Mostra a três

04/ago

A Galeria TATO , Vila Madalena, São Paulo, SP, anuncia a abertura da exposição coletiva “Contos e ensaios”, com curadoria de Nancy Betts. A mostra reúne trabalhos de 3 artistas que incorporam de alguma forma o pensamento sobre realidade e ficção em suas obras: Beatriz Chachamovits, Madu Almeida e Renato Pera.

 

 

A palavra da curadora

 

Embora, na arte contemporânea, a questão de gêneros esteja ultrapassada, uma vez que tudo se mistura num hibridismo, em linhas gerais, na literatura, o conto possui tema mais denso e atemporal e apresenta uma estrutura mais tradicional, porém com flexibilidade para incorporar a inovação. Os ensaios são mais livres de convenções, mais soltos, informais e experimentais. Diz o provérbio popular que “Quem conta um conto aumenta um ponto”, o ditado tem uma conotação jocosa normalmente entendida como aumento ou exagero da história que, pelo acréscimo do “ponto”, sofre modificações na sua narrativa. A partir desse argumento, gostaria de, no âmbito desta exposição, pensar a relação entre realidade e ficção – na qual o sentido de fidelidade e suas alterações possam coexistir como modos de revelação. A Arte se propõe à construção do “ponto”, não “adulteração” da realidade. Não representação, mas criação de novos mundos – uma realidade diferente, aumentada, excitante, instigante.
Todo mundo viveu, na infância, o ambiente amoroso em que a mãe, a avó, a tia, a professora, o curandeiro, o violeiro, entre outros mais, contavam histórias. Há uma dimensão mágica em escutar histórias, daí serem chamados de contos maravilhosos. Crianças ficam encantadas e se o adulto muda um pouco as palavras, os personagens ou o enredo, eles logo reclamam que não está igual à primeira versão que conhecem. Essa primeira versão é, para a criança, a verdade a partir da qual o comportamento por semelhança, a mimese, sempre deve ser desenhado. No entanto, a criança também dá asas a sua imaginação quando sendo um avião abre os braços e “voa”. Assim, realidade e ficção se misturam na brincadeira. Momento de liberdade criativa em que variações da mesma experiência são legitimadas pelo viver, mas também pela audácia do inventar. A Arte faz o mesmo.

 

Até 20 de agosto.

 

Coleções do MAM RIO

27/jul

Neste sábado, dia 30 de julho, o MAM Rio, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, inaugura a grande exposição “Em polvorosa – Um panorama das coleções do MAM Rio”, com destaques de seu acervo, com obras de mais de 100 artistas, brasileiros e estrangeiros, selecionadas pelos curadores Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes. A mostra vai ocupar todo o segundo andar do Museu, incluindo o Salão Monumental, em uma área de quase 2.500 metros quadrados O curador quis mostrar para o público a joia arquitetônica que é o prédio do MAM, projetado em 1958 por Affonso Reidy, e retirou divisórias, permitindo ao público uma rara perspectiva do amplo espaço do segundo andar. De um extremo a outro do espaço, há 123 metros de extensão.

 

A primeira preocupação do curador foi a de escolher obras de qualidade inegável, as quais chama de highlights, como as de Pollock, Keith Hering, Brancusi, Giacometti, Lucio Fontana, Henri Moore, Rodin, Calder, Joseph Albers, Barry Flanagan, VittoAcconti, Antonio Dias, Cildo Meireles, Nelson Leirner, Ivens Machado, Waltercio Caldas, Antonio Manuel, José Damasceno, Artur Barrio, Regina Silveira, Willys de Castro, Hércules Barsotti, Lygia Clark e Hélio Oiticica.

 

E, também, privilegiar artistas “muito conhecidos, mas pouco mostrados”, como Anita Malfatti, que “tem desenhos a carvão lindos, pouco vistos”. As obras serão articuladas por aproximações estéticas e por épocas, com alas dedicadas aos anos 1920, com o modernismo, aos anos 1950/60, com o abstracionismo, o concretismo, o neoconcretismo, a nova figuração, e à arte contemporânea.

 

Na entrada do segundo andar do museu, estará um texto sobre a mostra e uma homenagem ao artista Tunga, falecido recentemente, junto ao trabalho que dá título à exposição, da série “Desenhos em polvorosa”, de 1996, em pastel seco sobre papel, pertencente à Coleção Gilberto Chateaubriand/MAM Rio. Um dos destaques da exposição é o conjunto reunido pela primeira vez de importantes instalações de artistas brasileiros: “Poeta/Pornógrafo”, de 1973, de Antonio Dias; “Alegria”, de 1999, de Adriana Varejão, “Cerimônia em três tempos”, de 1973, de Ivens Machado; “Ping-ping, a construção do abismo no piscar dos cegos”, de 1980, de Waltercio Caldas; “Fantasma”, de 1994, de Antonio Manuel (em sua versão original, montada em 2001; “Motim II”, de 1998, de José Damasceno; “Marulho”, de 1991, de Cildo Meireles, não vista no Rio de Janeiro desde sua primeira apresentação, no MAM, em 2002 e “Graphos 2” de 1996, de Regina Silveira. Serão apresentados, ainda; “De dentro para fora”, de 1970, de Artur Barrio; “Lute”, de 1967, de Rubens Gerchman.

