uma das mais relevantes da arte contemporânea, capaz de transformar materiais simbólicos e cotidianos em esculturas de forte impacto sensorial, poético e político. Entre o monumental e o íntimo, entre a mitologia e o presente, a exposição convida o público a uma experiência onde arte, história e imaginação se entrelaçam.

Nova artista representada e mostra individual.

03/jun

A Galatea, Jardins, apresenta Dani Cavalier: pinturas sólidas, primeira exposição individual artista carioca Dani Cavalier (Rio de Janeiro, 1993), com abertura no dia 10 de junho, das 18h às 21h, na unidade da galeria na rua Oscar Freire.

A mostra inaugura a representação de Dani Cavalier pela Galatea e reúne trabalhos que integram sua pesquisa em torno do que a artista denomina pinturas sólidas – obras que tensionam os limites entre pintura, escultura e instalação por meio da justaposição de blocos de cor em tecidos reaproveitados da indústria da moda.

Ao mesmo tempo que as chamadas pinturas sólidas partem de elementos estruturais da pintura convencional, como tela, chassi, cor e composição, elas os subvertem. No lugar de tinta e pincel, Dani Cavalier utiliza retalhos coloridos de Lycra, formando composições entrelaçadas que envolvem o chassi e propõem uma nova leitura da superfície pictórica. As pinturas sólidas se revelam, então, como uma espécie de dispositivo para discutir as tipologias de pintura na história da arte, especialmente no domínio da paisagem e da abstração tanto de matriz concreta quanto informal.

Em 2024, Dani Cavalier passou a integrar o acervo do Pérez Art Museum Miami (PAMM), em Miami, nos Estados Unidos. Entre as exposições das quais participou, destacam-se: Carvões acesos (Galatea, São Paulo, 2025); Geometria crepuscular (A Gentil Carioca, Rio de Janeiro, 2024), Bronze noturno (Galeria Refresco, Rio de Janeiro, 2024), Ecos da intimidade (Vórtice Cultural, São Paulo, 2024), Do desenho (Centro Cultural dos Correios, Rio de Janeiro, 2024) e Acordes (Largo das Artes, Rio de Janeiro, 2022).

Os símbolos mágicos de Antonio Maia.

02/jun

A Galatea, Jardins, São Paulo, SP, anuncia “Antonio Maia: símbolos mágicos”, individual de Antonio Maia (Carmópolis, SE, 1928 – Rio de Janeiro, RJ, 2008) com pinturas nas quais o artista reinterpreta os Arcanos Maiores do tarô. A abertura acontecerá no dia 10 de junho, das 18h às 21h, na unidade da galeria na Rua Padre João Manuel.

Na ocasião da abertura, entre 18h e 19h, o curador e crítico de arte Lucas Dilacerda, que assina o texto crítico que acompanha a exposição, conduz uma “visita mediada pelo tarô”, uma atividade de leitura coletiva, propondo um mergulho sensível e interpretativo nas obras.

Natural da zona rural de Carmópolis, no interior sergipano, Antonio Maia cresceu em um contexto de forte religiosidade popular, que marcaria profundamente sua trajetória pessoal e artística. Desde o início de sua carreira, demonstrou interesse pelos elementos simbólicos da cultura nordestina, em especial os ex-votos. Entre 1986 e 1992, Antonio Maia dedicou-se à criação de sua série sobre o tarô, um dos núcleos menos conhecidos de sua produção.

O interesse pelo tema ganhou corpo após um curso com o tarólogo Namur Gopalla, quando o artista percebeu que, intuitivamente, já utilizava de muitos dos arquétipos presentes nos 22 Arcanos Maiores. Inspirado pela leitura clássica do tarô como uma jornada espiritual, ele passou a criar obras densas em simbologia, repletas de signos astrológicos, referências à cabala, alquimia e outros elementos do universo esotérico.

“Buscamos o tarot quando estamos passando por algum momento de crise, dúvida ou incerteza. Nessa conjuntura atual de tantas crises – climática, social, econômica e afetiva – principalmente após uma pandemia que deixou sequelas invisíveis que nem conseguimos nomear ainda, a ciência moderna ocidental tem se mostrado insuficiente. Diante dessa falta de respostas, muitas vezes buscamos alternativas nos saberes ancestrais, esotéricos, místicos e mágicos. O tarot nos força a olhar para certas esferas da nossa vida que estão sendo ignoradas, ele nos convoca à vida”, comenta Lucas Dilacerda.

Até 02 de agosto.

Design e cotidiano na Coleção Azevedo Moura.

30/mai

A exposição Design e cotidiano na Coleção Azevedo Moura, realizada sob curadoria de Adélia Borges, em cartaz no Museu do Ipiranga, São Paulo, SP, apresenta um extenso conjunto de objetos colecionados especialmente no Rio Grande do Sul, que permitem refletir sobre as formas tradicionalmente excludentes de pensar o passado brasileiro. Reunidos pela sensibilidade do olhar do casal Maria Cristina e Carlos Azevedo Moura, esses objetos formam uma das maiores coleções brasileiras relativas à imigração de italianos e alemães chegados ao Sul do país a partir do século 19.

A coleta foi feita pelo casal ao longo de muitos anos e chega a milhares de itens. São móveis, utensílios domésticos, ferramentas, fotografias que nos ajudam a entender como uma coleção representa o dia a dia dessas pessoas enquanto construíam uma nova vida no Brasil.