 

Ao invés de textos explicativos, Fernando Cocchiarale optou por dar o contexto histórico do Brasil, para as obras de arte, por meio de fotografias dispostas em nove vitrines, de 1,70m cada, distribuídas pelo espaço expositivo. São registros do Brasil imperial, com nobres, escravos, etnográficos, do cotidiano, da vida política, ou ainda de grupos como garimpeiros, candangos e índios, de mais de 20 fotógrafos, de Franz Keller, Marc Ferrez, Jorge Henrique Papf, Martín Chambi, Alberto Ferreira Lima, Luis Humberto, Walter Firmo, Luis Brito, Milton Guran, Orlando Azevedo, Orlando Brito, Leopoldo Plentz, Duda Bentes, Carlos Terrana, André Dusek, Nino Rezendee AntonioDorgivan, entre outros.

 

“O território onde a imagem e a palavra se encontram é o fotojornalismo. É de sua natureza uma proximidade muito grande com a notícia, que é verbal. A foto é uma sobrenotícia. As coleções do MAM têm maravilhosas obras que podem ser consideradas fotojornalismo. Franz Keller mostra em 1870 índios cobertos artificialmente, porque eles não poderiam aparecer com ‘suas vergonhas’ à mostra, como disse Pero Vaz de Caminha, e foram adaptados à moral vitoriana. Papff tem umas fotografias incríveis de cafezais”, destaca.

 

Dentre as mais de 100 obras, estarão também as dos artistas Brecheret, Bruno Giorgi, Lygia Clark, Regina Vater, Diane Airbus, Marcia X(com “A cadeira careca”, seu último trabalho, feito em 2004 com Ricardo Ventura), Luiz Pizarro, Jorge Duarte, Carlos Vergara, Guilherme Vaz, Marcelo Moscheta e Jonathas de Andrade.

 

“Não acho que a arte tem que estar a serviço de nenhum discurso. Não há continuidade entre a experiência visual e discurso. Se eu e Fernanda Lopes “editarmos” bem, podemos criar um certo fluxo semântico com a exposição”, complementa Fernando Cocchiarale.

 

 

Até 06 de novembro.

 

 

Estela Sokol – Naturezas Mortas

21/jul

Uma grande instalação na Anita Schwartz Galeria, além de objetos, esculturas e pinturas, trabalhos inéditos que será exibido em todo o espaço expositivo do prédio da Gávea, Rio de Janeiro, RJ. Trata-se da exposição “Estela Sokol- Naturezas Mortas”, com obras produzidas este ano. Em sua terceira individual na Anita Schwartz Galeria, a artista aprofunda sua pesquisa sobre as possibilidades do uso da cor na atualidade. Acompanha a exposição texto de Felipe Scovino.

 

Sobre o chão do grande salão térreo da galeria, estará a instalação“White Heat” (título que faz menção ao álbum “White Light/White Heat”, da banda Velvet Underground), composta por cerca de 600 peças em forma de sarrafo, de diversos materiais brancos, como espuma, parafina, feltro, mármore e gesso, e com dimensões que variam em comprimento, largura e altura, esta com no máximo 12 centímetros. As peças ocuparão uma área de 45 metros quadrados na área central do piso, de modo a que o visitante possa circular em torno. Estela Sokol destaca que “a ideia é partir da justaposição das peças para ressaltar as diferentes tonalidades de branco dos materiais”. “O trabalho propõediálogo com a tradição pictórica, e o legado de artistas como Agnes Martin”, explica. O pé direito de sete metros e as paredes vazias, fazem com que a obra, de acordo com a artista, possa “tirar proveito do silêncio da sala”.

 

Nesta instalação, a artista utiliza, pela primeira vez, feltro, gesso e espuma. A obra terá diversas nuances de branco, devido à natureza dos materiais, e ganhará novas tonalidades ao longo da exposição, pois a artista conta com a ação da luz sobre a espuma, que amarelará com o passar dos dias. “Com a forma de um ladrilho em tom de alabastro, o trabalho também reflete sobre o tempo e seus pressupostos, já que algumas seções mudarão de cor durante a exposição”. Estela Sokol ressalta que a busca por mudanças de tonalidade são recorrentes em sua pesquisa. “Nas pinturas realizadas com lâminas de PVC, e outros materiais sintéticos por exemplo, as cores e tons se dão a partir da sobreposição das diversas camadas de plástico”, diz.Estela Sokol compreende o trabalho quase como uma pintura no espaço tridimensional. Para ela, “a ideia é articular os diferentes tons, texturas e densidades dos materiais”. Assim como em outros trabalhos expostos no terceiro andar, a artista transforma o uso dos materiais para aproximar o raciocínio pictórico de esculturas e objetos.