Até 28 de setembro.

A experiência estética e política de Miguel Afa.

A Gentil Carioca, Higienópolis, apresenta até 23 de agosto “Um céu para caber”, primeira exposição individual de Miguel Afa em São Paulo. Com texto de apresentação da curadora e pesquisadora Lorraine Mendes, a mostra reúne um conjunto inédito de pinturas que exploram os limites e as expansões do afeto como experiência estética e política. O céu, aqui, surge como metáfora de amplitude e possibilidade: lugar de acolhimento, respiro e entrega.

Miguel Afa nasceu em 1987, no Rio de Janeiro, RJ. Iniciou sua trajetória artística em 2001, por meio do graffiti, nas ruas do Complexo do Alemão, onde nasceu e cresceu. Mais tarde, formou-se pela Escola de Belas Artes da UFRJ. Sua obra propõe uma reconfiguração poética da imagem do corpo periférico, contrapondo os estigmas da marginalização com cenas que evocam afeto, cuidado e resistência. Através de uma paleta cromática enigmática – que não ameniza, mas adensa a narrativa – Migeul Afa constrói cenas que, ao mesmo tempo, revelam o visível e o invisibilizado. Em sua pintura, cor é discurso: esmaecer não é apenas gesto técnico, mas ato de lembrança e posicionamento.

Em “Um céu para caber”, cada pintura é entregue como quem oferece uma dedicatória – à pintura, à vida, e às histórias que nela fazem figura. “Miguel Afa nos apresenta um conjunto de obras que versam sobre os limites daquilo que podemos chamar de amor. Se todos e cada um temos direito ao afeto, ao contato e às nuances de sentimentos que desabrocham ao se relacionar, o céu representa algo infinito, ilimitado, fecundo de possibilidades”, explica a curadora Lorraine Mendes.

A exposição continua no andar superior da galeria com uma seleção de obras inéditas que abordam temas ligados à intimidade e ao erotismo a partir de uma perspectiva sensível e crítica. Em função do conteúdo, essa parte da mostra terá classificação indicativa de 18 anos, respeitando as orientações para visitação de públicos diversos.

O pop brasileiro.

29/mai

A década de 1960, marcada por tensões políticas, transformações sociais e a chegada de novas linguagens artísticas ao Brasil, é o pano de fundo da nova exposição da Pinacoteca, “Pop Brasil: Vanguarda e Nova figuração, 1960-70″. Com 250 obras de mais de cem artistas do período na Pina Contemporânea, Luz, São Paulo, SP, é a maior mostra do museu no ano.

As obras, muitas exibidas em conjunto pela primeira vez, são principalmente do acervo da Pinacoteca e da Coleção Roger Wright – que estão em comodato com a instituição há anos. Fazem parte artistas como Hélio Oiticica, Pietrina Checcacci, Nelson Leirner e Cláudio Tozzi.

Quem entra na sala expositiva encontra o conjunto original de bandeiras serigrafadas do “Happening das Bandeiras” (evento artístico realizado em 1968 no Rio), revelam Pollyana Quintella e Yuri Quevedo, curadores.

Depois segue-se uma sala com obras que homenageiam ícones populares da época, como o cantor Roberto Carlos e astronautas, elevados ao status de celebridades com a corrida espacial. Em outro espaço, peças fazem críticas à ditadura militar (1964-1985). Ao lado, trabalhos sobre as mudanças de comportamento da sociedade ganham destaque. O trajeto expositivo termina em uma retrospectiva sobre a transformação da arte dos anos 1950.

Adoração/Na instalação criada em 1966, Nelson Leirner exibe uma espécie de palco que revela uma imagem do cantor Roberto Carlos, acessada por meio de uma catraca. Mesclando símbolos católicos com a imagem do artista em neon, reflete sobre a lógica da indústria cultural.

O Bandido da Luz Vermelha/O quadro de Cláudio Tozzi faz referência ao caso de João Acácio Pereira da Costa, criminoso que ganhou o apelido Bandido da Luz Vermelha e ficou conhecido por assaltos e homicídios em São Paulo. Nele, o artista remete à linguagem das histórias em quadrinhos com a pintura de uma mulher que se pergunta se o homem entrará em sua casa durante a madrugada.

Envolvimento/A série de Wanda Pimentel, feita em 1968, retrata um corpo feminino em um ambiente doméstico anárquico, retratado com linhas e enquadramento e precisos. A obra levanta questões sobre papéis de gênero.

Matéria e Forma/Também de Nelson Leirner, mostra a transformação da matéria-prima em produto de consumo por meio de uma instalação com um tronco de árvore, do qual sai uma cadeira pronta.

Parangolés/Um dos trabalhos mais radicais de Hélio Oiticica, são vestimentas feitas com tecidos e plásticos que têm a intenção de integrar o espectador à obra de arte, que pode experimentar suas réplicas. O artista é conhecido por questionar o uso de suportes tradicionais na produção artística.

O Povo Brasileiro/O conjunto de cinco bandeiras da artista Pietrina Checcacci faz parte do movimento “Happening das Bandeiras” e tem desenhos que tematizam questões ligadas à formação de uma família tradicional, aos problemas da classe média e à performance da política.

O Presente/Em 1967, a artista Cybèle Varela fez caricaturas que ironizam a figura dos generais da ditadura militar, como forma de resistência ao govern

Fonte: Isabela Bernardes/Guia Folhas.