 

 

Nova série de pinturas

 

Uma nova série destas pinturas também poderá ser vista no terceiro andar da galeria. Serão 13 telas produzidas sem a utilização de tinta, em um processo que a artista vem desenvolvendo desde 2010. “Estico e sobreponho lâminas de PVC coloridas e translúcidas, entre outros materiais sintéticos, sobre chassis de madeira, criando diversos matizes que mudam conforme a incidência da luz e deslocamento do espectador”, ressalta. Ela acrescenta que “as pinturas de PVC sobre chassi propõem um diálogo entre a paleta industrial e a tradição pictórica”.Junto com essas pinturas estarão dez esculturas em pequeno formato, feitas em materiais como encáustica, mármore, parafina, tecido, espuma e madeira, que apresentam a ideia pitoresca das naturezas mortas no espaço tridimensional.

 

 

Sobre a artista

 

Estela Sokol nasceu em 1979, em São Paulo, cidade onde vive e trabalha. Realizou diversas exposições individuais, como “Gelatina”, na Anita Schwartz Galeria, em 2014; “Se o deserto fosse laranja a coisa seria cor de rosa”, no Museu da Taipa, em Macau, na China, 2012; “Secret Forest”, na Gallery 32, em Londres, Inglaterra, em 2011; “LichtKonkret”, na GalerieWuensch, em Linz, na Áustria, em 2011; “A morte das Ofélias”, na Anita SchwartzGaleria, no Rio de Janeiro, em 2011; “Dawn for Interiours”, na Bisagra Arte Contemporáneo, em Buenos Aires, Argentina, em 2010. “Clarabóia”, no Paço das Artes, em São Paulo, em 2010; “Sol de Inverno”, no Palácio das Artes, Fundação Clóvis Salgado, em Belo Horizonte, em 2008; “Meio dia e meia”, no Centro Universitário Maria Antonia, em São Paulo, em 2006, entre outras.Também participou de diversas mostras coletivas no Brasil e no exterior das quais destacam-se: “Intervenções Urbanas Bradesco ArtRio”, no Museu da República e “Bienal Tridimensional Internacional”, no Museu Histórico Nacional, ambas no Rio de Janeiro, em 2015; “PrometheusFecit”, no Museu Nacional Soares dos Reis, em Porto, Portugal, em 2014; “Whatcanweexpectfrom color?”, na BYCR Gallery, em Milão, na Itália, em 2013; “Norman Dilworth, AlistairMcclymontand Estela Sokol”, na StrandGallery, emVeneza, na Itália; “Arte Contemporânea no Universo Bordallo”, na Fundação CalousteGulbenkian, em Lisboa, Portugal; “Considerações sobre o plano”, no Museu de Arte Contemporânea, em São Paulo, ambas em 2013; “III Bienal delFindel Mundo”, em Ushuaia, na Patagônia, Argentina, em 2011; “16º Bienal de Cerveira”, em Cerveira, Portugal, em 2011; “Mapas Invisíveis”, na Caixa Cultural São Paulo, em 2011; “Light ArtBienalle”, em Linz, na Áustria, em 2010; “Graphias”, no Memorial da América Latina, em São Paulo, em 2009; “Nova Arte Nova”, no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo, em 2009, e Rio de Janeiro, em 2008, entre outras.Ganhou prêmios como “Mostras de artistas no exterior”, dentro do “Programa Brasil Arte Contemporânea”, da Fundação Bienal de São Paulo, em 2010; “Temporada de projetos Paço das Artes, em São Paulo, em 2009; “Edital Revelação MACC”, em São Paulo, em 2004; “Projéteis FUNARTE de ArteContemporânea”, no Rio de Janeiro, em 2005; e “34°Salão de Arte Contemporânea LuizSacilotto”, em São Paulo, em 2006.

 

 

Sobre o silêncio das coisas

por Felipe Scovino

 

Ao tomar contato com o trabalho de Estela Sokol o que mais me salta aos olhos é a sua capacidade de reter uma potência expressiva de suavidade, delicadeza e silêncio. Transitando pelo universo de Agnes Martin, Morandi, Robert Ryman, Rothko, Volpi, dentre tantos outros artistas e poéticas que criam um universo expansivo de ideias e sentimentos anti-espetaculares a partir de uma economia de gestos, a obra de Estela revela uma transparência do corpo aparentemente sólido da pintura e da escultura. Suas pinturinhas – que carinhosamente ela as nomeia assim, no diminutivo, porém aumentando para mim essa característica da delicadeza – revelam um caráter artesanal na sua manufatura. Sendo ora envelopadas por lâminas de PVC e/ou PV, e em outros momentos tendo esses mesmos materiais recortados e seus feixes distribuídos – colocados de forma justaposta ou sobrepostos – pelo chassi, as pinturas revelam duas circunstâncias importantes e que se confundem em certa medida: a primeira é uma instância do que poderíamos chamar de superfície vibrátil ou em expansão, isto é, a partir da escolha do material e da disposição geométrica realizada, a cor tende a impulsionar o plano em direção ao espaço. Numa ilusão óptica, vários planos são construídos de forma a colocar as nossas certezas sobre o que está diante de nós em dúvida. A translucidez é que condiciona esse aspecto. A pintura ganha uma dimensão infinita, deslocando-se constantemente em direção ao espaço. O segundo ponto é a forma como opera as diferentes tonalidades de uma mesma cor. Seus monocromos se diferem daquilo que acostumamos a defini-los, porque eles não prezam pela unicidade da cor mas justamente pelo caráter de gerar uma quantidade considerável de diferenças cromáticas. A sutileza dessas diferenças; a cor em constante mutação; o instante em que a cor, através da operação meticulosa de escolha e dispersão das lâminas de PVC sobre o chassi, se propaga em luz ganhando uma dimensão corpórea; a escolha do material que permite perceber que a pintura explora características íntimas da escultura como densidade, volume e verticalidade (vide certos objetos ou linhas contidos nas pinturas que indicam essa imagem) além de texturas;e, o caráter poroso dessas formas compõem uma rede repleta de símbolos e afetos para as pinturas de Estela.

 

Como escrevi, a sua pintura se faz valer de atributos escultóricos, mas essa regra também se faz na outra direção. Suas esculturas tornam aparentes uma geometria torta que tende à falência. Elas são desorganizadas, inseguras, estão prestes a tombar, mas, e justamente por isso, são humanas. Essas qualidades estão em todos os artistas citados no início do texto, mas também em Torres-Garcia, nas organizações iniciais e ligeiramente construtivas de Iberê Camargo – que deixo claro nunca se filiou a essa tendência – e em muitos outros pintores que colocaram a geometria como uma instância do sensível ligada à imagem de perda ou desestabilidade. O tamanho, na maioria das vezes, diminuto desses trabalhos não só revela a delicadeza mas o compromisso de intimidade entre obra e espectador. Confundem-se com os objetos do cotidiano, sem perder a aura de obra de arte, porque também são coisas do mundo: podem ser facilmente deslocadas, colocadas na palma da mão. São esculturas que nos avisam sobre as dualidades do mundo sem que avancemos para o confronto, como geralmente o mundo lida ao reconhecer o outro como diferente. Afirmo isso a respeito do trabalho de Estela porque invariavelmente a escolha dos materiais reflete esse caráter antagônico entre eles. Temos um material leve convivendo com um pesado, um opaco com um translúcido, um flexível com um rígido, um mole com um que dificilmente exerce uma flexibilidade. Esse exercício de reconhecimento e convívio em suas esculturas não é pouca coisa e cria um diálogo frutífero e condensado sobre uma utopia ou desejo de mundo.

 

Em White Heat, temos a pintura que finalmente tomba e adere ao mundo ou a escultura que desaba sobre o chão e passa a ser horizontalizada. Mudamos, enquanto espectador, a nossa perspectiva. Passamos a olhar para baixo, vislumbrar e identificar os pormenores ou detalhes que habitam o espaço embaixo do nosso pescoço. Ocupando grande parte do térreo da galeria, a instalação também é uma metáfora sobre o tempo. Como assinala a artista, à medida que a exposição avança, alguns dos materiais – especialmente a espuma – estarão expostos à luz e mudarão de cor. O amarelecimento do material provocará um novo e intermitente desenho no espaço. Essa instância fenomenológica de percebermos a obra como corpo motivada não por aspectos morfológicos mas filosóficos já possui uma certa tradição na arte brasileira (faço lembrar um exemplo icônico que são as esculturas de Amilcar de Castro e as marcas de tempo que se tornam presentes via a oxidação de suas peças e que fazem parte do seu campo conceitual de trabalho), e Estela inteligentemente a resgata e a requalifica. Trazendo características da pintura e da escultura, embaralhando-as e, para além dissoparecer apenas uma proposta ligada aos cânones da modernidade, ela avança e propõe a obra como um corpo, vivo, orgânico e dinâmico. A obra é dessacralizada, torna-se mundana e, traz, assim como as esculturas em formato menor, o convívio com o antagonismo, a diferença. Estão lá, lado a lado, a espuma mole e o mármore, a parafina e o tecido. O silêncio que paira sobre a sala nos possibilita identificar, compreender e estabelecer o convívio harmônico que é celebrado entre estas supostas diferenças e a passagem do tempo como o índice de corpo e diálogo, metafórico, claro, com a vida.

 

 

 

De 27 de julho a 27 de agosto.

Pós-impressionistas no CCBB-Rio

19/jul

A exposição denomina-se “O triunfo da cor”, abordando o pós-impressionismo, obras-primas do Musée d’Orsay e do Musée de l’Orangerie, cartaz do CCBB, Centro, Rio de Janeiro, RJ. A mostra é uma realização em parceria com Musée d’Orsay e a Fundación Mapfre. A exposição apresenta 75 obras de 32 artistas que, a partir do fim do século XIX, buscaram novos caminhos para a pintura. O grupo formado por ícones do movimento impressionista, como Van Gogh, Gauguin, Toulouse-Lautrec, Cézanne, Seurat, Matisse, Bernard, Maioll, e outros recebeu do crítico inglês Roger Fry a designação de pós-impressionista, por promoverem uma nova linguagem estética, baseada no uso intenso da cor, mostrando os caminhos de uma geração de artistas que ficou conhecida como pós-impressionistas, aqueles que promoveram uma revolução estética pelo uso da cor.

 

A exposição está dividida em quatro módulos: “A cor científica”, com uma seleção de obras inspiradas nos estudos de Michel Eugene Chevreul, cuja técnica consistia em aplicar na tela pontos justapostos de cores primárias e que se tornou muito conhecida nas mãos de Van Gogh.

 

O segundo módulo, “No núcleo misterioso do pensamento. Gauguin e a escola de Pont-Aven”, inclui obras de Paul Gauguin e Émile Bernard a partir de uma pintura sintética, com cores simbólicas e a presença de desenhos nos contornos e silhuetas, refletindo um mundo interior e poético.

 

No módulo 3, “Os Nabis, profetas de uma nova arte”, o tema é a ideologia de um grupo de artistas que defendiam a origem espiritual da arte, utilizando a cor como um elemento transmissor dos estados de espírito.

 

Já o quarto e último módulo, chamado “A cor em liberdade”, apresenta obras de artistas do final do século XIX e início do século XX, com inspirações que vão da Provence à natureza tropical. A curadoria é de Guy Cogeval, presidente do Musée d’Orsay, Pablo JimenézBurillo, diretor cultural da Fundación MAPFRE, e Isabelle Cahn, curadora do Musée d’Orsay. As obras expostas oferecem ao público a oportunidade de conhecer alguns ícones de um importante momento da história da arte e de poder ver de perto algumas das obras mais emblemáticas dos últimos tempos.

 

“O triunfo da cor” é mais uma exposição histórica sobre arte moderna, e que ficará em cartaz no CCBB do Rio de Janeiro, podendo ser visitada de 20 de julho até 17 de outubro.

Novos artistas

18/jul

A Galeria de Arte Ibeu, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, inaugura, no dia 26 de julho, a exposição “Novíssimos 2016”. A mostra conta com a participação de 12 artistas que apresentarão pinturas, instalações, objetos e fotografias. Único Salão de Arte do Rio de Janeiro, o Salão de Artes Visuais Novíssimos chega à 45ª edição, na qual as inquietações comuns a artistas de diversas gerações e localidades estão reunidas em um mesmo espaço expositivo.

 

Os artistas selecionados são: Amanda Copstein, RS; Gilson Rodrigues, MG; Gustavo Torres, RJ; Hermano Luz, DF; João Paulo Racy, RJ; Kammal João, RJ; Manoela Medeiros, RJ; Maria Fernanda Lucena, RJ; Mariana Katona Leal, RJ; Rafael Salim, RJ; Reynaldo Candia, SP e Vera Bernardes, RJ. O artista em destaque no Salão de Artes Visuais “Novíssimos 2016” será contemplado com uma exposição individual na Galeria de Arte Ibeu em 2017. O nome do premiado será divulgado na noite de abertura.

 

O objetivo de “Novíssimos” é reconhecer e estimular a produção desses artistas emergentes, e com isso apresentar um recorte do que vem sendo produzido no campo da arte contemporânea brasileira. Já participaram deste Salão artistas como Anna Bella Geiger, Ivens Machado, Ascânio MMM, Ana Holck, Mariana Manhães, Bruno Miguel, Pedro Varela, Gisele Camargo, entre outros. Até 2015, 598 artistas já participaram da coletiva anual.

 

“Nesta nova edição, utilizei 13 livros da poetisa portuguesa Sophia de Mello BreynerAndresen para dispor as obras dos 12 artistas escolhidos. As obras são percebidas como internas a melancolia do tempo circunscrito, aquela dentro da qual o tempo pode ser percebido passando. Para isso, cada artista recebe uma obra da autora, com seu respectivo ano”, afirma o curador Cesar Kiraly.

 

“Por exemplo: “Amanda Copstein/O Nome das Coisas, 1977 ou Vera Bernardes/Mar Novo, 1958”. A intenção é permitir que a bruma do livro envolva o trabalho ao mesmo tempo em que esse se mostre coerente com os nomes implicados na fabricação poética. O décimo terceiro livro, “O Nome das Coisas, 1964” foi escolhido como aquele que conduz a lógica dos encontros entre livros e artistas e nomeia a coletiva.”, complementa Cesar Kiraly.

 

 

 

Até 26 de agosto.

Artistas visuais & Músicos

14/jul

Através de um duo de jovens artistas chilenos, a Casa Nova, Jardim Paulista, São Paulo, SP, abre as portas para mostrar trabalhos de uma geração que propõe obras de cunho político, porém enviesadas pelo pensamento estético, formalista e poético. As obras produzidas por Ignacio Gatica e Martin La Roche foram criadas in locus especialmente para dialogar com a situação política do Brasil em contraponto com a do Chile.

 

Através de pinturas, esculturas e instalações, os artistas abrem espaço para questionamentos sobre um futuro incerto, tanto a partir de fragmentos da linguagem verbal quanto de slogans e ícones de nossa vida cotidiana. Para tanto, traduzem suas vivências e experiências em um arquivo visual de suas próprias memórias, nos levando para o enfrentamento de nossas desilusões e anseios através da arte.

 

 

Música

 

Na abertura da exposição será realizado o evento musical “Justaposições” com curadoria de Thais Gouveia e Marcos Guzman e apresentações musicais de Nathalia Lete, Beto Montag, Gui Duvignau, Marcelo Monteiro, Julia Teles, Érica Alves, Paulo Tessuto e Maria Victoria Castelli.

 

As obras que compõem esta exposição convidam a questionar o presente e o futuro dentro de um cenário no qual a linguagem verbal está fragmentada e em crise. Esta crise é o resultado de um desapontamento e exaustão, gerando slogans políticos falsos, publicidade enganosa com promessas e compromissos não cumpridos. É impossível escapar de acontecimentos políticos, eles geram indignação, mobilização e um estado de alerta. Também é impossível escapar de acontecimentos políticos domésticos para o nosso desgosto, bem como de quebras e separações que modificam e transformam nossas vidas diárias.

 

 

Iganacio Gatica : “Midnight Amanhã”

 

As obras em “Midnight – Amanhã” nascem dessa dicotomia; questionando a arte em tempos de incertezas. Esta nos sugere uma geografia pessoal e viva, aliadas a questões de como devemos enfrentar como indivíduos nossas próprias desilusões e anseios, a arte cumpre e também possibilita uma re-construção de um futuro a partir das novas experiências.

 

 

Martin La Roche : “Time is on my side” –  “O tempo está a meu favor”

 

Há alguns eventos que desaparecem a partir da memória, mas parecem repetir ou voltar depois de algum tempo de sua ocorrência. Como a memória de um tremor de terra que se torna menos viva e volta apenas com a experiência de um forte e novo movimento. O mesmo aconteceu com a exposição “Civilização do Nordeste” no Solar de União, em Salvador feita por Lina Bo Bardi em 1963. Depois de alguns meses ele foi proibido e forçado a ser esquecido. Alguns anos mais tarde, esta coleção foi encontrado aberta novamente e desdobrou-se em novas formas. Como é que vamos organizar e esboçar nossas memórias? Para esta exposição Martin La Roche tomou como ponto de partida uma frase do caderno de anotações de Hélio Oiticica (que parece ter sido tirada de uma música dos Rolling Stones) para desdobrar uma série de desenhos e objetos no espaço que refletem sobre a maneira que arquivamos nossas experiências. Martin La Roche, nasceu em 1988 em Santiago do Chile. Vive e trabalha em Amsterdam.

 

 

Sábado, 16 de julho, das 15 às 22hs.

Histórias em Niterói

13/jul

O Museu de Arte Contemporânea – MAC Niterói, Mirante da Boa Viagem, Niterói, RJ, apresenta a exposição “A Arte de Contar Histórias”, que tem a curadoria da norueguesa convidada Selene Wendt. Essa mostra, que ocupa o Salão Principal, a Varanda e o Mezanino, investe na perspectiva de diálogos vivos entre exposições, arquitetura e sociedade, reunindo artistas brasileiros e estrangeiros inspirados pelas grandes obras literárias latinoamericanas e universais.

 

São 22 artistas ao todo. A mostra acontece simultaneamente no Museu Janete Costa, localizado a poucos metros do MAC, com instalações, objetos, vídeos e poesia visual. Destacam-se a videoinstalação “Três Telas, Nós e não Nós”, de Sérgio Bernardes e Guilherme Vaz, no salão principal do MAC, explorando as múltiplas faces da cultura brasileira; e a escultura “Cicleprototemple”, de Ernesto Neto, um coração com tambores acolhendo os visitantes como participantes das pulsações de um museu vivo. A mostra apresenta obras ainda obras de André Parente, Cao Guimaraes, Cristina Lucas, Dulcinéia Catadora, Eder Santos, Elida Tessler, Fabio Morais, Gilvan Barreto, Magne Furuholmen, MariláDardot, Nina Yuen, Pablo Lobato, Rosana Ricalde, Ulf Nilsen e William Kentridge.

 

“A Arte de Contar Histórias” é diretamente inspirada pelo livro “O Narrador”, de Mario Vargas Llosa, uma história cativante com narrativa intrincada que justapõe a voz do narrador com capítulos relacionados à mitologia indígena peruana. “O Narrador” contém todos os elementos de um romance clássico, premiado: uma luta pessoal profunda e uma busca pelo sentido e verdade encontrada ao longo da trajetória de uma viagem de descobertas transformadoras. A história sugere muitos dos temas fundamentais nesta exposição e também capta a singularidade e originalidade para contar histórias de muitos dos artistas apresentados. Assim como Mario Vargas Llosa nos guia por entre um mundo mítico e mágico com seu relato poético de um contador de história, os artistas incluídos nesta exposição são contadores de histórias que captam nossa imaginação com suas interpretações de algumas das maiores histórias escritas até hoje. Como qualquer história, as narrativas são intrincadas e inter-relacionadas, às vezes se superpondo, entrando e saindo do tempo e do lugar, são ricas de metáforas e simbolismo, e transmitidas com uma força e convicção inequívocas. Algumas das narrativas fundamentais evoluem de viagens pessoais, outras têm uma abordagem mais analítica ou teórica, mas todas as obras contam histórias tanto pessoais quanto universais. O fio de ouro que ata esses trabalhos é tipicamente tecido de narrativas literárias preexistentes, encontradas em épicos universais, que são indiscutivelmente transformados de modo singular em novas histórias.

 

 

 

Sobre o MAC Niterói

 

Símbolo da cidade, patrimônio nacional e considerado uma das maravilhas arquitetônicas do mundo, o Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC Niterói) – está sendo reaberto oficialmente depois de passar por um inédito conjunto de obras. Os visitantes vão encontrar um museu mais sustentável e com inovações. A reabertura do MAC marca também o lançamento do programa “MAC+20″, com exposições que ressaltam a importância e potência histórica da Coleção MAC Sattamini e, simultaneamente, celebram novas perspectivas curatoriais, através de colaborações nacionais e internacionais.

 

 

Até 24 de julho.

Daniel Feingold no MON

08/jul

O Museu Oscar Niemeyer, MON, Curitiba, PR, exibe a exposição “Acaso Controlado”, do artista carioca Daniel Feingold. A mostra ocupa a Sala 2, com cerca de 40 obras, dentre fotografias e pinturas. Com curadoria da cientista social, historiadora e curadora de arte Vanda Klabin, a exposição se divide em quatro ambientes. No primeiro, serão apresentados três obras históricas, entre elas, o tríptico “Grid# 02”, que fez parte da Bienal do Mercosul, seguidas de outras duas obras da série “Espaço Empenado”, dando um caráter retrospectivo da carreira de Feingold. Nas salas seguintes serão apresentados quatro pinturas da série “Estrutura” e cinco pinturas da série “Yahweh”.

 

Fechando a exposição, serão apresentadas 32 fotografias da série "Homenagem ao Retângulo", feitas no Jardin des Plantes, em Paris. “A fotografia para Feingold é um modo de apreensão do real e o eixo condutor do seu aparelho sensível e perceptivo”, comenta a curadora.

 
A série negra, que o artista chama de Yahweh (Javé) leva o nome do Deus judaico do Antigo Testamento e é composta por telas pintadas em preto sobre branco, na posição vertical e, depois, unidas na horizontal, formando dípticos de grandes dimensões. Essa série marca um novo ciclo de trabalhos do artista.

 

Serão apresentadas ainda quatro pinturas medindo até dois metros e oitenta cada, da série “Estrutura”, são dípticos, em esmalte sintético, cada um com uma paleta reduzida de cores, enfatizando as questões: estrutura, plano e cromatismo. Pinturas de grande formato através do qual o espaço bidimensional da tela interage incisivamente com o observador.

 

A série fotográfica nomeada “Homenagem ao Retângulo” é composta por 32 imagens. As fotografias dessa série são abstrações geométricas feitas a partir de troncos de árvores secas do Jardin des Plantes, que o artista descreve como uma maneira de reestruturar o espaço, contradizendo a situação arquitetônica.

 

Processo de criação Daniel Feingold trabalha com esmalte sintético escorrido, e a pintura acontece neste processo, quando a geometria organiza o olhar na apreensão do movimento dos planos. A articulação da grade geométrica é atingida pela fluência do esmalte sintético escorrendo na tela sem que o artista interfira no seu movimento. O controle surge pela combinação da espessura da tinta com a precisão obtida pelo ritmo e quantidade despejada. Não há fitas separando os  campos de cor, não há pincel, rolo ou espátula. Feingold revela o seu enfrentamento direto com a pintura por meio da execução de unidades de grande escala. A exuberância da matéria combina um sistema pictórico com conceitos críticos, com o repensar a arte, seus limites, suas inquietações. O seu trabalho pulsa, irradia-se para as bordas e margens em formas ondulantes, fluidas, sempre materializando um novo gesto.

 

Sobre o artista

 

Nascido no Rio de Janeiro, em 1954, formou-se em Arquitetura na FAUSS, RJ 1983. Estudou História da Arte e Filosofia com o crítico de arte Ronaldo Brito, UNIRIO/PUC 1988-1992; Teoria da Arte & Pintura e Núcleo de Aprofundamento, EAV Parque Lage, RJ 1988-1991; Mestrado no Pratt Institute, NY 1997. O artista tem como trajetória exposições no Museu de Arte Moderna (MAM-RJ), 5° Bienal Mercosul e agora mostra suas obras no Museu Oscar Niemeyer.

 

 

Até 25 de setembro.

Arte contemporânea da Europa

07/jul

A exposição “Fora da ordem – Obras da Coleção Helga de Alvear” apresenta 137 trabalhos quase todos inéditos no Brasil. A Coleção Helga de Alvear é hoje um dos mais importantes acervos de arte contemporânea da Europa, com base em Cáceres, na Espanha. Obras reunidas pela colecionadora alemã poderão ser vistas na Pinacoteca de São Paulo, Praça da Luz, Bom Retiro, São Paulo, SP. A mostra, denominada “Fora da ordem – Obras da Coleção Helga de Alvear”, patrocinada pelo Banco Bradesco, ficará no primeiro andar do museu com pinturas, esculturas, vídeos, instalações, desenhos e gravuras realizadas a partir da década de 1930, com ênfase na produção de meados da década de 1960 até os dias de hoje. A grande maioria dos trabalhos é inédita no Brasil e alguns artistas serão apresentados pela primeira vez no País.

 

As peças representam a obra de quase 70 artistas, incluindo nomes influentes da arte moderna, como Wassily Kandinsky, Marcel Duchamp e Josef Albers; artistas relacionados a algumas das principais vertentes do pós-guerra norte-americano, como Donald Judd, Dan Flavin, Bruce Nauman e Gordon Matta-Clark; importantes autores da produção contemporânea, a exemplo de Gerhard Richter, Cindy Sherman, Franz West, Jeff Wall e Thomas Ruff; e outros que começaram a sua trajetória nos últimos 30 anos, como Francis Alÿs, Pierre Huyghe, Mark Leckey, Martin Creed, Marcel Dzama e Chen Wei. Os brasileiros Jac Leirner, Iran do Espírito Santo e José Damasceno também participam da exposição.

 

Segundo os curadores – Ivo Mesquita, ex-diretor técnico da Pinacoteca, e José Augusto Ribeiro, do Núcleo de Pesquisa em História e Crítica de Arte – a mostra privilegia e justapõe duas vertentes de trabalhos predominantes na coleção, mas que normalmente são vistas como antagônicas na história da arte. “De um lado, obras de inclinação surrealista, com alta voltagem imaginativa, que sugerem situações fantasiosas. E de outro, peças de linguagem geométrica, com formas simples, seriais e autorreferentes, ligadas às vertentes construtivas, à pintura hard-edge, ao minimalismo norte-americano e a manifestações europeias do chamado pós-minimalismo”, explica Ivo Mesquita.

 

A intenção é marcar não só as diferenças entre essas duas vertentes, como apontar para pontos de conexão entre elas. “Fora da ordem” aponta para a intensidade enérgica de estruturas com lógica abstrata, frequentemente descritas como neutras, sóbrias ou discretas, e para o que há de cálculo, disciplina e construção em situações de contrassenso e absurdo”, complementa José Augusto Ribeiro.

 

Mais sobre Helga de Alvear

 

Nascida na Alemanha, em Kirn, em 1936, Helga de Alvear vive em Madri, na Espanha, desde 1957. Dez anos depois começa a formar sua coleção de arte.  A partir de 1980, começa sua atuação na Espanha, onde estimula a produção local e contribui para a criação da feira de arte Arco, em 1982. Já em 2006, cria o Centro de Artes Fundación Helga de Alvear, que contou com a contribuição do poder público da região espanhola de Extremadura. A instituição surge do compromisso de tornar pública a coleção da também galerista Helga de Alvear. Hoje, o acervo da fundação conta com cerca de 3 mil peças de linguagens, materialidades e conformações diversas, que variam, em dimensão física, da escala da mão à da arquitetura. Seus núcleos privilegiam os primórdios da fotografia na Europa, o minimalismo norte-americano e seus desdobramentos desde a década de 1970, a arte contemporânea espanhola, a fotografia alemã dos anos de 1980 e 1990, além de obras de dimensões grandes, especialmente ambientes e instalações desde 1990 aos dias atuais, e de outras comissionadas pela própria Helga de Alvear.

 

Até 26 de setembro.

Carlos Scliar em panorâmica

06/jul

A Caixa Cultural Rio de Janeiro, Centro, inaugura, no dia 05 de julho, às 19h, a exposição "Carlos Scliar, da reflexão à criação", sob a curadoria de Marcus de Lontra Costa. Será apresentado um panorama da obra de Carlos Scliar, com cerca de 150 trabalhos, entre pinturas, gravuras e desenhos, realizados ao longo de mais de seis décadas. A mostra marca os 15 anos de falecimento do artista e é patrocinada pela Caixa Econômica  Federal e Governo Federal.

 

A curadoria buscou selecionar imagens em consonância com o espírito de Scliar, sintetizando uma vida inteira dedicada à construção de uma iconografia nacional. As obras expostas integram, num mesmo espaço, a participação política e social coletiva em defesa dos verdadeiros ideais democráticos, a pureza das pequenas histórias e a beleza contida nas coisas simples, nos objetos e vivências cotidianas do ser humano: bules, lamparinas, velas, frutos e flores, documentos, bilhetes, lembranças, saudades, desejos, memórias, resíduos, ruídos, sussurros, silêncios.

 

“Em qualquer técnica, em qualquer período de sua vida, Carlos Scliar é o artista do método e da métrica. A linha é o elemento que organiza a sua aventura artística; a partir dela, de seus vetores, ele constrói formas, acrescenta cores, desenvolve a sua poética particular. Para ele, o Brasil é assunto permanente: em busca das névoas do passado, encontrou-as (e se encontrou) entre as montanhas”, comenta o curador Marcus de Lontra Costa.

 

Na mostra serão exibidas desde as primeiras pinturas de Scliar, dos anos 1940, até sua produção dos anos 2000, passando pelas gravuras gaúchas dos anos de 1950, pela série “Território Ocupado” até chegar ao impressionante álbum “Redescoberta do Brasil”, obra final e definitiva de Carlos Scliar.

 

O projeto conta o apoio do Instituto Cultural Carlos Scliar e a produção da exposição está a cargo de Anderson Eleotério e Izabel Ferreira – ADUPLA Produção Cultural, que já realizou importantes publicações e exposições itinerantes pelo Brasil, como Farnese de Andrade, Athos Bulcão, Milton Dacosta, Miguel Angel Rios, Raymundo Colares, Carlos Scliar, Debret, Aluísio Carvão, Henri Matisse, Bruno Miguel, Teresa Serrano, Regina de Paula, Nazareno, entre outros.

 

 

 

Até 21 de agosto.